Take Me Away

 

Eu sentia o desespero tomar conta de mim feito algo sufocante. Não conseguia me concentrar no que eu estava fazendo e as consequências rodavam em minha mente feito um carrossel acelerado. Passei pela rua da casa do Ryan me orientando pelo GPS e segui dirigindo em frente quando percebi que era apenas uma rua sem saída e muito vazia. O mato não era cortado havia muito tempo e parecia que eu poderia me perder só de pensar em me infiltrar ali. Parei o carro e sai batendo a porta. Meu coração estava acelerado, chegava a doer em meu peito. A tensão caminhava livremente em meu corpo. A adrenalina me fazia tomar as ações, porque se dependesse de mim, o medo me obrigaria a voltar. Só podia ser ali, não havia outro lugar. Minha visão foi se acostumando com a escuridão e pude perceber a sombra de um casebre a alguns metros de mim no meio da grama alta. A noite estava silenciosa, mas eu podia ouvir o meu coração bater fortemente em meu peito. Andei mais um pouco chegando perto do casebre e sentia o medo congelar a minha espinha. Empurrei a porta de leve ouvindo-a ranger e a escuridão vetava qualquer informação que viesse de dentro daquele lugar. Eu estava alerta e preparada para levar qualquer susto. Se aquilo fosse uma emboscada, eu não tinha chances alguma de sobreviver. O cheiro de mofo era forte e a luz do luar pouco entrava pela única janela do lugar. Coloquei um pé à frente enquanto olhava tudo ao redor procurando por ele. A tensão deixava minhas bochechas gélidas e havia uma pressão em meu corpo me fazendo tremer até que ouvi sua voz cansada e dolorosa.

– Estou aqui, Lorena.

Meus olhos seguiram a voz e só então notei sua sombra jogada no chão com as costas apoiada na parede.

– Chaz... - sussurrei seu nome sentindo o medo me possuir. - O que esta acontecendo? - perguntei me desesperando um pouco receosa em me aproximar.

Com muita dificuldade, Chaz se apoiou na parede se colocando em pé e automaticamente dei um passo pra trás. O sangue havia corrido de meu rosto e com certeza eu estava pálida. Seus passos lentos viam em minha direção e ele parecia fazer aquilo como se fosse uma ação que exigisse muito esforço dos seus músculos.

– Não se assuste. - falou baixo assim que eu senti minhas costas se chocarem com a parede.

– O que você quer? Por que meus filhos estão em perigo? O que esta acontecendo? - perguntei com o coração quase explodindo e logo ele estava perto de mim fazendo com que a luz do luar que entrava pela janela ao meu lado iluminasse fracamente o seu rosto.

Se eu não reconhecesse sua voz, eu nunca adivinharia que embaixo de todo aquele sangue e hematomas estava Chaz. Ele estava simplesmente irreconhecível e completamente ferido. Levei minhas mãos à boca prendendo a reação do susto que tomei enquanto olhava seus olhos inchados e roxos.

– O que... o que fizeram com você? – perguntei desesperada liberando a boca calmamente.

– Eu me meti com quem não devia. – suspirou. - Eu não sabia que isso era tão perigoso, eu não queria ter chegado a um nível tão alto, eu só queria você, você! Apenas você! - disse segurando meu rosto e estremeci.

– Com quem você se meteu, Chaz?

– Não posso dizer. Te matariam só de imaginar que você sabe de alguma coisa - disse soltando meu rosto.

Minha curiosidade me consumiu e eu precisava ver o que estava acontecendo. Passei a mão por toda a parede próxima a porta enquanto Chaz me fitava sem entender. Achei o interruptor e acendi a luz. Em segundos vi suas roupas rasgadas e mais ferimentos pelo corpo e em seu braço direito havia um pedaço de pano enrolado estancando o sangue. Mas rapidamente Chaz apagou a luz e me olhou furioso.

