It Will Rain

 

POV Justin


 

“Se um dia você me deixar, amor deixe um pouco de morfina na minha porta porque eu precisaria de muitos medicamentos para perceber que não temos mais o que tínhamos.”



Mais uma vez ela se foi e simplesmente minhas mãos não puderam fazer nada. Aliás, as minhas mãos já haviam feito tudo, inclusive o que não era pra fazer. Não procurava mais drogas, não senta falta daquilo, aliás eu sentia raiva daquilo. Toda vez em minha vida em que usei achando que iria me ajudar, eu só piorei. Não conseguia olhar nada que me fazia lembrar que Lorena tinha ido embora, não conseguia olhar e encarar os motivos pelos quais ela havia ido embora. Logo, não me encarava no espelho. Havia uma briga de sentimentos dentro de mim. Horas eu achava que ela fez o certo em me deixar porque eu nunca seria o que ela precisava, eu nunca seria perfeito. Eu tinha uma vida que não consigo deixar pra trás. Cansei de acreditar que esse era o meu passado. Minha vida conturbada era tanto o meu passado quanto o meu presente. Na verdade, nunca foi passado. Em outras horas eu simplesmente desabava. Ela tinha que ter ficado, ela tinha que ter dado uma chance pra nós dois. Apenas mais uma chance.


“Nenhuma religião poderia me salvar, não importa quanto tempo eu passe ajoelhado. Então se lembre dos sacrifícios que eu estou fazendo para te manter do meu lado e evitar que você saia pela porta.”



Os dias passavam tão lentos. Aliás, os dias estavam passando? Eu não via mais claridade do dia, apenas ficava dentro do meu quarto e fazia o básico pela casa. Não via meus filhos há semanas, Lorena simplesmente vetava todas as minhas ligações. Era muito humilhante saber que assim que ela teve oportunidade, ela correu pro Chaz. Ignorando tudo, exatamente tudo que tínhamos. Ignorando o fato do Chaz ser o grande causador do nosso fim e, como sempre, ignorando o fato dele ter tentado me matar. Mas, agora ele havia realmente conseguido o que queria porque eu não me sentia vivo sem ela aqui. Não me sentia vivo se a única pessoa que deu sentido a minha vida havia ido embora.


“Porque não haverá luz do sol se eu te perder, amor. Não haverá céu claro se eu te perder, amor. Assim como as nuvens, meus olhos farão o mesmo. Se você for embora todo dia, irá chover, chover, chover.”

 

 

Talvez seja melhor assim. Talvez ela encontre a vida tranquila e silenciosa que ela sempre desejou ter. Talvez ela não tenha mais que se esconder, não tenha mais que se esquivar das balas, não tenha mais que fechar os olhos pra não ver tanto sangue. Minha vida havia se tornado uma poça de sangue. Se hoje eu vivia tudo que não quis viver, foi exatamente por ter trazido ela pra minha vida, por ter dado a liberdade dela entrar e bagunçar o que já estava arrumado e simplesmente virar as costas deixando toda a bagunça pra eu arrumar. Sozinho. Mas mesmo assim eu não conseguia me arrepender disso nem um milésimo. Precisava do seu sorriso, precisava do seu cheiro, precisava sentir sua pele, ouvir sua risada, precisava das suas mãos afagando meu cabelo. Apenas precisava dela aqui. Sem falar, sem reagir. Apenas aqui.



“Eu nunca serei o favorito da sua mãe, seu pai nem consegue me olhar nos olhos. Se eu estivesse no lugar deles, faria a mesma coisa e diria: Lá vai a minha menina com aquele cara problemático.”

 

 

Pegava suas fotos e aquilo apenas me trazia uma felicidade momentânea. Fotos dela grávida, fotos da ilha que estivemos juntos, fotos de nós dois juntos, fotos com os meus filhos. Lembranças congeladas. Imagens que não se mexiam. Queria ela aqui pra viver isso tudo de novo comigo. Não queria que minha vida fosse um mar de lembranças. Preferia mil vezes me afogar nesse mar e morrer de vez do que nadar, nadar e nadar sabendo que morreria na praia, pois ela já estava em outros braços. A propósito, ela estava nos mesmos braços que tentaram me matar. Será mesmo que ele era menos perigoso do que eu? Será mesmo que ela se sentia mais protegida ao seu lado do que do meu? Então que monstro eu havia me tornado, não?

