Love The Way You Lie

 

POV Lorena

 

 

Na primeira página da nossa história o futuro parecia tão brilhante. Então, isso se tornou tão mal. Eu não sei por que ainda estou surpresa.

 

 

Meu coração doía como se eu estivesse com um corte vertical sobre meu peito. Como se a cada batida aquela dor ficasse mais aguda, mais forte, mais dolorosa, mais impossível de resistir. Me sentia tão pequena encolhida naquele sofá. Tão pequena diante do mundo de sofrimento que se apossava de mim. Eu tinha certeza que aquele era nosso fim. Justin saiu pela porta disposto a me esquecer, aquilo estava tão nítido em seus olhos. O magoei da pior forma: mentindo que meu coração não pertencia mais a ele.


 

Até os anjos têm seus planos perversos e você leva isso a novos extremos, mas você sempre será meu herói mesmo que você tenha perdido a cabeça.”

 

 

Parecia até que nosso namoro não tinha acontecido para dar certo. Sempre teria algo para nos separar. Talvez eu deva respeitar o destino que está sempre nos separando. Mas destino, por que nos uniu se iria nos separar? Justin, por que você consegue ser tudo que eu quero, mas ao mesmo tempo conseguiu se tornar tudo que me machuca?


 

Só vai ficar aí e me ver queimar? Mas tudo bem porque eu gosto do jeito que dói. Só vai ficar aí e me ouvir chorar? Mas está tudo bem, pois eu amo o jeito que você mente, eu amo o jeito que você mente.”

 

 

Em certos momentos eu apenas queria ignorar tudo que aconteceu, cada machucado, cada lembrança que cortava meu peito. Cada briga, cada ofensa. Eu simplesmente queria ignorá-las porque elas não eram suficientes para que eu esquecesse Justin. Mas isso não era certo. O certo seria seguir minha vida. Não posso me arriscar outra vez. Quantas chances já foram desperdiçadas entre Alana, Fabiana, Kimberly? Quantas?


“Agora há cascalho em nossas vozes. O vidro está quebrado por causa da briga. Nesse cabo de guerra, você sempre vai ganhar, mesmo quando eu estou certa. Porque você me alimenta com fábulas de sua mão, com palavras violentas e ameaças vazias e é doentio como todas essas batalhas são o que me mantém satisfeita.”


 

Não podia ser tão fraca a ponto de aguentar qualquer humilhação só para permanecer ao seu lado.


 

– Ai minha cabeça. – ouvi a voz do Chaz cortando meus pensamentos e olhei pra trás vendo ele esfregando a cabeça com cara de dor.

– Vou pegar gelo pra você. – falei fungando e limpando as lágrimas enquanto levantava do sofá. Mas assim que passei por ele, sua mão tocou meu braço me impedindo de andar.


"Só vai ficar aí e me ver queimar, mas tudo bem porque eu gosto do jeito que dói. Só vai ficar aí e me ouvir chorar, mas está tudo bem pois eu amo o jeito que você mente. Eu amo o jeito que você mente"


Nossos olhos se cruzaram e ele me analisava com a cara séria.


– Onde Justin tá? – perguntou fazendo meu coração doer ao ouvir seu nome.

– Foi embora. – falei fraco.

– Vocês voltaram?

– Estou com cara de que voltamos? – perguntei tentando colocar minha voz num tom de deboche.

– Sim. – disse dando de ombros.

– Chaz, eu estou mal. – revirei os olhos.

– E quem te disse que quando você está com ele você fica bem?


"Então, talvez eu sou uma masoquista. Eu tento correr mas eu não quero nunca ir. Até as paredes estão subindo na fumaça com todas as nossas memórias."