– Ta louca? Quer denunciar onde estamos? - se desesperou.

– Me explica o que esta acontecendo, por favor.

– Eu apenas posso dizer que vocês estão correndo perigo. Você tem que ir embora com os seus filhos. Essa pessoa não quer o Justin, ele quer matar vocês e deixar o Justin vivo sofrendo! - se desesperou.

– Quem? - gritei.

– Não posso dizer! Me escuta - acalmou a voz voltando a segurar o meu rosto. - Você tem que ir embora. Eu não quero você morta, eu não quero ninguém morto. Eu apenas queria você comigo, eu apenas queria ser o melhor pra você. Eu não queria machucar ninguém.

– Chaz....

– Faz o que eu estou te dizendo - me interrompeu. - Eu sou um animal, eu não mereço sua confiança, mas eu preciso que você faça isso.

– Por que? O que esta acontecendo, por favor, me explica. Eu não aguento mais isso... – falei passando a mão pela cabeça.

– Eu não posso... – disse fraco negando com a cabeça. - Eu estou sentenciado de morte, eu consegui fugir, mas se me acharem eu serei um homem morto. Eu vou sumir, eu vou viajar para outro lugar.

– O que fizeram com você? - perguntei alterada tirando suas mãos de mim e ele se calou me fazendo insistir - Por que fizeram isso com você?

– Porque eu decidi sair do esquema. Isso não é pra mim. Ele me enganou, ele disse que manteria você viva, que apenas iria afastar o Justin de você. Mas ele mentiu, ele me enganou como Alana fez. Ele se mostrou ser o que não era e de repente... eu estava diante da pior pessoa que já conheci na minha vida. O que ele quer fazer com você me tortura só por pensamentos. - disse completamente fora de si e eu estremeci.

– Chaz... – sussurrei em prantos notando seus ferimentos. Aquilo chegava a doer em mim.

– Você precisa proteger os seus filhos! - ordenou.

– Eu não posso fugir do Justin de novo. - falei sentindo a emoção tomar conta.

– Mas você tem que fazer isso! Eu não quero você morta, não dá pra viver sabendo que você corre perigo aqui! – gritou.

– Por que, Chaz? Por que você fez isso comigo? Eu confiava em você! - desabei batendo em seu peito e ele se afastou. – O fogo... – falei lembrando do acontecimento. - Você colocou fogo na casa, eu sei que foi você! - falei com os dentes trincados.

– Foi uma ordem! - se defendeu. - Eu achei que você estava no Canada com ele, não imaginei que ele te deixaria sozinha outra vez. Aquilo foi apenas um alarde pra chamar a atenção dele.

– Como você fala isso com tanta naturalidade? Eu quis acreditar até o ultimo instante que você não seria capaz daquilo, mas olhe pra você. Quem é você? - perguntei com escarnio. - Você quase matou os meus filhos! - gritei.

– Não foi a intenção! Já disse que não imaginava que vocês estivessem lá! - se desesperou. – Eu nunca concordaria em fazer aquilo se soubesse que poderia te machucar!

– Eu não acredito em você, eu não acredito em nada que você diz! Você é um doente. - cuspi as palavras. - Eu não sei nem o que eu estou fazendo aqui. O Justin sempre teve razão e eu sempre fui contra ele, mas você não é confiável, você nunca foi inocente!

– Eu te amo, esse é o meu erro! Eu sou completamente insano por você, eu não consigo ver você feliz com outra pessoa. - gritou.

– Você quase me matou, você não me ama, isso não é amor. - falei me rendendo as lágrimas.

– Eu te amo sim. - disse firme segurando os meus braços e mesmo que eu quisesse encarar seus olhos, todos os machucados não deixavam.

– Você sempre falou mal do Justin, mas se tornou pior que ele. – falei firme.

– Ele também quase te matou e ele sabia o que estava fazendo, eu não sabia que poderia te matar naquele dia! Por que você o inocenta e me culpa? Por quê?

