Quem Domina Meu Corpo

 

Aquela noite estava escura e fria. Normal. O que estava completa fora do normal era Lorena ainda não ter aparecido ou voltado atrás. Eu tentava de todas as maneiras não acreditar que ela tivesse mesmo ido embora. Torcia em pensamentos para aquilo fosse apenas pirraça de uma eterna garota mimada que ela sempre seria. Mas a cada segundo que se passava, era um segundo a mais que eu não sabia onde ela estava. Aquilo já estava desvirtuando todo o resquício de calma que existia em mim. Minhas mãos suavam e eu estava preferindo me calar do que explodir e quebrar tudo na minha frente. É, isso era exatamente o que eu queria fazer naquele exato segundo.

A luz do luar invadia aquele galpão pela janela que tinha seus vidros quebrados. Era a única luz que iluminava, mesmo que pouco, o ambiente. Ryan amarrava o pai da Lorena desmaiado sentado sobre uma cadeira de madeira velha enquanto eu analisava em silencio comprimindo toda raiva dentro de mim.

 

– Pode sair. – falei sério pro Ryan assim que ele ergueu o corpo mostrando que já havia acabado de amarrar o filho da puta.

– Justin, não mata o cara. – falou nervoso.

– Mete o pé. – falei impaciente sem encará-lo e ele bufou saindo e batendo a porta velha de madeira.

 

Caminhei lentamente tentando pensar em como eu conseguiria arrancar alguma informação desse babaca. Por mais que Lorena soubesse o escroto que seu pai era, ela jamais me perdoaria por matar ele, mas eu poderia garantir pra mim mesmo que matar eu não iria, mas ele iria sair com algumas marcas. Estava na minha vez de brincar. Quem era o fodão agora? Quem estava com as mãos atadas e desmaiado na minha frente? Quem? Ri torto pra mim mesmo pensando naquilo enquanto chegava bem próximo a ele. Olhei em volta procurando alguma coisa que fosse me servir, não queria quebrar o cara agora. Escutei o barulho de água pingando e encontrei uma bica mal fechada e um balde velho que recebia toda a água que gotejava. Perfeito. Guardei a arma na cintura e ergui o balde velho caminhando de volta pra perto dele. Derramei toda a água sobre sua cabeça e ele acordou assustado respirando forte.

 

– Filho da puta! – esbravejou notando que estava amarrado e eu sorri debochado. – Me solta! – gritou com seu rosto ensopado.

– Calma, coroa. Vamos conversar um pouco. – falei num tom debochado enquanto arrastava uma outra cadeira e colocava em frente da sua.

 

Sentei-me do lado ao contrário apoiando meu tronco no acento e ele me encarava com ódio.

 

– Não quero me tornar repetitivo, então vou perguntar pela última vez. – falei sério levantando um pouco a blusa e pegando a arma. – Onde a Lorena está? – perguntei firme.

– Eu não sei. – respondeu debochado. – Por que você não coloca todos os seus homens pra irem atrás dela? Aliás, faça melhor! Deixa-a em paz! – grito.

– Não preciso dos seus conselhos, coroa. – falei debochado. – Apenas preciso que você me diga onde ela está.

– Me solte e eu digo.

– Me fala e eu te solto. – dei de ombros.

– Quando eu me soltar daqui, dê adeus pra sua família. – falou com os dentes trincados.

– Olha... – falei soltando o ar de forma pesada e relaxando mais na cadeira. – Isso pode ser fácil ou difícil, só depende de você. – falei com um sorriso torto enquanto rodava a arma no dedo.

– Sinceramente, olhe pra você. Você não passa de um moleque. Eu não sei o que a Lorena viu em você. Você não é homem pra ela, alias, você não é homem, ponto final. – disse num tom debochado.

– Então você quer conversar sobre quem é homem e quem não é?! Perguntei irritado me levantando da cadeira com força e empurrando-a para longe.