 

 

“Mas eles têm medo de algo que não conseguem entender, mas minha querida, eu vou fazê-los mudar de ideia. Sim, por você, eu vou tentar, eu vou tentar, eu vou tentar, eu vou tentar e vou recolher esses cacos até eu sangrar se isso fizer você ser minha.”

 

 

Mais dias se passavam e eu estava apenas movido pelo ódio agora. Não, não podia mais ficar nesse estado. Ela preferiu morar com outro cara. Talvez o que os dois tiveram nunca tenha terminado e eu sempre fui um eterno enganado acreditando que era o primeiro grande amor da sua vida. Acreditando que eu era o único. Acordei naquele dia e não queria mais apenas assistir minha vida passando pelos dias. Precisava viver, precisava voltar a ser alguém, pois eu não estava sendo nada todo esse tempo em que ela não estava mais aqui.



“Porque não haverá luz do sol se eu te perder, amor. Não haverá céu claro se eu te perder, amor. Assim como as nuvens, meus olhos farão o mesmo. Se você for embora todo dia, irá chover, chover, chover.”



Estava disposto, mas com o peito ainda com uma ferida aberta. Mas tudo bem, isso tudo estava dentro de mim, ninguém precisava saber, ninguém precisava ver meu sofrimento. Talvez se eu me enganasse bastante, eu conseguisse me fazer acreditar que tudo estava bem, que ela nunca existiu que ela foi apenas coisa da minha imaginação e eu poderia viver tranquilamente sem ela. Eu era alguém antes dela chegar à minha vida e mudar tudo, então eu poderia voltar a viver sem ela como sempre vivi.



“Oh, não simplesmente diga adeus, não simplesmente diga adeus. Recolho esses cacos até eu sangrar se isso deixar tudo bem.”

 

 

Mas meus filhos eram um direito meu e eu ia correr atrás disso. Ela podia levar tudo de mim, mas meus filhos ela não tinha esse direito. Eu poderia conviver com a saudade, com a dor, sem seus beijos, sem seus abraços. Poderia conviver sentindo algo faltar em mim, sentindo o ar faltar, sentindo as lágrimas virem de surpresa, mas sem meus filhos, não dava. Eles eram o que me faziam acreditar que algum dia existiu alguma coisa. Que algum dia nós existimos. Que algum dia eu existi.



“Porque não haverá luz do sol se eu te perder, amor. Não haverá céu claro se eu te perder, amor. Assim como as nuvens, meus olhos farão o mesmo. Se você for embora todo dia, irá chover, chover, chover.”

 

 

Tentava ocupar minha mente com coisas que não me lembrassem dela. Tentava não estar nos lugares que já estivemos alguma vez. Mas à noite sempre retornava pra minha cama e automaticamente imaginava o seu corpo ali. Podia passar todo o dia bem, mas à noite toda a dor voltava. Quando perdia o controle dos meus pensamentos e eles caminhavam até ela, fechava os olhos com força e sacudiu minha cabeça numa tentativa de apagar seu rosto da memória. Tentava me convencer que Lorena não era mais importante, tentava apenas segui. Ryan tentava me animar e me convencer de que não seriamos para sempre. Ele tentava me perdoar, mas sei que no fundo ele nunca me perdoaria, mas sempre seríamos amigos, então apenas não conversávamos mais sobre a Lorena. Saíamos algumas noites e eu encontrava algumas garotas. Elas me conduziam, porque na verdade todas ali eram vadias sujas pra mim. Mais uma vez me pegava caçando a mais parecida com a Lorena. A morena com cabelão com um jeitinho doce e sorriso bonito. Mas o beijo me voltava a real me fazendo ver que ninguém nunca poderia preencher o vazio que ela deixou. Eu tinha apenas que conviver com ele. Certamente Lorena estava bem, se divertindo e entregando o corpo que um dia foi meu a outra pessoa. Outra pessoa estava a fazendo gemer, arfar e sentir prazer. Outra pessoa estava fazendo carinho nela e sentindo seus lábios. Outra pessoa estava no meu lugar. Pensei que ela queria apenas um tempo pra pensar e logo retornaria para mim, mas ela usou o tempo que tinha para pensar apenas para me substituir.

