Who Are You?

 

POV Justin

Mil sinos tocavam em minha cabeça. Qualquer barulho era alto demais, corroendo minha paciência e meus neurônios. A dor consumia cada espaço do meu crânio e todos aqueles remédios de nada estavam me adiantando. As costas não doíam mais. Quatro dias em casa foi o suficiente para que me sentisse bem, mas aquela infeliz dor de cabeça não me abandonava. Mal conseguia manter os olhos abertos, mal conseguia encarar a luz.  Porém precisava agir! Já estava na moleza desde o dia que fui para o hospital. Com os dias passando, tudo piorava. A perícia subordinada nada encontrava, os capangas sumiam e Kimberly não aparecia na minha casa desde a nossa briga, me privando também de ver minha filha. Queria resolver todos os problemas, mas é difícil quando você mal sabe por onde começar. Pela televisão eu acompanhava a ação da polícia, mas confiava mil vezes em mim no que neles e não era surpresa alguma que eles não soubessem de nada ou muito menos conseguiram descobrir. A ação estava suspensa e para imprensa eles alegaram qualquer coisa que justificasse. Meu celular foi achado pela perícia que trabalhava para mim por fora, mas já estava todo fodido, completamente consumido e estragado pelo fogo. Aqui estava eu no zero a zero outra vez.

3h45 da manha. Lorena já havia desistido de me levar para cama. Ficava trancado o tempo todo esperando qualquer telefone que me tranquilizasse, mas agora eu contava com poucos capangas nas buscas e o maior dilema era que eu sabia que eles estavam sendo mortos nessas nas buscas, mas o que eu poderia fazer? A cada busca, menos homens voltavam para casa e certo dia me assustei ao concentrar todos em meu jardim e contar apenas 63 cabeças. Onde estavam aquelas dezenas de homens que rodeavam minha casa? Onde estavam os caras treinados no exército que guardavam meu quarteirão? Estava foda. Era um jogo de resta um e só eu estava perdendo as pecinhas.

Não conseguia encarar a Lorena, seus olhos me cobravam respostas mesmo sem abrir a boca. Ela queria saber o que estava acontecendo, ela queria explicações, ela queria soluções, mas abrir minha boca e admitir que eu estava fodido não estava nos meus planos. Me sentia um fraco sem rumo. Fechava meu punho sentindo ódio toda vez que me pegava pensando naquele telefonema. O filho da puta conhecia meus passos, sabia minhas atitudes e conseguiu me enganar. Fez com eu acreditasse que ele havia invadido a minha casa quando na verdade nada havia acontecido. Ele estava brincando com meus pontos fracos e toda vez que eu saía, eu levava apenas um carro recheado de capanga, pois fazia questão que a maioria que ainda me restava guardasse minha casa e minha família.

Apoiei os cotovelos na mesa abaixando minha cabeça. Não havia posição que eu ficasse que fazia aquela dor melhorar. Parecia que alguém estava apertando meu crânio e tentando esmagar meu cérebro. Eu tinha que mexer no computador, eu tinha que rastrear as pistas, eu tinha que ler relatórios, mas encarar a luz da tela não dava mais. Fechei o notebook de mau jeito levantando da cadeira com irritação. Andei para fora do escritório e fui ate a cozinha caminhando pela casa silenciosa e separei em cima do balcão os três remédios para a dor que o médico receitou, mas aquilo parecia bala, pois efeito não existia. Despachei em cima do balcão todos os comprimidos que achei suficiente para pelo menos me fazer dormir e tomei todo o copo de agua empurrando os comprimidos. Deixei o copo vazio em cima do balcão e subi as escadas decidindo dormir. Me sentia completamente impotente quando percebia que era mais uma noite que eu me deitava sem resolver os problemas, que eu ia dormir como se tudo estivesse tranquilo. Estava me sentindo um iniciante assim como nas primeiras emboscadas que Lucio me colocou. Nessa época quem segurava a pressão toda era Jaden, fazia tudo com maestria e naturalidade como se tivesse nascido pro crime, mas com o tempo eu ja estava liderando as situações junto com ele e agora estava aqui sem ideias, sem ter o que fazer, necessitando do Jaden que me guiasse. Ele era bom. Podia perder pro vício, mas de cara limpa era o cara mais sagaz e esperto que ja conheci nesse ramo. Ele saberia onde ir, ele ja estaria colocando o terror. Kimberly sempre foi foda e criativa para  planejar tudo, mas depois de nossa discussão não vi mais a cara dela.