 

Me aproximei dele engatilhando a arma enquanto encostava ela no meio de sua testa.

 

– Quem não é homem aqui? – gritei nervoso controlando meu dedo para não apertar o gatilho.

– Você acha que eu não sei o que você fez com a minha filha? Você acha que eu não sei tudo que seu pai fez pra sua mãe? Você acha que eu não sei que você se escondia embaixo da cama pra não ouvir e nem ver seu pai batendo na sua mãe, seu moleque? Você acha que eu não sei que você se tornou um estúpido igual ao Jeremy? – perguntou rindo.

– Você não sabe nada sobre mim. – esbravejei entredentes com a arma ainda colada com o cano em sua testa;

– Sei o bastante pra não gostar de você. Sei o bastante pra saber que você é idêntico ao sujo do seu pai. – gritou.

 

Uma raiva possuiu meu corpo movimentando meus dedos fazendo com que eu apertasse o gatilho sem ao menos eu pensar, só tive tempo de abaixar um pouco a mão e mirar sua coxa e logo seu grito de dor invadiu o ambiente. Me afastei vendo aquela cena enquanto sentia meu coração bombear forte. Odiava ser comparado ao meu pai. Odiava aquilo com todas as minhas forças. O babaca curvava o corpo enquanto gritava alto de dor e de sua coxa escorria o sangue que sujava toda a sua perna. Como ele sabia tanto da minha família?

 

– Me mate. Ande! Você não é tão homem assim? Me mate, seu pirralho! – gritou nervoso e as veias de seu pescoço saltavam.

– Como você sabe da minha família? – perguntei sério e firme ignorando tudo que ele tinha falado.

 

 

– Você acha que toda a vizinhança não sabia os motivos das marcas de sua mãe? Você estudou do mesmo colégio que minha filha desde sempre, as notícias correm. – disse desdenhando, falando da minha vida como se tudo aquilo fosse uma piada. Desgraçado. – Mas olha, - disse chamando minha atenção. – Eu entendo, tem mulher que gosta de apanhar. – falou concluindo com uma gargalhada sarcástica.

 

Senti o sangue correr quente nas minhas veias quando percebi seu tom de voz se referindo a minha mãe com tanto escárnio. Fechei o punho livre e ergui a arma pra ele me aproximando mais ainda.

 

– Você não tem medo de morrer? – perguntei sério.

– Tenho medo de morrer sem caráter e digamos que esse é o papel dos Biebers. – deu de ombros.

– Não me compare ao meu pai. – gritei.

– Não estou fazendo nenhuma comparação. Apenas sei que você quase matou minha filha. Ninguém precisa te comparar ao Jeremy, moleque. Você se tornou ele. – gritou com raiva.

 

Larguei minha mão livre em sua cara depositando um soco forte em seu maxilar e seu rosto virou com o impacto. Sentia meu peito fazer o movimento rápido da respiração e meu corpo estava cada segundo mais quente, cada segundo mais explodindo em raiva.

 

– Quer saber? Você nunca achará a Lorena. – disse virando seu rosto devagar pra mim.

– Como você tem tanta certeza? – gritei sentindo o ódio possuir minha voz e juntei as mãos na arma sentindo o nervoso me deixar trêmulo.

– Porque você não vai aguentar vê-la sendo feliz com outro. – sorriu fraco me encarando.

– Ela não está feliz.

– Digamos que ela pelo menos terá que fingir muito bem que está feliz. – deu de ombros.

– Por quê? – perguntei com o cenho franzido.

– Por quê? – repetiu irônico. – Porque ela está esperando um filho dele. – concluiu com um semblante satisfeito.

– Mentira! – gritei com ódio. – Eu sei por que ela fugiu e não é por causa disso. – conclui tentando colocar os pensamentos em ordem.

– Não, filho. – disse superior. – Você sabe o que ela deixou você saber. Você acreditou apenas no que ela quis que vocês acreditassem. – concluiu me olhando com a cabeça um pouco baixa e seus olhos demoníacos.