Estava no meu escritório apenas pensando com Ryan entrou feito um furacão abrindo a porta com força, me tirando dos meus devaneios.


– Fala, bro. Pra onde iremos hoje? – disse fazendo uma dancinha escrota.

– Me diz você. – falei com um sorriso meia boca me levantando na cadeira e escorando meu corpo na mesa.

– Podemos ir pra mesmo de ontem, fiquei de encontrar com uma garota, sabe como é... – falou coçando a cabeça.

– Fernada deve estar adorando isso. Será que ela ainda aguenta o peso da sua própria cabeça? – falei debochado.

– Cara, a Fernanda me irrita! Ela é muito passional! Acho que já é a quinta vez que terminamos só esse mês. Mas você sabe que no fim ela volta pro papaizão aqui. – disse batendo no peito fazendo uma cara engraçada e eu ri pelo nariz.

– Vamos. – falei rindo pegando as chaves.


Já podia ouvir o som antes de virar a esquina da boate. Era uma das melhores da região. Nesse meio tempo que tenho vindo, acho que já fodi e fiquei com todas as piranhas desse lugar. Estacionei o carro e Ryan já dançava ao som da música que tocava. Entramos sem muitos problemas e foi só eu colocar o pé pra dentro do lugar que todos os olhares se voltaram pra mim. As mulheres me disputavam e os caras sabiam que a noite havia acabado pra eles. O papai estava na área. Me aproximei do balcão me separando do Ryan que já estava se engraçando com alguém. Pedi uma bebida pro parceiro já conhecia a minha cara. Me virei apoiando meus cotovelos no balcão e analisando o ambiente. Aquelas putas pareciam estar no cio. Passavam a língua entre os dentes, rebolavam com os olhos em mim chegava ser cômico. Era tão fácil ter todas e tão difícil ter a única que eu queria que realmente estivesse me dando atenção. Mas a última coisa que eu queria era me lembrar dela. Está feliz com o Chaz? Então seja bastante feliz! Pensei irônico dando um gole na minha bebida e sentindo o gosto amargo do álcool. Tudo aquilo doía, mas deixa doer. Uma hora vai passar. Me virei pra pedir mais uma dose e meus olhos foram em uma pessoa parada um pouco distante de mim, mas também estava no balcão olhando pra todos com cara de tédio. Kimberly, minha querida Kimberly, que prazer revê-la! Deixei o copo no balcão e me aproximei dando um sorriso safado no rosto, ela ainda nem tinha notado a minha presença.


– Boa noite, princesa. – falei em seu ouvido e ela se assustou me encarando com espanto.

– O que você está fazendo aqui?

– Apenas curtindo. – dei de ombros colocando uma mão em sua cintura.

– Você está bêbado? – perguntou espalmando a mão em meu corpo tentando se afastar.

– Não. – dei de ombros colocando meus lábios perto do seu pescoço.

– Cadê sua pirralha? – disse saindo dos contornos dos meus braços.

– Quem é essa? – me fiz de desentendido. – Faz tempo que não te vejo, por onde esteve? – perguntei mudando de assunto voltando a segurar sua cintura.

– Por aí. – deu de ombros. – Já estou indo embora, só passei aqui pra esfriar a cabeça.

– Ah não, fica. – falei manhoso beijando seu pescoço e suas mãos apertaram meus braços que estavam em sua cintura.

– O que você tem, Justin? – perguntou se irritando.

– Muita vontade de foder você. – respondi em seu ouvido e seu corpo apenas ficou parado abraçado ao meu.


Juntei nossos lábios e ela não recuou. Senti o álcool de sua língua e suas mãos tocaram minhas costas. Desci minhas mãos até sua bunda e apertei de leve fazendo Kimberly arfar com os seus lábios carnudos ainda nos meus. Ela sempre perdia pra mim. Seus dedos frios tocaram minha nuca e subiram caminhando pelos fios do meu cabelo. A música do ambiente completava o momento. Nossas línguas brincavam e ela sorriu pelo nariz. Coloquei as mãos por debaixo de sua blusa segurando sua cintura e ela contornou minha nuca com os dois braços. Seu beijo era bom, excitante e de todas que peguei, ela era a única que conseguia fazer com que eu me desprendesse um pouco da Lorena.



– Vamos lá pra casa. – falei com um sorriso safado.

– Nem fodendo! – disse de um jeito sedutor.