Entrei no quarto e Lorena já dormia. Fui ate o banheiro e tomei um banho rápido voltando ate o quarto enrolado com a toalha na cintura. Tentei não fazer barulho, mas Lorena despertou assim que puxei a gaveta para pegar uma boxer. Seus olhos perdidos no sono me encontraram e ela se ajeitou nos travesseiros.

- Que horas são? – perguntou com a voz rouca.

- Quase 4. – falei empurrando a gaveta de volta já vestido com a boxer e tirei a colcha do meu lado da cama.

- Você saiu? – perguntando enquanto eu me aninhava em seu corpo deixando seu rosto em meu pescoço.

- Não, você veio dormir e eu fiquei no escritório.

- Sua dor de cabeça melhorou? – perguntou por um bocejo.

- Porra nenhuma. – reclamei estalando a língua no céu da boca.

Fazia frio naquela noite e a respiração de Lorena já demonstrava que ela havia caído no sono outro vez. Aninhei mais seu corpo ao meu e cheirei seu cabelo. Só o sono me tiraria daquela dor infernal.

 

POV Lorena

Seus braços estavam me agarrando e acordei com um pouco de falta de ar. Completamente fora do enredo de todas as manhãs, Justin estava ali dormindo ainda. Estranhei saindo do contorno dos seus braços e como ele havia reclamado todos esses dias de sua dor de cabeça, decidi não acorda-lo e deixa-lo descansar. Me levantei fechando a cortina para que o Sol não mais entrasse no quarto e fui ate o banheiro. Escovei meus dentes e desembaracei meus cabelos prendendo em um coque. Me despi e tomei um banho demorado tirando a moleza da manhã. Essa dor de cabeça do Justin estava me preocupando e eu surtava toda vez que via a quantidade de remédio que ele se atrevia a tomar de uma vez só. Não adiantava pedir para que ele voltasse ao medico pois seu discurso melodramático já estava decorado. "Não vou voltar pro hospital pro babaca do médico me prender lá de novo." Tudo bem, decidi por não me meter, mas obviamente a dor o deixava mais irritado e com menos paciência com as crianças. Chuck não se importava nada se estivesse com seus brinquedos e Alice pelo menos não ficava triste com a falta de atenção do pai, apenas ficava nervosa e dando resposta pagando na mesma moeda - o que me tirava algumas risadas. Sai do banho e me sequei enrolando a toalha no corpo. Voltei para o quarto indo ate o closet e vesti uma calcinha e um sutiã, vestindo em seguida um vestido leve e solto branco. Voltei ao quarto vendo meu anjo dormindo e deu vontade de voltar pra cama, mas precisava ver meus bebês. Levei a toalha de volta ao banheiro e soltei o coque deixando meu cabelo cair em minhas costas. Mais um dia trancada dentro de casa, pra variar. Dei uma ultima olhada em Justin antes de sair do quarto e seu sono estava profundo. Devia ser por causa dos remédios. Fechei a porta deixando-o lá e desci ate o primeiro andar já escutando a gritaria.

- Não é assim, irmã. O papai me ensinou e é assim. - analisei enquanto descia os degraus Alice demonstrando a Cindy como jogava no vídeo game.

Sorri para mim mesma não esperando ver Cindy ali.

- Agora é a minha vez. - Chuck exigiu emburrado pegando o controle da mão de Alice.

- Não briguem! - Emma disse sentada no sofá olhando os três.

- Isso mesmo, não briguem. - falei no pé da escada fazendo os três olharem pra mim.

- Mamãe! - Alice gritou vindo em minha direção enquanto Cindy e Chuck continuavam a jogar.

Dei um beijo em sua bochecha e a coloquei de volta no chão e ela correu pra perto dos irmãos outra vez.

- Bom dia, dona Lorena. - Emma disse se levantando.

- Bom dia. - sorri. - Kimberly esta aqui? - perguntei indicando Cindy com a cabeça.

- Esta lá fora esperando o Sr. Justin acordar. Disse que quer falar com ele. - explicou sem jeito.

- E essas malas? - franzi o cenho ao notar as malas no canto da sala.

- São dela.

- Dela? - perguntei sem entender fazendo-a assenti.