– Você está blefando. – falei firme.

– Entendo, é mais fácil se iludir com a mentira do que encarar a verdade.

– Você acha que está me colocando medo? Eu sei que Lorena jamais engravidaria dele.

– Às vezes cometemos algumas loucuras pra esquecer um grande amor. – disse com um sorriso idiota.

– Chega! – gritei me aproximando dele. Suas palavras estavam rondando em minha mente.

 

Me aproximei engatilhando a arma e voltando a mirar em sua cabeça.

 

– Diga logo onde ela está porque você não vai sair vivo daqui de qualquer maneira.

– Então me mate, me mate e depois se explique pra polícia. – sorriu.

– Você acha que eu não tenho grana o suficiente pra manter todos calados? Principalmente esses corruptos? – gritei encostando mais ainda a arma em sua testa.

– O preço pela sua cabeça vale muito mais do que qualquer grana que você ofereça. Se começarem a te investigar, não vão gostar do que vão achar.

– Eu não tenho medo de você, eu não tenho medo de ninguém. – gritei.

– Pois deveria, atrás das grades você pode ter certeza que Lorena não esta. Procurar ela por lá não te levará a nada. – disse debochado.

– Tá pra nascer o cara que vai me colocar em cana.

– Eu já nasci, Bieber.

– E o que você pode fazer com suas mãos amarradas a não ser implorar pela sua vida? – falei com os dentes trincados passando o cano por todo o seu maxilar.

– Se me matar nunca saberá onde Lorena está e se me manter vivo vai em cana. O que é mais importante pra você? – perguntou com um sorriso vitorioso.

 

Não quis pensar. Lorena nunca me perdoaria por aquilo, mas tudo bem seria apenas mais uma coisa que ela não iria perdoar. Se tudo que ele estava falando fosse verdade, então eu não ia me preocupar se ela nunca me perdoasse, mas eu não podia correr o risco de ser investigado e preso. Não mesmo! Meu impulso foi muito mais rápido do que qualquer reflexão e em questão de segundos levei minha arma até sua testa e atirei estourando seus miolos. Com o impacto, sua cabeça tombou pra trás com força e o sangue espirrou por toda a parede que pegava sua direção.

 

– Eu posso achar Lorena sozinho, otário. – falei assim que o barulho do tiro parou de ecoar no ambiente vazio.

– Justin? – Ryan gritou abrindo a porta e eu virei minha cabeça pra sua direção. – O que você fez? Caralho, você tá maluco? – gritou se aproximando e me pegando pela blusa.

– Dá um jeito de esconder isso. Aliás... pede pra um dos capangas colocarem fogo e depois virem arrancar os dentes que vão sobrar e sumirem com eles. – falei sem dar uma atenção enquanto guardava a arma.

– Você está completamente louco. – Ryan disse negando com a cabeça.

– Não foi você que perdeu sua mulher! – gritei me aproximando e o pegando pela blusa. – Não é você que não tem a mínima ideia de onde seus filhos estão! Muito fácil julgar quando não é a sua mulher que fugiu com o próprio cara que tentou te matar! – gritei concluindo e empurrei seu corpo com força pra trás.

– Se desesperar não vai adiantar, porra! Muito menos matar todo mundo que aparecer na sua frente! – gritou me encarando.

– Você acabou de chegar nessa vida. Você não tem absolutamente nada pra me ensinar, você não sabe que a cada passo que você dá tem um filho da puta esperando você cair pra pisar em cima!

– Você não é assim, Justin! Você não é um matador, você não é igual a eles! – gritou tentando me trazer de volta ao centro, mas eu já estava muito longe. Minha raiva já estava muito acima do limite, meu desespero já havia tomado todos os meus sentidos.