– Mas é justamente pra foder! - brinquei mordendo sua orelha.

– Não. – disse me empurrando de leve tentando se recompor. – Tenho que ir pra casa, não era nem pra estar aqui.

– Mas já que está aqui então aproveita.

– Não, tenho que ir. Tá na minha hora. – falou dando um último gole na bebida que estava sobre o balcão e eu segurei sua mão.


Ela abaixou seus olhos analisando nossos dedos entrelaçados. Eu nem sei por que fiz aquilo, mas estava carente. Kimberly já era íntima, me sentia melhor estando com ela do que com qualquer uma daquele lugar. Ela não podia ir embora e deixar de me fazer o pouco do bem que estava me fazendo. Pelo menos meus pensamentos não estavam tanto em Lorena.


– Fica comigo. – pedi manhoso e ela sorriu sem graça.

– Por que você está fazendo isso?

– Não sei, só fica. – falei soltando sua mão e voltando a segurar sua cintura.


Encostei nossos lábios mais uma vez e foi um beijo lento. Sentia seu corpo rígido e estático junto ao meu. Sabia que não podia brincar com ela assim, era errado. Ela sempre teve sentimentos por mim, isso era tão óbvio. Mas precisava dela naquele instante. Precisava que ela não fosse embora.




POV Lorena



Os primeiros meses na casa do Chaz foram os mais complicados. Eu não tinha mais as babás para me ajudarem, não conseguia fazer Alice parar de chorar e eu estava mal com tudo que havia acontecido. Mesmo que todo dia eu acordasse dando graças a Deus por ter conseguido sobreviver a mais uma noite, eu ainda o amava. Ainda pensava nele, ainda me perguntava o que ele estava fazendo, se estava pensando em mim. Chaz me ajudava muito e pelo menos já estava morando sozinho. Pattie vinha uma vez por semana me ajudar com os bebês, mas agíamos como se o Justin não existisse. Ela não me falava dele e eu também fingia não querer saber. Não queria saber se ele já estava com outra ou se essa outra era Kimberly. Isso era tão óbvio na minha cabeça. Ele certamente procuraria por ela e eu apenas tentava fingi que aquilo nçao magoava. No começo eu chorava todo dia, mas agora já estava bem. Chaz tentava voltar a ter alguma coisa comigo, mas sentia que ainda não estava pronta. Ainda pensava no Justin demais, simplesmente não estava pronta pra sentir outra boca. Ficávamos horas apenas conversando, vendo filmes, jogando e revezando as fraudas de cocô de Chuck e Alice. 5 meses. Pareciam anos. 5 meses sem ver aqueles olhos, sem ver aquele rosto, mas ainda lembrava de cara mínimo detalhe dele. De cada pinta, de cada cara. Pelo menos não doía mais como antes, mas ainda doía. Queria que tudo fosse um pesadelo, mas agora já estava bem com a minha realidade. Chuck e Alice sentiam falta do pai, eu sentia isso. Principalmente Alice que no começo chorava muito, mas agora pareciam estar um pouco acostumados, apesar da Alice ainda acordar no meio da noite berrando sem motivos. Seus telefonemas nos primeiros meses eram insistentes. As vezes eu queria tanto atender e ouvir sua voz, mas sabia que aquilo só seria pior pra mim. Até que de repente ele nunca mais ligou e tudo começou a acontecer na minha vida como se ele nunca tivesse existido. Ryan as vezes passava aqui, ficava a tarde com a gente, mas nunca tocou no nome dele. Ele sabia que era melhor assim e se alguma coisa estivesse errada com o Justin, ele seria o primeiro a me contar, mas isso não ocorreu então tudo estava aparentemente bem. Chaz as vezes saía com as crianças apenas pra me deixar um pouco livre do cansaço e eu ficava sozinha na casa imensa. Era aí que meus pensamentos saíam do meu controle. As lágrimas vinham e as lembranças também. Justin, eu nunca vou amar ninguém como eu te amei. Nunca! Era algo tão grande dentro do meu peito que eu me perguntava: Será que um dia eu vou acordar e não vou sentir mais isso? Será que um dia vou lembrar-me de você e poder afirmar pra mim mesma que não sinto mais nada? Isso parecia impossível agora. No começo Justin tentou ver os filhos, mas eu apenas ignorava todos os avisos que ele me mandava através da Pattie. Sei que era um erro privá-lo disso, mas ainda tinha medo de que ele sumisse com meus filhos ou levassem eles para casa da Pattie sem minha permissão, então agora que eles já estavam um pouco crescidinhos, deixava a Pattie levar eles para casa e ela me trazia ele a noite. A única parte chata é que os dois sempre voltavam com o cheiro dele. Alice então! Suas roupinhas ficavam impregnadas com o perfume do Justin. No começo aquilo me fazia chorar, mas agora eu apenas jogava na máquina sem ficar me martirizando com aquilo.



