Boa noite, amor

 

POV Lorena

 

Aquele dia passou mais lento do que eu esperava. Fiquei com a noite anterior martelando na minha cabeça a todo instante. Lembrava do seu toque leve sobre minha pele, seus olhos perdidos nos meus e eu simplesmente me rendi. Céus, isso era tão tão errado, mas tão bom. Queria tanto sentir raiva, queria tanto que ele não tivesse aquele sorriso que me tirava o fôlego! Mas era impossível! Nem com muita força de vontade eu poderia conseguir viver sem ele porque isso não era questão de costume simplesmente. Eu amo o Justin com uma intensidade tão grande que parecia uma estrada sem fim. Um pouco esburacada me causando acidentes, mas ainda assim sem fim. Abri os olhos e, como eu já esperava, Justin não estava mais deitado do meu lado na cama. Suspirei alto ao lembrar da noite anterior. Um sorriso bobo brotou em meus lábios, mas logo foi desfeito quando lembrei que hoje ele iria invadir a casa de Lucio.Tentei não me focar muito nisso senão eu iria acabar pirando de preocupação. Por um lado eu não queria me importar, mas confesso que isso é impossivel!Num impulso levantei da cama e fui em direção ao banheiro. Me despi, fiz um coque frouxo e tomei um banho demorado lembrando de todas as sensaçoes que o Justin tinha me feito sentir noite passada. Me enrolei na toalha e sai do banheiro dando de cara com Fernanda toda esparramada na minha cama. Que folgada!

 

– A noite foi boa? - perguntou debochada.

– Han? Como assim? Foi normal. - dei de ombros um pouco tensa me virando pra pegar uma roupa no armário.

– Aham, sei! - disse ironica se pondo sentada na cama.


Vesti uma calcinha e um sutiã enquanto Fernanda me fitava de braços cruzados com um ar debochado. Revirei os olhos com um sorriso finalmente me rendendo.

 

– Tá bom! - falei manhosa sentando na cama. - Ele veio aqui ontem a noite. - falei corando um pouco sem graça.

– E? - perguntou para que eu desse continuidade.

– A gente transou. - falei meio boba.

– Ai finalmente, amiga! - disse me abraçando toda contente. - Então voces... voltaram? - perguntou confusa.

– Não... sei! - respondi com uma careta - Eu contei que encontrei o Chaz e ele não gostou muito. - conclui dando de ombros.

– Ah, mas dá pra entender, ne? Chaz tentou matar ele.

– Eu sei, mas sei lá, sabe? Não sinto mais raiva do Chaz, ele é muito imaturo, mas não é uma pessoa ruim.

– Ok, deixa o Chaz pra lá! - falou sorrindo.

– Você tá feliz?

– Não sei. - falei pensativa.

– Sem mentir!

– Tô, muito! - falei rápido de forma engraçada fazendo ela rir.

– Mas como você sabia que tinha acontecido algo ontem? - perguntei curiosa.

– Ontem eu vi ele entrando aqui e agora já é quase uma hora e você ainda não tinha acordado, então eu conclui que algo havia acontecido.

– Uma hora da tarde? Ai meu Deus, meus filhos! - disse preocupada levantando rapidamente.

– Relaxa, a Pattie e as babás estão lá com eles. - falou vindo atrás de mim.


Abri a porta e lá estava Pattie brincando com Chuck e Alice no berço acordada olhando os brinquedos se balançarem.

 

– Olha, a mamãe acordou! - disse Pattie com uma voz doce e eu sorri me curvando no berço pra pegar Alice que logo abriu o berreiro.

– Calma, neném! Mamãe vai dar mamá pra você! - falei me sentando na poltrona e depois encaixei o bico em sua boquinha.

– Justin saiu muito cedo, Alice não deve ter visto ele aí tá assim manhosa. - disse Fernanda fazendo a Pattie rir.

– Essa menina puxou a mãe, ão vive sem o Justin. - disse Fernanda debochada olhando as próprias unhas.

– Ha-ha-ha muito engraçado.- Você está tentando me dizer algo Fernanda? - perguntou Pattie com um sorriso desconfiado.