– Eu sou o que for preciso que eu seja pra encontrar a Lorena. – falei firme e encarando sério os seus olhos e por alguns segundos ele retribuiu meu olhar com ira e então me virei saindo pela porta.

 

*OUVIR DARK SIDE – KELLY CLARKSON*

 

“Há um lugar que eu conheço, não é muito bonito lá e poucos viram. Se eu mostrasse-o agora, isso faria você fugir? Ou você vai ficar? Mesmo que doa, mesmo se eu tentar te afastar, você voltará para me lembrar de quem realmente sou? Por favor, lembre-me quem sou eu.”

 

 

Andei pisando forte até meu carro e entrei colocando a arma no banco do carona. Liguei o motor sentindo a raiva me fazer apertar o volante. Troquei as marchas dando ré e saindo daquele beco e caindo na estrada escura. Estava desesperado, como se dentro de mim algo já me dissesse que eu não ia encontrar a Lorena. Meus capangas eram bons e eles até agora não haviam achado nada. Pra piorar tudo, meu pensamento rondava nas palavras daquele babaca dizendo que ela estava grávida. Eu não podia acreditar naquilo, mas mesmo assim meus pensamentos estavam me levando até aquela afirmação. Não estava fácil colocar na minha cabeça que eu havia perdido Lorena de novo, aliás, eu nunca me acostumaria com essa ideia. Ela era minha, somente minha. Eu não sei por que, mas dessa vez ela estava demorando muito pra voltar pra mim e aquilo não podia ser o fim. Seria o fim apenas quando eu dissesse que era o fim. Quando fui que perdi o controle da nossa situação? Quando foi que ela ficou por cima? Passei a mão no olho direito com força impedindo que aquela lágrima insistente que ardia em meus olhos caísse. Não era hora pra ser moleque amedrontado. Não era hora de fraquejar.

 

“Todo mundo tem um lado obscuro. Você me ama? Você pode amar o meu? Ninguém é uma imagem perfeita, mas nós valemos a pena. Você sabe que valemos. Você vai me amar? Mesmo com o meu lado obscuro?”

 

A estrada estava escura e silenciosa. Apenas meu motor fazia barulho. As árvores passavam correndo pela minha janela e eu apenas queria chegar em algum lugar onde eu pudesse explodir. Apenas queria cair em algum penhasco e acordar em outra vida, amando outra mulher, tendo outros pais, outros medos, outras situações. Estava foda de suportar tudo que minha vida havia se tornado. Estava foda refletir e me pegar correndo atrás de uma vadia que me abandonou pra se deitar com um traidor como o Somers. Quem eu era? O que eu havia me tornado por ela? O que ela fez com toda a minha sanidade? O que ela havia feito com meu lado ruim? Virei um homem bom por ela pra ela apenas colocar seu salto sobre minha cabeça. Não valia a pena ser bom, não valia a pena se esforçar pra ser alguém melhor se no final a porra da mulher que você ama foge com seu inimigo e ainda leva seus filhos.

 

– Vadia! – soquei o volante com raiva.

 

Aquilo era covarde, mas era minha única saída. Ninguém estava se importando com porra nenhuma na minha vida. Eu era apenas um vacilão que havia tentado matar a própria mulher. Ninguém estava preocupado em saber os meus motivos. Talvez eu deva me deixar convencer de que de fato eu sou um cara ruim, talvez eu deva vestir e aceitar essa imagem. Me encarei no retrovisor vendo minha expressão cansada e meus olhos vermelhos. Quem era esse? As lágrimas ardiam querendo descer e eu me sentia um filho da puta fraco. Foda-se. Eu não devia mais satisfação a ninguém. Estava sem a mulher que eu amo, sem meus filhos. Não precisava andar na linha.

 

“Como um diamante do pó negro, é difícil saber o que ele pode se tornar se você desistir. Então, não desista de mim. Por favor, lembre-me quem realmente sou.”

