A Única que Sabia o Meu Segredo

 

POV Kimberly

 

Impulso. Era isso que movia minhas pernas. Meu sangue corria quente em minhas veias. Ele seria o meu eterno arrependimento. O único que eu não conseguia negar, o único que simplesmente eu não conseguia dizer não. Com ele era sempre sim, sim, sim, sim, mesmo que disfarçado de não. Mesmo que eu fosse orgulhosa 24 horas por dia, era só ele surgir que eu me tornava uma boba ingênua guiada pelos seus olhos. Estacionei a moto em frente ao hospital, tirei a chave da moto e desci da mesma colocando as mãos no bolso do casaco de couro e olhando a entrada do hospital. Seria fácil. Era um dos mais caros hospitais da região e ficava quase 17 km de distancia da casa do Justin, mas cheguei rápido. Nada que uma moto não pudesse alcançar em questão de minutos. Ainda mais porque eu estava com sede de vingança e muita, muita pressa. Meu celular começou a tocar tirando minha atenção. Peguei o objeto sentindo uma preocupação no peito. Com todos os problemas que eu estava vivendo, qualquer telefonema eu já achava que era para me informar o pior. Mas, estranhamente, era o Justin.

 

– Alô. – atendi fingindo indiferença, mas a ligação dele havia mexido comigo. Ele nunca me ligava depois de uma discussão.

– Onde você está?

– Não interessa.

 

Ouvi sua língua estalando no céu da boca. Isso significava que ele estava calmo, senão estivesse já estaria aos berros.

 

– Volta pra cá. – pediu.

– Pra quê? Pra você continuar me usando? Não obrigada, estou bem aqui. – falei cínica.

– Achei que não ia precisar te explicar que logicamente eu ainda sinto alguma coisa pela Lorena. – falou partindo mais ainda meu coração. Fechei os olhos com força tentando não chorar. – Mas eu juro que estou fazendo de tudo pra te colocar no lugar dela.

– Faça-me rir, Justin! Eu falo com você, você não me ouve. Você não me olha nos olhos e sabe por que? Você nunca vai encontrar em mim o que você quer porque eu não sou a Lorena. Você nunca olhará mais nos meus olhos quando estivermos transando, porque eu não sou ela. Eu sei até a sua cara quando você está pensando nela.

– Eu estou fazendo tudo que posso. – falou entre um suspiro.

– Parece que não é o bastante.

 

Sua respiração ficou pesada e ele mais nada falou.

 

– Vou desligar. – falei torcendo pra que ele dissesse mais alguma coisa que me fizesse desistir de fazer o que eu estava prestes a fazer.

– Não, não desliga... escuta... desculpa, mas eu nunca vou esquecer a Lorena. Eu tentei colocar você num lugar onde eu nunca dei a oportunidade de você estar. Eu dei uma chance pro que vivemos no passado, mas isso não significou nada pra mim. Não o suficiente pra me fazer não pensar nela a noite. Mas não some, você tem me ajudado a não me sentir tão quebrado. – falou como se as palavras pesassem em sua garganta.

 

Reprimi os lábios sentindo meu coração se esmagar em meu peito. Minhas pernas bambearam e eu não acreditei que estava ouvindo aquilo. Eu já sabia de tudo, mas como era ruim ouvir! Como era ruim ouvir a verdade que você tenta mil vezes disfarçar na sua cabeça. As lágrimas caíram assim que eu dei a primeira piscada, não precisou de muito esforço. Parabéns, Justin! Mas uma vez você está quebrando meu coração. Parabéns, Kimberly! Mais uma vez você se deixou levar. Desliguei o telefone apertando o botão de cancelar a chamada até o visor apagar. Enfiei o celular no visor e caminhei secando as lágrimas com o antebraço. Algo tinha que manter Lorena longe do Justin e Alana tinha uma dívida comigo. Apenas uniria o útil ao muito, muito agrável.