Meu peito apertou. Por mais que eu sentisse ódio por tudo, eu não conseguia ter raiva dele completamente. No fundo eu me sentia culpada por ele estar naquela situação.

– Isso é loucura. - falei abaixando a cabeça e o choro dominou minha voz. - Você fez tudo pra eu me afastar de você. Chaz, você era importante pra mim. Eu nunca imaginei que você pudesse se voltar contra um amigo seu por causa de mim. Você está louco! Você precisa se internar! - gritei.

– Eu nao sou louco! - disse firme e com ira enquanto suas mãos apertavam meu braço.

– Me solta. - falei fraco e com medo e no mesmo instante ele olhou pras próprias mãos se arrependendo do que fazia e me soltou de leve.

– Eu preciso ir. – disse por fim. – Me prometa que você vai fugir. Me prometa que vai sair daqui e manter seus filhos vivos, apenas me prometa isso.

– Você tem que me dizer o que está acontecendo, eu tenho certeza que o Justin pode resolver!

– Não, ele não pode. – disse firme. – Ele não tá preparado pro que tá vindo. – falou sem me fitar.

– O que está vindo? Chaz... me fala por favor. – segurei seu rosto fazendo-o me notar e nos afastamos assustados ouvindo a porta se abrir com força.

A pessoa que entrou, bateu com força na parede ligando a luz e eu tremia só de imaginar que podia ser qualquer pessoa além dele. Mas quando fitei sua fisionomia de ira, me questionei se qualquer outra pessoa me causaria mais medo do que aquilo?

– Filho da puta... – Justin esbravejou pegando a arma da cintura e eu entrei na frente por impulso.

– Não, por favor! Justin, não faz isso! – gritei, mas ele me ignorou completamente empurrando meu corpo contra a parede e indo para cima do Chaz.

– Você acha que é melhor que eu? Você acha que é mais forte que eu? Acabou pra você, Somers. – gritou com a voz firme mirando a arma para a cabeça de Chaz e temi que ele fizesse aquilo na minha frente.

Chaz se mantinha calado e frio olhando para a arma como se não tivesse duvidas da sua morte. Corri até Justin segurando seu braço.

– Justin, não faz isso, por favor, olha pra mim, não isso. – implorei aos prantos.

– Vai pro carro. – disse estúpido sem me fitar e eu o ignorei.

– Eu não vou sair daqui! – rebati no mesmo tom fazendo ele me olhar com fúria.

– Então fica aí e veja o seu protegido morrer. – cuspiu as palavras e em seguida voltou a fitar Chaz e eu percebi que ele ia atirar.

Podia escutar as batidas do meu coração, sentia minha boca ficando seca e meu corpo pesar. Minha mente se apagou e tudo que eu sabia era que eu não suportaria ver aquela cena, não mesmo. Empurrei seu braço com força no mesmo momento que percebi ele apertar o gatilho e a bala acertou a parede próximo de Chaz. Justin voltou seus olhos furiosos para mim enquanto eu o fitava com medo e trêmula.

– Filha da puta! – Justin cuspiu as palavras sem acreditar no que eu havia feito.

– Lorena, vá! – Chaz disse e Justin o fitou com ódio.

– Não, não... Justin, por favor. – entrei em sua frente segurando seu rosto, mas seus olhos não me fitavam.

Chaz estava encurralado na parede e Justin estava a menos de 10 metros dele. Tentava fazer ele me olhar, tentava fazer ele se acalmar e minhas lágrimas rolavam e meu peito apertava ainda mais.

– Justin, meu amor. – voltei a falar enquanto seus olhos não saíam dos olhos de Chaz. – As coisas não precisam ser assim. Chega de morte e sangue por minha causa, por favor.

– Vai pro carro. – falou pausadamente sem nenhuma emoção. Apenas sua testa franzida e seu peso demoníaco na voz.