 

 

Atravessei o portão que foi aberto para mim e estacionei o carro em frente a minha casa e um capanga se aproximou pegando a chave no ar que eu taquei pra ele. Abri a porta e a casa estava em silencio. Fechei a porta devagar e minha mãe surgiu vindo da cozinha.

 

– Está tudo bem? – perguntou se aproximando com uma cara desconfiada e um copo de água entre as mãos.

– Cindy já chegou? – perguntei sem encará-la ignorando sua pergunta.

– Está no quarto. – disse calmamente levando seu copo até a boca. – Coloquei ela pra dormir no quarto da Lo... – parou de falar e me olhou séria. – No antigo quarto da sua irmã. – se consertou.

– E a Kimberly? – perguntei com a voz cansada.

– Disse que ia deitar com ela até ela dormir. – deu de ombros.

 

Assenti sem encará-la me retirando da sala e indo em direção ao meu escritório.

 

– Justin. – ela gritou da sala e eu me virei calmamente já com a mão na maçaneta pra entrar no escritório.

 

Balancei a cabeça para que ela prosseguisse com o que ela queria falar.

 

– O que houve? – se aproximou calmamente colocando o copo em cima da mesinha de centro. – Acha que não conheço essa sua cara? O que há de errado? – concluiu já bem próximo a mim e eu soltei a maçaneta virando em sua direção.

 

 

– Muito difícil essa pergunta, por que não me pergunta o que está certo? – respondi com o sorriso fraco tentando disfarçar o quanto meu coração estava esmagado em meu peito.

– Drama não combina com você. – disse com uma mão no queixo como se me analisasse.

– Faz bem testar outras tendências, viver levando no cu não é vida pra ninguém. – dei de ombros tentando manter o tom engraçado.

– É difícil? – perguntou ainda me analisando.

– O que? – perguntei confuso.

– Fingir que está tudo bem quando seus olhos estão tristes? – perguntou colocando uma mão em minha bochecha.

 

“Todo mundo tem um lado obscuro. Você me ama? Você pode amar o meu? Ninguém é uma imagem perfeita, mas nós valemos a pena. Você sabe que valemos. Você vai me amar? Mesmo com o meu lado obscuro?”

 

Ri fraco sentindo o choro coçar o meu nariz e abaixei minha cabeça um pouco envergonhado pela lágrima que escorria. Senti os braços de a minha mãe rodearem minha cintura em um abraço e eu a abracei apoiando meu queixo em sua cabeça.

 

– Quando você era pequeno você me dizia que um dia ia fazer o mundo conhecer o seu nome. – disse. – Eu não duvido da sua capacidade, mas faça que os outros se lembrem de algo bom. Você é um homem bom, Justin. Não se esconda atrás das suas mágoas. – disse um pouco abafado e as lágrimas escorriam em meu rosto me deixando cada vez mais fraco. – Não se perca, não deixe que ninguém te convença de que você é menos do que você realmente é.

– Eu só queria a Lorena e meus filhos, só isso. – falei me afastando e ela me encarou.

– Às vezes temos que deixar que nosso amor vá para que ele volte.

– Não posso nem pensar que ela foi como se isso fosse certo, isso é apenas uma hipótese.

– Me dói não ter meus netos. Estou tão destruída quanto você. – falou triste.

– Então como quer que eu continue o mesmo? Como você quer que a mágoa não me consuma?

– Tenha fé. – disse com os olhos marejados.

– Não posso ter fé se não tenho a Lorena. – dei de ombros.

 

“Não fuja, não fuja. Apenas diga-me que você ficará. Prometa-me que você vai ficar. Não fuja, não fuja. Só me prometa que você vai ficar, prometa-me que vai ficar. Você vai me amar?”

 

– Filho, olha pra mim. – disse segurando o meu queixo. – Não se perca. – disse e eu virei meu rosto me livrando de suas mãos e assentindo.