Olhei seus olhos como se tomasse uma surra de realidade. Ele estava certo. Quando eu ficava bem quando estava com o Justin? Eu tinha apenas que esquecê-lo e voltar a ser feliz. Eu tinha que dar uma chance a quem estava tentando me fazer feliz. As vezes o melhor a se fazer é aprender a gostar de quem gosta da gente. Justin era apenas um doente, sem escrúpulos, completamente atordoado e perdido na vida. Podia ser um bom pai, mas jamais seria um bom homem. Sempre reclamava de seu pai, mas não notara que havia se tornado uma cópia perfeita. Seus dedos tocaram minha clavícula enquanto meus pensamentos estavam longe. Como se eu não estivesse ali, Chaz juntou nossos lábios devagar, ainda com receio e eu apenas não me movi. Continuei intacta com meus pensamentos em Justin. Sua língua pediu passagem e eu apenas abri minha boca num impulso. Nem conseguia fechar os olhos. Justin ainda doía em meu coração e ainda gritava em minha cabeça. Mas se essa era minha chance de ser feliz, eu tinha que agarrar. Fechei os olhos com força limpando o Justin da minha memória e levei uma mão até a nuca do Chaz o beijando com fervor. Como se aquele beijo pudesse apagar tudo que eu vivi com o Justin. Suas mãos foram até minha cintura e nosso beijo tomou um ritmo e eu fui deixando me levar. Com o tempo Justin desocuparia meu coração. Bom, pelo menos eu poderia apenas me enganar ou sonhar com isso.


"Só vai ficar aí e me ver queimar, mas tudo bem porque eu gosto do jeito que dói. Só vai ficar aí e me ouvir chorar, mas está tudo bem pois eu amo o jeito que você mente. Eu amo o jeito que você mente"


 

POV Justin

 


Sai daquele lugar um pouco perdido, nem eu sabia qual o verdadeiro significado da minha existência. Pra falar a verdade não tinha significado se ela não estivesse por perto. Entrei no carro e sai cantando pneu. O volante trepidava em baixo de minhas mãos e um descuido perderia o controle do carro em alta velocidade rasgando pelas ruas. Mas quem se importaria? Quem ligaria? Eu estava desesperado, sem saber o que fazer sem saber pra onde ir eu só precisava fugir. Eu só queria fugir, mas era impossível fugir de mim mesmo. Quando já estava perdido, completamente longe da cidade, quando mais nenhum automóvel parecia seguir na mesma direção que eu decidi parar o carro. Decidi parar porque se eu continuasse iria fazer merda e antes de tudo tinha que pensa em meus filhos que ainda por incrível que pareça precisariam de mim. Parei o carro rente a um penhasco que eu costumava frequentar quando me via assim perdido sem rumo. O mesmo lugar que eu estive quando me desesperei por não encontrar Alana. Aqui eu podia ser eu mesmo, podia desabar que ninguém estaria me olhando ou me julgando. Saí do carro caminhando até um ponto onde eu avistava toda a cidade de cima.



Eu não podia dizer o motivo da minha dor, mas ter que partir doía mais do que esconder qualquer coisa dela. A sensação era como uma faca de aço em mina garganta me levando a ponta do desespero. Eu costumava a ter sempre quando eu quisesse e agora estava aprendendo a lidar com a separação. Estava completamente perdido na vida, não sabia exatamente qual rumo tomar, mas sei que o único rumo que preciso é Lorena. Peguei um monte de terra e arremessei longe descontando minha raiva. Estava bêbado de ódio, completamente cego. Aquelas apunhaladas me atingiam com força e eu estava vulnerável, querendo me manter em pé forte. Eu precisava ser forte. Eu tinha que ser forte. “Dá próxima vez”. Não terá próxima vez, Justin. Lorena não te ama como antes. Minha consciência brigava me levando a beira da loucura. As palavras dela ecoavam em minha mente e corriam em meu corpo como veneno, chegando a um lugar que me destruía. Lembrar tudo o que ela havia dito era como um rádio arranhando um disco sem parar. Um barulho ensurdecedor que eu era incapaz de sanar. É como se estivesse fumando tinta quanto mais eu sofro mais eu a amo, quanto mais o errado parece certo mais meu corpo necessita dela. O fato de pensar que ela tem outro me deixa pior ainda. Eu coloquei as mãos neles eu deveria ter matado Somers quando tive tempo eu deveria ter acabado com ele, porque agora ele roubou o que eu tinha de mais importante na vida. Eu me sufoco, como se meu corpo estivesse em queda livre e não houvesse nada que amortecesse minha queda. Caralho a mulher que amo me odeia e eu tenho cem por cento de culpado.