Sai da sala indo para fora de casa e o carro de Kimberly estava estacionado em frente a entrada. Mirei aquilo sem entender enquanto ela fumava um cigarro sentada em cima no capô sem me notar ali. Me aproximei fazendo ela virar o rosto e me olhar com desdém. Em seguida voltou a fitar o horizonte enquanto tragava mais uma vez seu cigarro como se não se importasse com a minha presença.

- Ele não vai levantar nem tão cedo. - alertei séria tentando chamar sua atenção pra mim.

- Eu espero. - deu de ombros sem me fitar.

- Aquelas malas são realmente suas? – perguntei irônica.

- Sobre isso que quero falar com ele. - disse indiferente.

- Não está pensando em se mudar pra cá, esta? - perguntei insegura.

- Se ele não queria essa decisão minha, então tinha que resolver tudo antes. Estou sem proteção. Acordei hoje e tinha 20 homens na minha casa apenas. Isso é muito pouco pra guardar minha filha. - disse com um sentimento de impotência, mas ainda sem me fitar.

- Tudo bem, há espaço pra todos. – tentei ser simpática.

- Nunca terá espaço suficiente entre eu e Justin se estivermos ocupando o mesmo ambiente. - falou raivosa.

- Aconteceu alguma coisa? Eu sei que vocês não se bicam as vezes, mas voce sumiu. - falei e ela finalmente me olhou e me encarou como se pensasse na resposta.

- Nada de novo. - deu de ombros apos uns breves segundos de silencio. - Nada que ele já não tenha feito antes. - concluiu voltando a olhar o nada e tragou pela ultima vez o cigarro.

- Como assim?

- Quando nos tornamos amigas a ponto de trocar segredos? - perguntou debochada.

- Só te fiz uma pergunta. - cruzei os braços e arqueei uma sobrancelha.

- Vai me dizer que se importa com o meu sumiço? - riu debochada.

- Quer saber? – falei após bufar. - Eu deveria saber que aquele dia que conversamos não resultaria em nada. Você continua a mesma estupida!

- Não somos amigas e nunca seremos. Não sou dessas que você pode chorar no ombro ou emprestar uma peça de roupas. Estou preocupada com coisas serias e não em fazer amizades com pessoas que não tem nada a me oferecer.

- Queria entender porque você me odeia tanto... - semicerrei os olhos.

- Te odiar é ter um sentimento por você e isso é muito.

- Eu não tenho culpa se casei com a pessoa que você gosta. - falei debochada e ela me fuzilou.

- Eu tenho pena do mundo de ilusões que você criou na sua cabeça, garota. Você fala como se ter o Justin fosse algum prêmio, mas é apenas um contrato com a morte. – falou com escarnio tirando minha paciência.

- Se você odeia tudo isso porque ainda esta aqui? – esbravejei.

- Porque minha filha existe. Apenas por isso.

- Eu só queria entender o que realmente você quer. Eu já superei as desavenças, mas parece que você gosta de viver do passado.

- Verdade, sou uma garotinha insegura apaixonada pelo Justin. Agora me deixa em paz. – falou grossa descendo no carro e indo para perto da piscina.

Trinquei os dentes completamente irritada por ela ter virado as costas pra mim. Olhei em volta percebendo que alguns de seus capangas também estavam ali ocupando boa parte do jardim. Voltei para dentro de casa e as crianças ainda berravam na sala.

- Como se usa o telefone nessa casa? – perguntei emburrada me jogando no sofá.

- Eu tenho um celular, se a senhora quiser usar. – Emma disse. - Ele não é muito tecnológico, mas dá pro...

- Isso é perfeito. – a cortei. – Me empresta, por favor. – pedi abaixando o tom de voz e ela sorriu tirando-o do bolso.

Peguei o celular antigo em minhas mãos e corri até a cozinha. Justin havia deixado apenas uma linha de telefone conectada na casa da minha mãe e era por onde ele se comunicava com os capangas que ficavam lá. Disquei o número já gravado em minha memória e esperei alguém atender.

- Alô. – a voz de minha mãe soou me dando um susto.

- Mãe?

- Lorena? Minha filha! – disse emocionada.

- Deixaram você atender o telefone? – perguntei surpresa.

- Não, os únicos homens que estão aqui estão lá fora. – disse com a voz melhorada.