 

Me virei e entrei em meu escritório trancando a porta. Meu corpo respondia com fracasso a todo aquele choro e ao mesmo tempo eu estava com ódio por estar chorando mais uma vez por ela. Filha da puta! Me arrastei até a mesa e me joguei na cadeira. Estava foda de segurar. Parecia uma cachoeira sendo impedida por uma pedra de descer. A água batia forte como minhas lágrimas em meus olhos, até que a pedra cedeu e a água da cachoeira foi jorrada assim como o meu choro. Levei as mãos aos olhos secando cada lágrima que escorria como se pudesse lutar contra aquilo, como se aquele ato cortasse cada sofrimento que descia, como se eu pudesse tirar todo aquele gosto amargo da minha vida. Tinha que me focar apenas no que restava no meu presente, como se Lorena já fizesse parte do meu passado. Poderia ao menos tentar me enganar. Relaxei na cadeira tentando sanar o choro e Cindy surgiu na minha mente. Precisava vê-la, precisava tocá-la e sentir que fiz diferença pelo menos na vida de uma pessoa. Precisava me certificar de que eu era importante ainda pra alguém. Me levantei subitamente e a fui até a porta destrancando-a. Subi os degraus com rapidez e cheguei até o corredor que dava acesso aos quartos. Mirei a porta do antigo quarto da Lorena e aquilo me deu um sentimento ruim, mas que logo foi desfeito quando abri a porta e vi minha princesa dormindo calmamente e sua respiração me mostrava um pequeno e principal detalhe de que ela estava viva graças a mim.

 

“Todo mundo tem um lado obscuro. Você me ama? Você pode amar o meu? Ninguém é uma imagem perfeita, mas nós valemos a pena. Você sabe que valemos. Você vai me amar? Mesmo com o meu lado obscuro?”

 

Corri até ela sentindo meus lábios sorrirem involuntariamente. Me agachei perto de sua cama e passei os dedos em sua franja. Ela estava agarrada a sua boneca preferida.

 

– Ela é a mi irmã, papai? – disse baixinho abrindo um pequeno sorriso.

– É, sua irmã caçula e aquele ali tentando colocar o boné na boca é o seu irmão. – falei observando a cena do Chuck, agora, estava com o boné nas mãos. Enquanto Ryan continuava inquieto tentando colocar as peças no lugar

– Olha, mamãe. – disse espevitada chamando a atenção da Kimberly. – Eu tenho dois irmãos! – sorriu.

 

Meu coração apertou mais ainda lembrando desse momento. Mal sabia que agora eu só tinha ela. Fiquei ali acariciando sua testa por alguns minutos e tentando me focar apenas na sua recuperação. Mas meus pensamentos iam até Lorena sem ao menos eu caminhar até eles. Sempre escutei uma expressão “carregar a pessoa na nuca” e eu sabia o que significava isso. Você pode fazer mil coisas, você pode ler um livro, você pode pensar em outra coisa, você pode comer, assistir um filme, mas a pessoa sempre ficará ali no “papel de parede” depois seus pensamentos. Você sempre sentirá que mesmo que você se foque em outra coisa, sempre você estará pensando nela.

Me levantei ainda fraco e caminhei até a porta deixando minha pequena dormir em paz. Fechei a porta devagar sem fazer barulho e fui até meu quarto. Sentei na cama sentindo meu corpo pesar e comecei a tirar meus supras. Precisa de um banho, precisava dormir. Pelo menos dormindo eu não me lembrava da merda que minha vida estava. Tirei minha regata branca e cocei meu peito de leve enquanto encarava o chão com o olhar perdido. Se ela me amasse, não teria sido tão fácil pra ela ir embora. Se ela me amasse, ela estaria aqui agora. Sentia as lágrimas marejando meus olhos outra vez e balancei a cabeça tentando sair do torpor. Peguei impulso pra me levantar da cama e já comecei a desabotoar a calça e a arria-la ficando apenas com a boxer cinza.