– A Lorena voltou com o Justin. - disse dando de ombros querendo me provocar.- Minha nossa, isso é perfeito! Podemos voltar ver as coisas do casamento. - disse toda contente.

 

– Ei, podem parar! - falei já irritada. - Eu não voltei com ninguem!

– Ah, é verdade, Pattie. Eles não voltaram, eles só transaram!

– Fernanda! - a recriminei fazendo a Pattie rir.

 

Nossa conversa foi cortada pelo choro de Alice que não queria mais mamar, mas não parava de chorar.

 

– Não adianta, ela quer o Justin! Que legal, minha própria filha me odeia. - falei ficando em pé enquanto ninava Alice, mas mesmo assim ela não parava de chorar.

– Já sei! Segura o Chuck rapidinho, Fernanda. - disse Pattie sorrindo e entregando o Chuck pra Fê enquanto Alice gritava cada vez mais.

Eu e Fernanda nos olhamos sem entender, mas logo Pattie voltou com um lençol na mão pegando Alice so meu colo e a enrolando nela que instantaneamente parou o choro e começou a ficar sonolenta. Olhávamos admiradas sem entender nada.

 

– É o lençol da cama do Justin, está com o cheiro dele. - explicou baixo enquanto Alice pegava no sono.


Ri pelo nariz sem acreditar naquela cena. Justin iria se gabar pelo resto da vida disso. Peguei Chuck do colo de Fernanda pra alimentá-lo. Sentei na poltrona e o silêncio reinava naquele lugar.

 

– Cadê as babás, Pattie?

– Ah, mandei elas descerem! Queria ficar um pouco com os meus netos. - disse colocando Alice, que dormia, no berço. Logo Chuck adormeceu e eu o coloquei no berço dele também.


O dia passou se arrastando num misto de lembranças, preocupaçoes, felicidades e medo. Pensei em ligar para Justin pra saber como estavam as coisas, mas achei melhor não fazer isso. As crianças estavam com as babás e eu estava num tédio. Desci pra ir pra sala já de noite e Fernanda estava vendo TV. Decidimos por ver um filme. Fizemos pipoca, enchemos dois copos de guaraná e voltamos pra sala para ver o filme. A hora custava a passar e eu pouco me ligava no filme. Ja era quase meia noite quando o filme acabou. Fernanda foi levar as coisas pra cozinha e eu fiquei jogada no sofá pensando em Justin. De repente ouvi um falatorio estranho e me assustei. A porta da casa abriu e eu reconheci a voz do Ryan e logo vi ele passando pela porta carregando o Justin que tinha a blusa ensanguentada e Kimberly surgiu logo atrás dos dois.

 

– O que aconteceu? - perguntei desesperada enquanto Ryan ajudava Justin a deitar no sofá gemendo de dor.

– Ele foi atingido. - respondeu um pouco ofegante.

– O que? - perguntei alterada sentindo o coração palpitar.


Justin estava consciente, mas estava mole e sentia muita dor. Me aproximei do Justin e Ryan saiu do meu caminho.

 

– Tá sentindo muita dor? - perguntei passando a mão em seu rosto.


Justin tentou dar um sorriso, mas logo franziu a testa e gemeu de dor.

 

– O que está acontecendo aqui? - perguntou Pattie assustada chegando a sala. - Filho, pelo amor de Deus! - disse levando a mão a boca ao perceber o Justin ali.

 

Pattie correu ficando ao meu lado e vi quando Fernanda surgiu parando proximo de Ryan enquanto encarava Kimberly. Pattie suspendeu a camisa de Justin e vimos que a bala havia passado de raspão, mas havia um corte profundo.

 

– Vou ligar pro Dr. Robert. - disse ainda preocupada saindo da sala.

– O que você está fazendo aqui? - perguntei com odio indo em direção a Kimberly, mas senti os braços de Ryan segurarem minha cintura.

– Essa não é a hora, Lorena! - ouvi Ryan me repreender.

– Ah, mas acredite: essa é a hora perfeita! - falei entredentes e Kimberly me fitava com superioridade.

– Amiga, não vale a pena isso agora! O Justin tá mal! Depois vocês resolvem isso. - disse Fernanda tentando me acalmar.