- Estou com saudade. – falei retorcendo os lábios. – Está tudo tão complicado aqui. Justin anda tão irritado que eu tenho preferido nem tocar na sua questão, mas eu quero muito que você venha aqui, preciso de você. – falei manhosa.

- O que está acontecendo, minha filha? Eu soube do Chaz e eu sinto muito.

- Foi horrível, mãe. Ele estava na minha frente e segundos depois tudo aconteceu. – falei ficando estática ao lembrar da cena da explosão.

- Lorena, eu nunca imaginei que um dia viveríamos assim. Eu trancafiada nessa casa e você morando com um cara como o Justin.

- Como assim “um cara como o Justin”?

- Você sabe... um assassino.

- Mãe, quantas vezes vou ter que dizer que Justin não é um assassino? – falei me alterando.

- Ele matou seu pai, Lorena. Minha filha, você tem ignorado essa questão por tanto tempo tudo por causa desse amor doentio que você sente por ele. Você é jovem, bonita... não deixa de acreditar que você pode ser feliz sem ele. Seu pai apenas queria isso pra você, uma vida normal.

- Mãe... – tentei cortá-la, mas havia um nó em minha garganta.

- Não te criei pra isso, Lorena. Esse telefone não funciona pra fazer chamada, mas se funcionasse eu mesmo entregaria ele. Eu preciso te livrar dessa vida que você acha que é boa pra você, mas não! Não é!

- Você não sabe nada do meu pai, você não sabe com quem ele se meteu pra poder nos prejudicar. – falei com os dentes trincados sentindo as lágrimas marejarem meus olhos.

- Eu seu muito sobre o seu pai, Lorena. Muito mais do que você imagina e eu vivi a minha vida inteira tentando manter você longe disso.

- Do que você está falando?

- Com quem você está falando? – ouvi uma voz grossa do outro lado da linha e em seguida a chamada caiu.

Tirei o celular da orelha com os pensamentos longe. Tudo que eu sempre tive a minha vida toda foi a minha família e hoje em dia meu pai estava morto e minha mãe cada vez mais distante. Minhas escolhas não era as melhores para minha mãe e eu me sentia divida, porém havia uma família que precisava de mim e essa era a minha família agora. Chuck, Alice e Justin.  “Eu vivi a minha vida inteira tentando manter você longe disso.” Essa frase ecoava em minha cabeça. Minha mãe sabia de algo. Fiquei em dúvida se falava ou não para Justin, mas ele me mataria só de saber que eu havia ligado para ela. Voltei para sala ainda distraída e entreguei o celular para Emma.

- Obrigada. – falei automaticamente sem prestar atenção no que fazia.

Por sorte, Justin surgiu na sala assim que Emma guardou o celular no bolso e sua cara não estava nada boa. Cabelo despenteado, cara amassada e o rosto franzido em raiva. Ele não havia acordado bem mais uma vez. Me aproximei e ele virou o rosto pra mim.

- O que foi? – perguntei preocupada.

- Nada. – respondeu seco indo direto para o escritório sem falar com as crianças.

Mordi os lábios querendo ir atrás, mas me contive. Alice, Chuck e Cindy miravam a porta do escritório fechada e me deu pena. Me aproximei dos três mais uma vez tentando distraí-los da grosseria do pai.  Meia hora depois Pattie e Jeremy chegaram fazendo com que eles esquecessem completamente que Justin estava em casa, mas meus pensamentos ainda estavam nele. Me doía ve-lo tão mal e preocupado, mas sabia que o melhor era não me meter. Fernanda e Ryan haviam chegado instantes depois e todos resolveram ir para a piscina quando Jeremy teve a ideia de fazer churrasco. Estava completamente desanimada e querendo que Justin me desse atenção, mas de nada iria me adiantar ficar fazendo plantão na sala esperando ele decidir e falar direito comigo. Levantei do sofá decidida a ir lá pra fora e espairecer quando Kimberly passou por mim feito um furacão invadindo o escritório do Justin sem ao menos bater na porta. Olhei aquilo abismada e com ciúme, mas me obriguei a não ir atrás.

 

POV Justin.

- Bater na porta faz bem. – falei puto assim que Kimberly fechou a porta e se aproximou.

- Eu não sei o que você está fazendo nesse escritório o dia todo todos os dias, não sei se você acha que pode resolver as coisas assim, mas vim aqui pra te avisar que eu me rendo, Justin. Eu me rendo a sua burrice.