 

 

Deixei a roupa jogada no chão e andei em direção ao banheiro do meu quarto. Quando fui me aproximando, fui ouvindo o barulho do chuveiro. Forcei o cenho sem entender e empurrei a porta de leve vendo a sombra das curvas perfeitas de Kimberly na porta transparente do box. Houve uma urgência em meu corpo, como se eu tivesse a única oportunidade de me manter no controle, a única oportunidade me sentir bem, confiante. A única oportunidade de olhar pra alguém e saber que aquele alguém me queria também. A fumaça da água quente invadia o banheiro e eu já podia imaginar sua pele molhada. Passei a língua nos lábios e senti meu corpo implorar por ter alguém em minhas mãos. Podia ser carência, podia ser errado, mas a silhueta do seu corpo ali tão próximo de mim me deixou completamente sem escrúpulos. A proposito, quem poderia me impedir disso não estava mais aqui, não estava mais nos metros quadrados que eu podia alcançar. Quem poderia me impedir disso havia fugido pra ser feliz com outro cara. Tirei minha boxer com os olhos fixos em suas curvas e fiz o mínimo de barulho que eu pude. Fiquei completamente nu e já sentia o tesão despertar o meu corpo. Arrastei devagar a porta do box e o barulho do chuveiro ficou mais alto. Ela estava de costas pra mim e meus olhos foram direto em sua bunda perfeita. Parecia distraída enquanto tirava todo o shampoo do seu cabelo. Sorri fraco com aquilo. Ela era uma presa fácil passeando pelo território do seu predador. Num movimentos rápido, entrei no box fechando a porta e agarrei sua cintura por traz lhe dando um leve susto. Beijei seu pescoço de leve sentindo a água molhar nos dois. Sua bunda tocou meu membro o enrijecendo mais ainda. Kimberly virou um pouco sua cabeça com os olhos fechados gostando da sensação e eu apertei mais sua cintura.

 

– É tão típico seu me procurar quando tudo está errado. – falou com um sorriso fraco e seus olhos ainda fechados enquanto eu me deliciava com o seu pescoço molhado.

– Sei que você adora domar caras carentes. – sussurrei em seu ouvido.

– Carência não combina com você. – sorriu.

– Mas hoje posso deixar você me domar. – sussurrei outra vez vendo seu braço se arrepiar.

– Pra que? – se virou rodeando os braços em minha nuca e eu mantive as mãos em sua cintura. – Pra você me usar e voltar pra Lorena? – concluiu sacana.

– Há muitas mulheres querendo ser usadas por mim, fiquei feliz por eu escolher você. – dei um sorriso de canto e encarei seus lábios carnudos.

– Não preciso que você me escolha. – disse arrogante tirando seus braços de mim.

– Tudo bem. – dei de ombros abrindo a porta ameaçando sair do box e senti suas mãos me puxarem.

 

A encarei safado e ela desviou o olhar rindo também.

 

– Vale a pena ser burra quando a recompensa é tão excitante. – sussurrou em meu ouvido colando nossos corpos nus e a água ainda jorrava caindo sobre nossas peles.

– Se render a mim nunca será uma decisão burra. – sussurrei em seu ouvido depositando em seguida um beijo em seu ombro enquanto sentia suas mãos passearem pelo meu cabelo.

 

Uma risada saiu de sua boca por um suspiro e eu me arrepiei com aquilo tão próximo a minha orelha. Cada segundo sentia meu pênis se petrificar mais.

 

– Se render a você nunca será uma decisão esperta, mas eu já estou acostumada com as consequências. – falou fraco de um jeito sexy e o tesão já percorria por minha pele.