 

 

Estava de noite, uma noite muito silenciosa por sinal. Apenas um entra e sai nos hospital, mas mesmo assim nada de muita urgência. Ninguém ali pra ser minha testemunha, e mesmo se tivesse não me interessava. Eu não estava armada, mas no meu estado de fúria, qualquer pedaço de pau viraria fatal naquela hora. Caminhei com pressa até a parte de trás do hospital. A fantástica entrada dos funcionários da limpeza. Abri a porta e uma senhora estava de costas pra mim. Avaliei rapidamente o ambiente. Sem câmeras, sem mais pessoas. Apenas, com rapidez, pus meu braço em volta de seu pescoço e enforquei-a até sentir seu corpo desmaiar. Nada que a matasse, mas dava tempo de fugir e entrar sem muitas preocupações. Corri em busca de uma escada. Eu já tinha estudado o lugar. Alana estava no quarto andar, só precisava achar o quarto. Achei a escada e comecei a subir todos os andares necessários. Já estava ofegante e louca, louca pra ver Alana estrebuchar. Por todas as vezes que ela ostentou Justin na minha frente, por todas as vezes que ela mentiu pro seu pai coisas ao meu respeito pra tentar me prejudicar pra que eu saísse do caminho dela, por todas as vezes que ela me chantageou por ser a única que sabia o meu segredo.

 

Flashback mode-on

 

Não, isso não podia estar acontecendo. Aquilo estava errado. Meu mundo havia caído naquele instante. Não podia ser verdade. Olhava pra aquilo em minhas mãos sem acreditar. Eu tinha que voltar pra reunião do Lúcio, pois logo sentiriam minha falta, mas eu estava estática olhando aquele objeto em minhas mãos que indicariam que meu futuro iria mudar completamente.

 

– Quem está aí? – ouvi a voz estridente da Alana. Eu tinha que saí daquela cabine do banheiro, mas eu não queria. – Tem alguém aqui? – ela insistiu.

 

Me recompus respirando fundo e limpei todas as lágrimas em meu rosto.

 

– E-eu. – falei com a voz falha dando descarga pra fingir que estava ali por um motivo normal.

– Hum, tá. – ouvi sua voz saindo com desdém. – Meu pai está procurando por você. – disse com seu jeito mimado.

 

Coloquei o objeto no bolso e respirei fundo abrindo a porta. Fui até o lavatório sem encará-la. Alana estava em pé com os braços cruzados e com um dos pés apoiado no salto da bota preta. Lavei o rosto para que não restasse nenhum vestígio de lágrima. Desliguei a torneira e peguei um papel enxugando meus olhos enquanto Alana ainda me fitava com um sorriso debochado nos lábios.

 

 

– Está tão preocupada. – falou do nada me dando um leve susto, pois meus pensamentos estavam longe. Tão longe que a presença dela ali nem estava me irritando como de costume.

 

Apenas ignorei sua voz e comecei a andar para sair da porta, onde justamente ela estava em pé impedindo a passagem.

 

– Pode me dar licença? – perguntei tentando segurar a raiva.

 

Ela me analisou com superioridade.

 

– Fique longe do Justin! – falou séria.

– Eu já disse que ele é todo e completamente seu. – falei entredentes.

– Você acha que eu não sei que você fica se oferecendo pra ele que nem uma vadia barata?

 

 

– Será que não é ele que me procura? – perguntei irônica encarando seus grande olhos azuis.

– Eu não acredito em você! Você é apenas uma infeliz apaixonada pelo homem dos outros. É tão difícil entender que ele me ama? E Que ele não te acha nada, nem mesmo atraente?

– Apenas me de licença, Alana! – falei fechando o punho.

 

Num movimento rápido ela se curvou pegando o objeto que estava no bolso da minha calça jeans. Certamente devia estar marcando. Tentei pegar de sua mão, mas mesmo que ela fosse cega, ela saberia o que era aquilo só pelo tato. Seus olhos ficaram grandes e ela ficou o objeto incrédula por alguns segundos enquanto eu sentia minha cabeça girar. Isso so podia ser a merda de um pesadelo idiota!