– Voltamos mamãe! – disse Ryan todo contente abrindo a porta e empurrando o carrinho. Me virei para olhá-los.

 

Meus lindos sorriam abertamente. Já estavam com quase 7 meses e como haviam crescido! Pelo menos eles não estranhavam o Chaz.


– Meu Deus, o que aconteceu? – perguntei vendo a blusa do Chuck todo suja de chocolate.

– Resolvemos tomar sorvete. – deu de ombros.


Peguei Alice, que mordia um brinquedinho, no colo e coloquei-a no tapete. Eles já tentavam engatinhas e eu tive que tirar todas as coisas de quebrar que estavam em sua altura. Fui até o quarto e enchi a banheirinha deles, peguei o sabonete. Peguei Chuck dos braços o levando pro banho.



– Fique de olho na Alice, ela está impossível!


Quando ambos já estavam limpos e cheirosos, esquentei o leite e coloquei nas mamadeiras. Eles pareciam brincar com o Chaz na sala. Esperei esfriar um pouco e levei pra sala. Entreguei uma pro Chaz que pegou o Chuck e eu suspendi a Alice em meu colo entregando-a o bico da mamadeira. Não custou muito e ambos dormiram. Levei com calma um por um até o berço e quando voltei pra sala Chaz estava com os pés em cima da mesinha de centro zarpando os canais. Me joguei no sofá ao seu lado completamente cansada.


– Sério, eu preciso daquelas babás de volta! – bufei derrotada.

– Ué, pede pra Pattie falar com elas, será melhor! – falou sacana.

– Nem vem, eu sei que você ama trocar a frauda do Chuck! – falei brincando enquanto cutucava sua cintura.

– Fala sério, esse garoto parece que come ovo podre! – disse em tom de brincadeira.

– Não fala assim do meu filho, tá? – falei fingindo irritação.


Chaz riu pelo nariz e depois começou a prestar atenção no jogo que passava na TV. Tombei minha cabeça em seu ombro e ele levantou o braço me abraçando para que eu me aninhasse melhor em seu peito. Logo minhas pálpebras começaram a pesar por causa do carinho que ele fazia em meu coro cabeludo. Sentia-me bem ali. Ele havia reconquistado toda a minha confiança e eu me sentia a vontade ali, apesar de sentir falta as vezes na casa da Pattie. Mas eu não queria nunca mais repetir os meus erros. Esperava apenas acordar um dia e não sentir mais nada pelo Justin.



POV Justin

 

Hoje era um dos dias que minha mãe trazia meus filhos para passar o dia aqui em casa. Já acordava de bom humor. Vi o carro da minha mãe cruzando o portão pela minha janela e corri descendo as escadas. Fui ao seu encontro e lá estavam meus pequenos. Alice, cada dia mais linda e mais parecida comigo, apesar de ter os olhos idênticos aos de Lorena. Chuck estava com um bonezinho branco e eu sorri gostando daquilo. Ajudei minha mãe a pegar eles da cadeirinha e corri com Alice pra dentro de casa. Sentia medo deles crescendo achando que o idiota do Chaz era os pais deles, mas até que depois de muita insistência Lorena deixou minha mãe trazer eles pra cá de vez enquanto. Fiquei com os dois durante todo o dia e nem me importava de ficar cansado depois.



Eles eram tudo que eu tinha agora, eles eram tudo que eu tinha da Lorena. O que eu sentia por ela já estava comprovado que eu nunca ia deixar de sentir, mas minha vida não vivia mais em função daquilo. Minha mãe não me falava sobre Lorena e eu tinha vontade de perguntar, mas graças a Deus meu orgulho me impedia. As vezes dava um surto e eu queria ir ao seu encontro, mas só de pensar que ela estava com Chaz, aquilo me fazia cair na real. Ela não merecia que eu a procurasse.