Respirei ofegante encarando Kimberly até que Ryan foi me soltando devagar.

 

– Lorena, fica aqui do meu lado, meu amor. - disse o Justin com um pouco de dificuldade.

– O seu amor não sou eu! Vou subir pra ver meus filhos que são mais interessantes, mas tenho certeza que seu amor pode ficar do seu lado, não é verdade Kimberly? - falei debochada enquanto deixava obvio pra todos o quanto eu estava me mordendo de ciume.

 

 


Comecei a subir as escadas e ouvi a voz fraca do Justin me chamando, mas não me virei e continuei o meu caminho. As lágrimas de raiva começaram a escorrer e ver a Kimberly ali só me fez ficar arrependida de ter cedido aos carinhos de Justin e ter transado com ele. Abri a porta do quarto dos bebês e Maria e Lucinda estavam lá brincando com os bebês deitadinhos no berço. As duas me olharam assustadas e eu pedi que me deixassem sozinha com meus filhos. Elas sairam do quarto de imediato e eu me aproximei dos berços. As lágrimas embaçaram minha visão quando eu sorri fraco e eu juro que se não fosse pelas crianças eu já teria sumido da vista de Justin. Mas será que era unica e exclusivamente por causa de Justin ou eu não conseguia viver sem aquele ser? Limpei as lágrimas e peguei Chuck. Ele tinha os olhos da cor do pai. Dei um beijo em sua testinha e o abracei chorando mais ainda. Fiquei ali por mais alguns minutos do mesmo jeito. Coloquei Chuck em seu bercinho de novo e me curvei sobre o berço de Alice pegando-a enroladinha no lençol do pai. O cheiro de Justin automaticamente vieram até minha narina e as lágrimas voltaram. Ouvi duas batidas na porta e logo Fernanda entrou.

 

– Tá tudo bem? - perguntou fechando a porta.

– Sim. - respondi um pouco fraco.

– Amiga, eu sei o quanto isso é difícil.

– Eu só não queria ela aqui, será pedir demais? Ela me afronta.

– Deixa ela pra lá. O médico da Pattie já chegou. Ryan ajudou levar o Justin até o quarto dele e o médico já está fazendo os curativos. A Kimberly foi embora!


Dei de ombros e Alice começou a se inquietar nos meus braços. Ninei ela colocando pedaço do lençol em sua mãozinha. Fernanda riu pelo nariz cruzando os braços.

 

– Durante a gravidez, toda vez que eu estava com Justin minha barriga se agitava. Agora já sabemos quem era! - falei fazendo graça e Fernanda gargalhou.

A porta foi aberta e Pattie colocou a cabeça pra dentro do quarto.

 

– O médico já colocou os pontos no Justin e foi embora. Ele quer ver os filhos, mas não pode levantar. - disse baixinho.

– Pode levar. - dei de ombros.

– Não, florzinha! Eu tenho que sair! - disse sorridente.

– Então a Fernanda leva! - falei fingindo não me importar.

– Ela também vai sair. - respondeu Pattie segurando o riso e eu revirei os olhos entendendo tudo. Fernanda pegou Chuck e me deu colocando-o no meu ombro desocupado e saiu do quarto com Pattie rindo feito hienas.

Bufei um pouco, mas acabei saindo do quarto. Encontrei Ryan no corredor que logo levantou as mãos como se rendesse.

 

 

– Fernanda disse que é pra eu dizer que estou ocupado, então eu estou ocupado. - disse sorrindo cinicamente.

– Cala a boca. - falei estalando a lingua no céu da boca com uma criança pendurada em cada ombro.

Abri a porta do quarto do Justin e ele estava sem camisa com seu curativo exposto e encostado na cabiceira da cama. Logo estava sorrindo. Fechei a porta com o pé e fui em sua direção entregando Alice para ele que encarou com uma expressão confusa a criança enrolada no seu lençol e logo olhou pra mim.

 

– Ela só sossegou assim, sentindo seu cheiro. - expliquei sem muita emoção.

Justin voltou a olhar Alice todo bobo beijando sua bochechinha.