 

– Some! – ela gritou nervosa ainda segurando o objeto. – Some daqui! Se você não sumir, eu vou fazer de tudo pro meu pai matar você e ... isso! – disse com escárnio.

 

Tive medo, me senti acuada. Apenas senti meu coração apertar! Saí do banheiro batendo a porta. A sala de reunião ficava para o lado esquerdo. Apenas encarei a porta fechada e meu corpo seguiu na direção contrária até o pátio da casa do Lúcio. Corri pra minha moto subindo nela e fugi. Mas ela me achou aqui que precisou de mim e sabia que eu não ia recuar aos seus mandos já que ela guardava um segredo meu.

 

Flashback moden-off.

 

Respirei forte me lembrando de como ela simplesmente não se preocupou comigo e com o que eu passaria. Mas era muita idiotice da minha parte achar que aquela garota teria algum pingo de compaixão comigo. Ela merecia a morte por tudo que ela nem tem ideia do que passei. Por tudo que aguentei e sofri sozinha. Eu e o meu segredo.

Cheguei ao andar e estava vazio. Apenas o barulho de algumas televisões vindo de alguns quartos. Dia de sorte. No terceiro quarto que olhei meus olhos encontraram o que eu procurava. Estava ali o que havia sobrado da Alana. Estava toda enfaixada por causa das queimaduras. Boa parte de sua cabeça nem tinha mais cabelo. Deplorável, mas tão merecido! Entrei no quarto e seus olhos me fitaram. Sorri sentindo que com certeza aquele era o sorrido do diabo. Minha pele pegava fogo ardendo por vingança. Ela não falava, mas tentava gritar, se é que aquilo eu podia dizer que era um grito.

 

– Quietinha, Alaninha! – falei me aproximando enquanto ela se debatia na cama pedindo por socorro, mas ninguém podia ouvir sua tentava de dizer algo.

 

Ninguém podia ouvir uma pessoa que nem tinha mais pele, nem tinha mais vida. Apenas vegetava ali esperando a morte. Suas lágrimas começaram a descer.

 

– Acho que os seguranças chegaram a tempo de apagar o seu fogo, mas creio que isso não foi um favor. Olhe para você! Era melhor que tivesse morrido! – falei com um sorriso debochado tirando o lençol de cima do seu corpo e analisando sua carne branca e queimada. Ela gemia baixo, mas quase nenhum som saía de sua garganta. – Adeus, Alana! Você irá embora junto com nosso segredinho! – falei colocando as luvas que estavam no bolso da minha jaqueta cuidadosamente. Ela ainda gemia ainda se debatia. Ainda tentava fazer algo, mesmo que fosse mínimo.

 

Peguei o travesseiro que estava embaixo de sua cabeça com brutalidade e pressionei sobre meu rosto. Suas mãos faziam um mínimo movimento tentando se livrar de se sufocada, mas não estava adiantando. Forcei com força prendendo a respiração. Aquilo tinha que acabar logo! Vá! Some você dessa vez, idiota! De repente seu corpo ficou imóvel. Demorei um pouco pra tirar o travesseiro de seu rosto, mas o fiz depois tomando coragem. Verifiquei seus batimentos. Trabalho concluído com eficiência. Sorri passando a língua nos dentes e a cobri de volta com o lençol, só que dessa vez até a cabeça.

 

– Adeus, Alaninha. – sussurrei meio demoníaca e saí do quarto às pressas.

 

Fiz todo o caminho de volta descendo as escadas com rapidez. A mulher ainda estava lá desmaiada, ninguém havia notado sua falta, sorte a minha. Corri pulando o seu corpo e abrindo a porta. Olhei pros lados e não vi ninguém, apenas minha moto estacionada um pouco distante. Estava sem ar, mas ainda tinha que ir até ela. Corri mais ainda subindo na minha moto e voando dali.