– Justin, por mim... abaixa essa arma. – pedi com o coração palpitando. – Escuta o que ele tem pra te di... – ele me calou com o indicador e começou a olhar em volta como se prestasse atenção em algum barulho.

Seus olhos inquietos pararam em Chaz e Justin começou analisar seu corpo quando de repente seus olhos dilataram surpresos fazendo com que ele automaticamente segurasse minha mão e começasse a correr para fora dali.

– Anda! – ele gritou ao me ver cambalear.

Não conseguia respirar direito, não conseguia entender o que acontecia, ele apenas me conduzia rapidamente para longe dali enquanto eu olhava para trás na esperança que Chaz fugisse de seja lá o que estava por vir. Senti um puxão e não percebi os movimentos rápidos de Justin. Sem conseguir entender, eu estava no chão e Justin cobriu meu corpo ficando por cima de mim enquanto o medo me fazia paralisar. O barulho foi ensurdecedor e rápido. Um clarão iluminou o lugar e eu sentia a respiração forte de Justin em meu pescoço enquanto ele tentava ao máximo me proteger embaixo sobre seu corpo. Eu queria olhar, eu queria entender o que estava acontecendo, mas eu tinha certeza que aquilo tinha sido uma explosão, muito próxima de nós. Queria me certificar que Chaz havia conseguido fugir. Justin liberou meu corpo calmamente e se levantou me pondo de pé e me deu a mão me obrigando a correr mais em direção ao carro. O fogo consumia o matagal rapidamente causando um desespero em mim. Eu estava sufocada, ofegante e com os olhos irritados.

– o Chaz... – sussurrei sem fôlego fazendo Justin olhar para trás e me fitar ainda com raiva.

– A bomba estava nele.

O peso que o meu coração fez em meu peito me sufocou. Eu olhei pra trás encarando aquele fogo e não acreditei. Ele estava morto. Parei de andar sentindo meus joelhos fracos. Eu queria chorar, mas aquilo não podia ser verdade. Não, não era verdade. A bomba não estava nele, ele havia conseguido fugir. Minha respiração se desesperou e Justin me olhou preocupado.

– Vamos. – ordenou me puxando e eu não sentia o chão.

– Justin, diz que isso é mentira. – falei fraca sentindo as lágrimas embaçarem minha visão.

– Nós temos que sair daqui! – gritou já próximo dos dois carros estacionados ignorando completamente o que eu havia falado.

– Me fala que ele não está morto! – gritei com a garganta sufocada pelo choro soltando minha mão da dele e parando de andar.

– A bomba estava presa na panturrilha, Lorena. Ele está morto. – disse impaciente.

Olhei para trás mais uma vez e deixei o soluço do choro sair. Já estávamos distantes do local, mas ainda sentia o bafo quente. Abracei meus próprios cotovelos sem acreditar que aquilo havia acontecido. Não, não desse jeito tão cruel e dramático. Ele não arriscaria a própria vida para me matar. Ele estava me obrigando a fugir, ele jamais iria querer explodir comigo perto. As lembranças vinham para me esmagar. Em toda ausência de Justin, ele sempre foi uma presença de pai muito importante para Chuck e Alice. Sempre amou e cuidou tanto deles quanto de mim. Seu único defeito foi me amar, me amar doentiamente. Pela primeira vez me senti culpada por não poder ter dado a ele tudo que ele queria que eu desse. Eu me obriguei a amá-lo, eu tentei ser apaixonada por ele e ter uma vida tranquila, mas cada centímetro meu pertencia a Justin e se nesse momento Chaz não estava mais aqui, a culpa era toda minha.

– Vamos, Lorena. – Justin tocou meu ombro e me puxou para próximo a ele.