 

Afastei um pouco nossos corpos e encarei seus olhos sedentos assim com os meus. Segurei seu queixo e juntei nossos lábios. Suas mãos invadiam mais meu cabelo e nossas línguas se encontraram aumentando minha excitação. Tateei de olhos fechados sua coxa esquerda e a suspendi colocando sua perna presa a meu corpo. Sentia meu pênis bater em sua entrada e Kimberly arfou com nossos lábios ainda grudados. Segurei a base do meu pênis mirando sua entrada e mexi meu quadril pra frente invadindo lentamente a Kimberly que gemeu baixo com o meu toque e afastou nossos lábios pra começar a gemer enquanto eu começava o movimento de vai e vem. Segurei sua cintura com força enquanto forçava os movimentos e Kimberly fechou os olhos passando as unhas no azulejo do banheiro. Não queria que ninguém nos ouvisse, então segurei sua nuca puxando-a pra mim e selei nossos lábios para que nossos gemidos não saíssem tão alto. Seus braços abraçaram minhas costas e grudamos nossos corpos. Tentava ir o mais fundo que sua vagina liberasse para mim. Estávamos ofegantes e desgrudamos nossos lábios para nos recompor, mas não parei de penetrar ela. Mesmo que meus pensamentos estivessem em Lorena, eu estava percebendo que eu podia comer outra mulher sem me matar por aquilo. Aliás, Lorena, essa foda é pra você. Sorri safado me sentindo melhor com aquilo e saí de dentro da Kimberly virando seu corpo bruscamente de costas pra mim. Cheirei seu pescoço com força e forcei seu corpo a se curvar um pouco. Suas mãos ficaram espalmadas no azulejo enquanto ela empinava aquela bunda gostosa para mim. Safada. Mordi os lábios dando um tapa de leve em sua nádega. Kimberly gemeu de leve sorrindo safada e eu segurei meu pênis forçando na entrada na sua fenda. Invadi ela devagar sentindo o gemido rasgar sua garganta. Tampei sua boca com força e ela fechou os olhos forçando a testa. Se era prazer, se era dor, foda-se. Forcei mais até estar totalmente dentro dela e comecei o movimento de vai e vem. Sabia que ela gostava de gozar assim. Comecei a meter devagar para não machuca-la e liberei sua boca pra poder segurar sua cintura e forçar os movimentos. Já estava chegando ao meu limite, sentia que meu pênis estava perto de bombear. Kimberly reprimia todo o gemido alto que queria dar e soltava leves arfados. Suas pernas ficaram trêmulas e eu sabia que ela estava gozando. Perfeito! Meti mais algumas vezes até sentir seu corpo mole. Rodeei sua barriga para que ela não caísse e continuei os movimentos até sentir que não iria aguentar mais, saí de dentro dela e segurei seus braços forçando-a a ficar ajoelhada em direção ao meu pênis. Sua boca começou um boquete perfeito enquanto ela masturbava toda a extensão que ela não conseguia engolir. Soltei um gemido tombando minha cabeça pra traz e quando senti que ia finalmente gozar, segurei meu pênis tirando de sua boca e ela colocou a língua pra fora. Gozei sujando sua bochecha de porra. Arfei baixo sentindo a sensação de torpor invadir todo o meu corpo. Seus dedos molhados rodearam meu pênis e ela começou a sugar me dando leves espasmos. Minhas pernas bambeavam cada vez que sua língua tocava minha extremidade. Segurei seu ombro puxando-a para ficar em pé e passei o dedo em sua bochecha onde ainda estava meu líquido e o levei até sua boca. Sua boca carnuda rodeou meu dedo o limpando e eu ri pelo nariz achando aquilo sexy demais.

 

– Você pode amar ela, mas ninguém fode com você melhor do que eu. – disse perto do meu ouvido e eu segurei sua cintura apertando forte.

– Quem domina meu coração não é a mesma que domina o meu corpo. – sussurrei me rendendo a ela e ela sorriu de leve com aquilo.

– E eu ainda nem comecei. – disse desligando o chuveiro e abrindo a porta do box.

 

Olhei para ela sem entender, mas ainda sorrindo safado. Ela estendeu a mão para que eu acompanhasse e eu não tinha nada a perder.

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