- Vai logo ao ponto. – disse sem saco com os cotovelos apoiados na mesa e os dedos massageando as laterais da minha testa. Aquela dor não havia diminuído nem um pouco.

- Estou me mudando pra sua casa. – falou cruzando os braços.

- Seja bem vinda. – tentei não me importar.

- Isso é tudo que você tem pra me dizer? Meus capangas somem, minha proteção diminui, minha filha corre risco e isso é tudo que você tem pra me dizer? – gritou fazendo minha cabeça doer mais ainda.

Fechei os olhos com força sentindo a pressão apertar meu cérebro.

- Fala baixo. – falei sem saco.

- Agora ainda se da o luxo de ficar com essa merda de dor de cabeça e não fazer mais porra nenhuma!

 -Se está tão preocupada, porque não pega seus homens e vai na rua e me diz o que você acha. Porque eu não acho nada, não encontro merda nenhuma. Então não venha aqui me dizer o que tenho que fazer, Kimberly! – falei acompanhando seu tom de voz.

- Você é o cabeça disso. Se você se perder, todos se perdem.

- Agora eu sou o cabeça? Cadê sua autoridade de dizer que trabalha comigo e não pra mim?

Kimberly mordeu o lábio sem resposta, mas sua raiva estava estampada.

- Custo acredita que a coisa que mais amo nesse mundo veio de você. Se sairmos vivos disso, fique ciente que você nunca mais verá minha filha!

- Você não tem esse direito. Vai contar suas historinhas pra quem está interessado. – falei com desdém fazendo-a se aproximar com ódio.

- Minhas cicatrizes na perna podiam estar nos corpos dos seus filhos. Me diz se não está interessado em saber das minhas historinhas, Justin. Me diz! – gritou louca.

A encarei sentindo meu sangue quente correr em minhas veias. Minha cabeça só piorava o meu humor.

- Tenha um bom dia. – disse debochada se afastando de mim e em seguida saiu batendo a porta.

Me afundei mais naquela cadeira e o ódio me dominava. A dor se alastrava por todo o meu corpo e eu não conseguia se quer pensar. Não tinha alternativas. Chegava a ter as mãos trêmulas de tanto ódio guardado dentro de mim. O dia já começava mal e terminava pior ainda, era assim que minha semana se passava. Levantei bufando alto tentando me controlar, mas a vontade estava gritando a salivando em minha boca. Passei a mão no rosto tentando me livrar daquela vontade, mas era o melhor a se fazer. Voltei a sentar na minha cadeira e abri a gaveta com força. Meus movimentos eram rápidos e afobados como se eu necessitasse daquilo para sobreviver. Eu iria me drogar, só assim me sentiria melhor. Não estava com a mesma disposição de antes, estava enfiado naquele escritório feito uma criança amedrontada e precisava de adrenalina na veia pra sair pela rua e encontrar esse filho da puta. Precisava acabar com aquilo, precisava me focar. Tinha que exteriorizar todos os meus sentimentos ruins, precisava de sangue nos olhos, de coragem. Arrumei as carreirinhas sentindo meu coração bater forte e meu corpo ficar quente. Enrolei um pequeno pedaço de folha de papel e me preparei pra aspirar a primeira carreira. Puxei tudo pra dentro sentindo o nariz ficar dormente. Funguei já sentindo o alívio, já me sentindo mais forte. Meus lábios riram em nervoso e me preparei pra aspirar a próxima. Meu coração acelerava mais e o tremor já cessava em minhas mãos. A dor de cabeça diminuía e sentia como se em instantes todos os meus músculos estivessem enrijecidos. Eu era o dono do mundo outra vez. Deixei minha cabeça no encosto da cadeira sentindo o sangue em minhas veias, todos os sentidos estavam aflorados. Já começava ficar agitado, já começava a querer ver sangue. Queria pegar meu carro e correr o mais rápido que eu pudesse. Me preparei pra aspirar a ultima carreira. Puxei metade pra dentro quando ouvir a voz da Lorena chamar o meu nome. Levantei meu rosto e encarei sua fisionomia decepcionada.

 

POV Lorena

Conversava com Fernanda sobre sua gravidez quando meus olhos notaram Kimberly se aproximando. Ela podia tentar disfarçar porque todos estavam ali, mas eu conhecia aquela testa franzida.