 

***

Cheguei em casa jogando a chave na mesinha de centro! Minha mente girava, eu estava inquieta! Fui até a cozinha e abri a geladeira enchendo um copo de água. Bebi tudo de um gole só, estava elétrica com muita adrenalina no sangue. Meu celular começou a tocar, eu havia ligado o aparelho na esperança de ter alguma mensagem do Justin, mas nada. Deixei o copo na pia e corri pra sala. Podia ser ele. Podia ser ele arrependido. Peguei o celular analisando a palavra “Restrito” aparecendo no visor.

 

– Alô?

 

Uma risada rouca e pesada soou do outro lado. Conheceria aquela voz até surda.

 

– As notícias correm rápido, não? – perguntou com sua voz grossa.

– O que quer, Lúcio? – perguntei trêmula.

– Você matou minha filha! Adivinha o que quero? Sua cabeça. – disse sem importar muito com a morte, ele gostava mesmo é de jogar.

– Não sei o que você está falando. – menti tentando não mostrar que estava nervosa.

– Não minta pra mim, Kimberly. – disse meio debochado mas ainda sentia um tremor só e ouvir sua voz grossa e firme. Me calei. – Você a matou porque acha que ela é a única que sabia o seu segredo, mas adivinha? – fez uma pausa rápida para rir. – Eu também sei. – falou mudando o tom de voz.

 

Me arrepiei fitando o nada. Merda! O telefone foi desligado. Apenas peguei a chave sem pensar direito. Saí sem trancar a porta. O que eu mais tinha de valor não estava ali! Peguei a moto, precisava avisar o Justin! Precisava avisar que corríamos perigo! Precisava avisar que eu tinha fodido tudo!

 

POV Justin

 

Estava inquieto. Uma preocupação que não sabia com o que. Não era com a Kimberly, pois já discutimos outra vez e eu sabia que ela voltaria amanhã fingindo que nada havia acontecido. Apesar do seu telefone estar desligado, eu sabia que no dia seguinte ela agiria normal. Mas meu peito apertava. Sentia falta da Lorena. Sua ausência estava em casa canto dessa casa. A casa parecia até maior agora sem ela! Minhas lágrimas vinham junto com a raiva quando lembrava que ela estava com o Chaz. Era onde eu tirava forças para seguir sem pensar em procura-la, mas tinha noite que minha vontade gritava. Precisava de mais um beijo ou apenas de seu corpo perto do meu. Já tinha 2 horas que Kimberly havia saído. A carência estava batendo. Ryan tinha tirado a noite pra se resolver com a Fernanda! Merda, merda. Cérebro, não me deixa fazer isso, mas meu celular já estava na mão. Disquei seu número que ainda guardava na memória contrariando toda a minha razão. Coloquei na orelha querendo desligar no primeiro toque, mas agora já havia tocado. Seria muito idiota se eu desligasse. Talvez ela nem quisesse me aten...

 

– Alô? – sua voz soou docemente. Seu timbre prefeito que nunca encontrei em outra voz. Como era bom ouvi-la depois de tanto tempo.

– Lorena... – demorei para responder e ela se silenciou, mas ainda ouvia sua respiração.

 

Tentei dizer algo, mas de repente ouvi tiros. Muitos tiros. Me abaixei me escondendo do lado sofá e ouvi algumas janelas se espatifarem.

 

– Justin? Justin? – ouvi a voz de preocupação abafada da Lorena no telefone que estava caído no chão.

Tópico: A Única que Sabia o Meu Segredo

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karol drew | 09/08/2014

QUEM TEM QUE MORRER NESSA PORRA É A KIMBERLY ! -_-

VISH

Marii | 19/09/2013

Kimberly sua louca! JUSTIN VAI SALVAR A LORENA!

Itens: 1 - 2 de 2

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