Já estava de noite e minha mãe se preparava pra leva-los de volta. Era a hora que eu mais agarrava os dois. Era muito ruim vê-los só as vezes, mas logo eles estariam crescidos e poderiam passar a semana aqui comigo. Voltei ao sofá assim que minha mãe saiu com os dois. Fiquei ali morgado, não estava afim de sair.



Ryan já havia me ligado umas trocentas vezes tentando me convencer, mas eu simplesmente não estava no clima. Sempre que as crianças iam embora eu ficava na bad. A campainha tocou e Mere atendeu porque eu não ia levantar dali nem fodendo. Ouvi passos de bota e Logo os braços de Kimberly estavam em meu pescoço me abraçando. Seus lábios tocaram minha bochecha e eu sorri sem humor. Estávamos juntos, mas nada muito sério. Transava com ela quando estava mal. Pra falar a verdade eu só estava a usando esse tempo todo, precisava me distrair. Ela sumia as vezes, ficava estranha, mas nunca me dizia o que era e eu também já estava cansado de perguntar. Desisti do plano de matar Alana porque tudo estava aparentemente tranquilo. Lucio estava tão silencioso que eu estava quase acreditando que ele estivesse morto de fato. Agora que minha vida estava tranquila, a filha da puta estava com o Chaz.


– O que quer fazer hoje? – perguntou se sentando ao meu lado.

– Nada. – respondi meio seco enquanto trocava o canal.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntou arqueando uma sobrancelha.

– Só não estou no clima. – dei de ombros.


Ela bufou se levantando do sofá e me encarou.


– Odeio sua mudança de humor. Deixa eu adivinha? Está pensando na pirralha? – perguntou irônica.

– Não estou pensando em nada. – respondi tentando manter a calma.

– Não é isso que parece. – falou cruzando os braços.

– Não somos namorados. Não te devo satisfação de nada, muito menos dos meus pensamentos. – respondi me irritando. Sempre que ela tocava no nome da Lorena, era briga na certa.

– Então tudo bem, procure outra pessoa, porque eu cansei desse sei jogo. – falou virando as costas e eu me levantei puxando seu braço.

– Você só vai embora quando eu mandar! – falei firme. Com ela ali tudo já era difícil, sem ela ficava pior.

– Conte outra piada, essa não teve muita graça. – falou cínica.

– Para de fazer showzinho, Kimberly. –falei revirando os olhos.

– Quer saber Justin? Eu admito: eu sou a pessoa mais idiota do mundo quando o assunto é você. Eu tento me enganar, mas eu sei que você só está me usando. Sei que quando você está transando comigo você não me olha nos olhos porque está pensando nela. Sei que nada é a mesma coisa pra você se não for com ela, então vai, Justin! Vai procurar o amor da sua vida que nunca será eu! – falou com ódio, mas seus olhos marejados.


Apenas me calei enquanto assistia ela saindo da casa e batendo a porta com força.



POV Kimberly

 

A culpa era minha mesmo de ser tão idiota e tão louca por esse homem. Subi na minha moto me sentindo enojada. Óbvio que ele não sentia nada por mim e estava cada vez mais difícil fingir que ele gostava da minha presença ali porque precisava de mim. Ele apenas precisava de alguém que ocupasse o espaço da pirralha, mas essa pessoa nunca seria eu. Minha vida já estava tão complicada e simplesmente me deixei levar achando que merecia um pouco de felicidade, mas mais uma vez Justin apenas brincou. Era tão notório quando ele tinha suas recaídas e começava a sentir falta da Lorena, era tão visível em seus olhos quando ela não ouvia nenhuma palavra do que eu dizia porque estava pensando em Lorena. Mas não, não podia deixar que Lorena voltasse pra vida dele, não agora. Eu precisava dele! Precisa que ele ficasse comigo enquanto eu passasse por tudo que estou passando. Liguei a moto e deixei meu impulso conduzir. Eu não queria fazer aquilo, não estava mais nos meus planos fazer aquilo, mas eu tinha que trazer a tona todos os seus problemas de volta para que ele não pensasse tanto em Lorena. Precisava matar Alana. Já estava na hora.


 

Tópico: It Will Rain

raiva

Marii | 18/09/2013

eu tenho MUITA raiva da Kimberly

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