- Vou lá dentro ver como o Justin está. – falei para Fernanda e dei uma ultima olhada nas crianças na piscina.

Entrei dentro de casa e me aproximei calmamente. Empurrei a porta já imaginando o que dizer para tirá-lo de dentro daquele escritório pelo menos pra almoçar, mas me deparei com uma cena que arrepiou meu corpo todo. Minha boca ficou seca no instante que ele levantou a cabeça e eu reparei o resto do pó que sobrava na mesa. Ele estava se drogando. Um nó se formou em minha garganta e eu me desesperei. Entrei no escritório e ele se levantou alterado.

- Eu não acredito. – falei por um suspiro completamente decepcionada.

- O que você está fazendo aqui? Eu não te chamei aqui! – esbravejou com os olhos vermelhos.

- Você disse que não ia mais fazer isso. – gritei empurrando seu corpo.

- Adivinha? – sorriu debochado com o nariz fungando. – Eu sou um homem que quebra promessas. – disse despreocupado e começou a andar pelo escritório pegando suas coisas.

- Onde você pensa que vai? – perguntei completamente destruída, mas minha raiva não deixava uma lágrima se quer descer.

- Onde eu vou? Vou lá me foder pra manter você viva. Gostou dessa resposta? – respondeu ainda debochado.

Fiquei estática com o coração partido ao meio. Eu queria gritar, eu queria bater nele, eu queria arranhar seus braços e ver seu sangue em minha mão, mas eu estava triste, completamente destruída em vê-lo naquele estado.

- Não faz isso, por favor. – tentei impedi-lo, mas parecia nem se importar com o que eu falava. Continuei se armando e colocando munição em volta de sua cintura.

- Justin, você me prometeu! – gritei. – Você se drogou outra vez, eu não acredito. – me desesperei passando a mão pelo rosto.

- Você já deveria saber que eu não sigo regras, muito menos ordens suas, querida Lorena. – disse ainda irônico com seus olhos cada vez mais vermelhos.

Minha respiração ficou ofegante e senti a raiva invadir meu peito de uma forma que doeu. O olhei com desprezo passando a mão por entre meu dedo anelar e tirei a aliança enquanto ele se distraída com suas coisas.

- Toma essa merda, ela não significa nada pra você. – falei com ódio jogando a aliança em cima dele.

Justin me olhou sem entender até que seus olhos foram ao chão onde a aliança havia caído e em seguida ele se voltou pra mim outra vez com os olhos em brasas. Seus passos foram rápidos, apenas senti quando sua mão apertou meu braço com força.

- Quem você pensa que é pra fazer isso, sua filha da puta? – gritou enquanto eu tentava me livrar de seu apertão.

- Você está me machucando. – falei entredentes.

- Foda-se! Pega essa porra dessa aliança e coloca na merda do seu dedo agora! Aquilo significa que você é minha! Que você é uma cachorra que tem dono. – disse autoritário e o fitei completamente ferida enquanto negava com a minha cabeça.

- Me solta, Justin! – grunhi tentando me livrar de seus braços até que ele decidiu me soltar me dando um empurrão me fazendo cair em cima da estante de livros do escritório.

Senti um impacto forte e doloroso em minhas costas quando a estante tombou fazendo alguns livros caírem em cima de mim. Me protegi com meus braços até que Justin correu e segurou a estante antes que ela caísse em cima de mim completamente. Sentia as lágrimas embaçarem minha visão e o desespero percorrer livremente meu corpo. Quem era esse homem? O que ele estava fazendo comigo. Minhas costas doíam e me sentia completamente humilhada no meio daqueles livros caídos.

- Eu não queria fazer isso. – disse sem jeito enquanto eu me levantava. – Vem cá. – falou me tocando e eu me desviei.

- Não me toca! – falei com ódio fazendo ele me olhar sem jeito.

- Quantas vezes já pedi pra você não se meter no que eu faço? Eu sei o que é melhor pra mim, eu sei o que eu faço da minha vida. – disse voltando a se alterar, mas poderia ver o desespero do remorso em seus olhos.

- Faça o que você quiser da sua vida, Justin! A partir de hoje eu não pertenço mais a ela. Ou você sai dessa casa ou eu saio. A escolha é sua. – falei tentando limpar a garganta do choro. Eu não podia fraquejar, não agora. Não podia me jogar aos seus pés mais uma vez.

- Que merda você está falando? – gritou.