– Quero casar com você.

– Eu também quero. – sorriu

– Eu tô falando sério, Lorena. – insisti revirando os olhos.

– Eu também, Justin. – falou entre uma risada

– Eu tô perguntando se você quer casar comigo.

– Eu já disse que que... peraí... Isso foi um pedido de casamento? – perguntou incrédula com aquele seu sorriso sem graça mais lindo.

– Não pareceu um pedido?

Sorriu beijando os meus lábios com força como se agradecesse um presente.

– Lógico que eu quero. – falando me dando mais uma vez aquele sorriso incrível.

 

 

As lembranças vinham insistentes marejando meus olhos. Como deixei algo tão precioso escapar?


Lá vinha ela descendo as escadas. Todos pararam para olhar meu mundo. A mulher mais perfeita vinha descendo degrau por degrau enquanto sorria pra cada um a procura do meu rosto. Aquele vestido branco apenas agitava meu coração ao lembrar que em breve estaríamos nos casamento. Essa era apenas a festa de noivado, mas em breve ela teria meu nome.

 

 

Lembrei da festa de noivado e uma lágrima desceu molhando minha bochecha. Um dia tão perfeito que Chaz conseguiu estragar. Era tudo que ele queria. Como Lorena não percebia o quanto esse idiota era cruel? Mas agora nada importava. Parecia que nada que eu falasse, Lorena elevava. Como se eu não existisse. Como se eu não estivesse vivo. Como se eu fosse apenas um espírito preso a terra a vendo ser feliz com outro. Lembrei do seu corpo sobre minhas mãos enquanto eu apertava seu pescoço com ódio. Como se eu pudesse descontar nela toda a raiva da minha vida. Me odiava por aquilo.


– É preferível você abandonar sua família simplesmente por saber que você não é bom suficiente pra ela, do que permanecer aqui e tentar matar sua própria mulher... tentar matar sua própria mulher... tentar matar sua própria mulher... tentar matar sua própria mulher....

 

 

A frase de meu pai veio em minha cabeça e a última frase ficou se repetindo lentamente. Levei as mãos à cabeça tampando meus ouvidos, mas ela continuava em minha cabeça. Tudo o que vivemos passavam como flashes em minha mente, aquilo me chicoteava me mostrando o que eu havia perdido. A dor do passado se manifestava de forma brutal e aquilo era pior do que eu pensava quando escutava pessoas dizendo que estavam sofrendo de amor. Era isso mesmo? Eu Justin Drew Bieber estava sofrendo de amor? Por que tinha que ser ela? Por que logo ela? Eu sempre tive a mulher que quisesse aos meus pés e agora vejo minha vida sendo desgraçada por uma. Achei que ela pudesse voltar pra mim, mas me enganei.

Meu telefone começou a tocar em meu bolso, mas nem aquilo não estava me tirando do meu torpor. Analisava tudo sem cor, tudo sem vida. Como seria minha vida sem Lorena? Apenas um silêncio respondendo minha pergunta. Existiria vida sem Lorena? Em míseros intervalos de tempo meu celular tocou de novo e eu peguei do bolso vendo "Kimberly" no visor. Aquela era minha resposta? Bom, pelo menos alguém se preocupava comigo, alguém que realmente estava precisando de mim.


– Alô? - falei quase sem voz.

– Peraí rapidinho vou passar pra ela... toma, filha... Papai, é a Cindy. Vem lodo. Cade minha muneca?


Aquilo me fez sorrir fraco. A voz da minha princesinha tão indefesa do outro lado da linha. Meus filhos mal sabiam o idiota do pai que eles tinham. Mas mesmo assim, eu ainda podia ser o herói da Cindy.

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