 

– Igualzinha a mãe! - disse e eu revirei os olhos e eu sentei na beirada da cama pois minhas costas doíam. Deitei Chuck na cama já que ele estava quietinho 

e Justin fitou cada movimento meu com a fisionomia de que pensava em algo que o fazia sentir bem.

 

– Que foi? - perguntei sem conseguir encarar seus olhos.

– Eu amo você e meus filhos.

– Hum.

– Vai ficar assim até quando?

– Estou normal!

– Pára, eu sei que você ta bolada por causa da Kimberly.

– Acho que eu tenho meus motivos. Sei lá, só acho. - falei debochada e ele riu.

– Qual é a graça? Posso saber? - perguntei arqueando uma sobrancelha.

– Bom saber que você ainda tem ciume de mim!

– Idiota!

 


Chuck começou a chorar e eu o peguei arreando a blusa e encaixando a boquinha dele que logo sugou esfomiado.

– Ei, moleque! Esse brinquedo é meu! - disse Justin fingindo brigar e eu mordi os lábios pra não rir.

 


Houve um breve silêncio e Justin começou a brincar com Alice que sorria banguela enquanto Justin ficava todo bobo.

 

– Você queria tanto dois meninos e agora morre de amores por ela.

– Eu disse que não queria uma menina fresca que nem a mãe, mas ela não se parece com você porque pelo menos Alice assume que me ama e não vive sem mim. - disse convencido.

– Isso porque ela ainda não te conhece direito. - disse tentando rebater e ele sorriu de canto sapeca.

– Deita aqui do meu lado. - disse batendo no espaço ao seu lado.

– Estou bem aqui. - disse dando de ombros.

– Por favor, quero te contar como foi o meu dia. - disse um pouco mais sério e eu me rendi me levantando e sentando ao seu lado.


Alice estava meio sonolenta no colo de Justin e Chuck ainda mamava, mas logo dormiria. Justin soltou uma respiração pesada e começou a dizer encarando o nada.

 

– Charlie estava o tempo todo com o Lucio. - disse com sua voz um pouco rouca.

– Traidora! - esbravejei.

– Não, eu que sou muito idiota. Deu tudo errado... - disse desapontado.

– E o Lucio?

– Não sei se ele está morto, mas descobri que Alana não está.

– Que? Mas isso é impossivel!

– Eu sei! - disse um pouco irritado.


Nós dois ficamos em silêncio e Justin parecia triste.

 

– Parece que isso nunca vai acaba. - suspirei.


Justin me olhou ainda um pouco triste e Alice deu um suspiro alto chamando nossa atenção. Ela dormia como um anjo.

 

– Vou levar eles pro berço. - disse me levantando.

– Não, deixa eles aqui.

– Por que? - perguntei confusa.

– Se você levar eles embora você não vai mais ficar aqui. - disse fazendo uma careta.

– Está tarde e eu quero dormir. - falei saindo do quarto e levando Chuck pro seu bercinho. Graças a Deus ele parecia estar num sono profundo.

 


Deixei ele lá e voltei pro quarto do Justin para buscar Alice, mas Justin fingia dormir agarrado com a Alice.

 

– Vamos, Justin! Pára de brincadeira! Quero dormir. - disse um pouco irritada e Justin não se moveu e ainda riu cinico de olhos fechados.

– Justin, pára! Se eu for dormir e deixar vocês dois aqui eu não vou me responsabilizar de nada! - avisei, mas ele continuou imóvel.


Me sentei na cama já sentindo o sono me deixar lerda e continuei a sacudir Justin que parecia curtir com a minha cara.

Acabei tombando o corpo e deitando do seu lado. Já estava entrando no torpor do sono quando senti os braços do Justin em mim e Alice no meio de nós dois. 

Nem tinha mais forças pra reagir, apenas deixei o sono me levar. Ouvi sua voz doce.

 

– Boa noite, amor. - e seus lábios macios tocaram minha testa.

 

Tópico: Boa noite, amor

Destino Oculto

YsahGrund | 07/12/2014

Aaaaai que meigo!!!! *---*

destino oculto

| 30/03/2013

ooownt *----* momento perfeito....

Itens: 1 - 2 de 2

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