- Você entendeu muito bem. Não foi a primeira vez que você me agrediu, mas eu juro pra você por tudo que eu tenho de mais sagrado que foi a última.

- A gente pode resolver isso de outro jeito. – se desesperou pegando meu rosto com as duas mãos e tentando alcançar meus lábios em desespero.

Me livrei de suas mãos me afastando até que toda sua meiguice deu lugar a um semblante severo. Sua oscilação de humor já era normal, mas a droga deixava isso muito mais aflorado.

- Você não vai a lugar nenhum, nem eu! Você vai continuar nessa merda dessa casa cuidando dos nossos filhos.

- Você ou eu. Você escolhe, já disse. – cruzei os braços e ele me fuzilou.

- Você sabe que amanha eu sou seu Justin mais uma vez. – falou se aproximando e tocando meu rosto.

- Mais a partir de hoje eu não sou mais a mesma Lorena. – rebati.

- E pra onde você vai? Pro Canadá? – debochou colocando uma mecha do meu cabelo pra trás da orelha. – Ou vai correr pro Chaz. Ah, não! – disse fingindo surpresa. – Essa daí está morto.

- Você me enoja, Justin. – falei enquanto suas mãos apertavam o meu corpo me tirando o senso.

- Não é isso que você diz quando eu estou em cima de você. – falou em meu ouvido fazendo meu braço se arrepiar. Fechei meus olhos descompassando a respiração.

Tentava me livrar dos seus braços, mas ele me prendia com força. Comecei a me debater para sair de onde ele estava me encurralando.

- Me solta, Justin! Eu não quero. – falei tentando empurra-lo e recebi uma lambida na bochecha.

- Desde quando você me nega sexo? – debochou.

- Já falei que não pertenço mais  você. – grunhi fitando seus olhos.

- Aquele circulo ali no chão não representa nada. Você já era minha antes do casamento e vai continuar sendo.

- Me solta. – falei enquanto ela apertava minha bochecha com uma mão e descia a alça da minha blusa com outra.

- Quietinha... – sussurrou em meu ouvido e eu me desesperei.

Comentários

H

Vitória | 09/02/2013

Perfeitooooo demais , preciso ver a kim e a lorena na mesma casa , mas será que a lorena vai ficar ? Mds sos continuaaaaaaaaaa linda

Who are you

Rafaella | 09/02/2013

GURIAAAAAAAAAAAAA SCORRO COMO VC PODE PARAR EM UM FINAL DESSES???/ SOCORRO DFJSDNFKJNFKJSDFD
ENFIM, AMEI O CAP

who are youuuu

biebercloser | 09/02/2013

meu deus clara...la vem eu e meus textos se prepare. BOM eu nao queria que eles se separassem obvio,mas se ele se separassem a fic vai ficar mais longa entao quanto mais longa MELHOR. MAS isso nao quero dizer que eles tem q se separar obvio ate pq eu vou morrer se isso acontecer,vou ficar depre. e o justin tbm nao pode abusar dela kra tipo JUSTIN NÃÃÃÃO. sdjklfjçsfjg mds continue logo apenas plmdds POR FAVOR clarinha do meu coração to mt ansiosa p proximo cap. serio,bjo EEEEE tomara que eles nao se separe, ah e o cap. ta mais q perfeito jsdfkadjsf amei amei se eu fosse o justin eu ia curtir o churrasco com a lore,em fim bjo tchau pq se vc deixar eu passo o dia escrevendo sobre DO sdjalfkasdf xxxxx

capitulo.

joyceee. | 09/02/2013

Queeee fooodaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!! Esse final ficou JFGYFJKFVJG NGSHUMHFVBCNH ai tô sem palavras pra descrever!! Acho que nem preciso dizer o quanto estou ansiosa pro próximo ne? Sério até eu fiquei com medo do que o justin vai fazer.... MENTIRA fiquei nada!!! Não tô brincando fiquei com dó da lorena!!! Beijooos clara MELHOR ESCRITORA DO MUNDO!!!!!!!!!!!!!!!!! TE AMOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!E obrigada mais uma vez por ter me escolhido pra betar esse cap!!!!! VALEU LOL UHUUUU

:o

Paloma | 09/02/2013

Meu deus eles vao se separar ?? Odeio o justin assim ! Sos morrendo posta pfvr !podia acabar tudo e eles vieverem felizes de uma vez

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