Eu não queria ir, mas não tinha forças. Apenas deixei seu corpo me levar até o carro e percebi que haviam mais homens ali fazendo a segurança do Justin. Todos estavam assustados com que haviam acabado de ver. O suor e a quentura do corpo de Justin se chocava com o meu e nem mesmo tão próxima eu me sentia protegida. Meu coração estava esmagado, completamente destruído. Simplesmente eu queria ter uma maneira de voltar atrás e não deixar nada disso acontecer. Justin abriu a porta da Ferrari pra mim e eu sentei no banco sem fitar ele. Estava em transe, estava com a cabeça distante dali. Ouvi com os pensamentos longe quando ele mandou alguém levar de volta o carro dele e em seguida entrou no carro ocupando o meu lado. Meu corpo estava completamente mole e as lágrimas escorriam em meu olhar perdido. Não quis encarar o Justin, mas dava para sentir todo o sentimento dele. Ele estava com ódio e preferiu não abrir a boca até chegarmos em casa dando livre espaço para que meus pensamentos me torturassem. Chegamos em sua casa e eu ainda permanecia em torpor, tentando aceitar os recentes acontecimentos. Justin saiu do carro batendo a porta e eu não esperei que ele abrisse para mim porque sabia que ele não iria fazer isso, então abri a minha porta e saí calmamente desejando um remédio que me fizesse dormir pelos próximos meses. Justin entrou em casa primeiro que eu e de longe já ouvia o falatório preocupado. Quando atravessei a porta, todos os olhares se voltaram para mim.

– Lorena, minha filha! – Pattie se desesperou se aproximando enquanto eu notava Justin bater a porta do seu escritório.

Minha mãe não estava mais ali e com certeza alguém tentava distrair Diane e Bruce em algum outro lugar por eles não saberem de nada do que se passava na vida do neto. Kimberly me olhava com ira enquanto Fernanda e Charlie me olhavam com preocupação. Jeremy e Jazzy estavam sentados e pareciam tristes enquanto Ryan estava furioso no canto da sala. Não quis ficar ali, eu não queria responder perguntas, eu não queria segurar o choro. Apenas corri para a escada e subi usando o resto de força que me sobrava. Empurrei a porta do quarto do Justin com força e me despi enquanto caminhava para o banheiro. Eu já estava chorando, eu já estava pensando nas ultimas palavras de Chaz rondando em minha cabeça. Entrei no box, liguei o chuveiro e me joguei no chão deixando a água cair em mim e se misturar ao meu choro. Isso não era justo. Não era justo todo mundo sair ferido por causa de mim. Quem mais morreria? Quem seria o próximo? Quando me tornei tão cruel? Por que tudo tinha a minha assinatura? Por que o mundo estava desabando e na ponta dele estava eu fazendo-o desabar. Os soluços saiam livremente agitando meu peito. Chaz estava morto, Chaz estava morto, Chaz estava morto... não importa o quanto eu me repetisse isso, nunca soaria como verdade. Não se por quanto tempo fiquei me martirizando no chão do box, mas resolvi me levantar e fechar o registro. Sequei um pouco o cabelo na toalha ainda sentindo que estava partida ao meio e vesti uma blusa do Justin que estava pendurada atrás da porta. Não me preocupei em pentear o cabelo, apenas queria dormir. Apenas precisava me desligar do mundo e daquela dor. Abri a porta do banheiro e voltei pro quarto dando de cara com o Justin sentado na poltrona perto da cama batendo os pés impacientemente. Congelei sem conseguir me mover. Eu não estava com medo, eu estava assustada e sabia que ele iria querer falar tudo que eu não precisava ouvir naquele momento, mas ele permaneceu no mesmo lugar até mesmo quando me aproximei da gaveta pegando e vestindo uma calcinha. Sua blusa me cobria até o meio das coxas e aquilo me parecia confortável para dormir mesmo que eu já soubesse que talvez não conseguiria. Me aproximei da cama tirando a colcha de cima dela e sabia que seus olhos estavam fitando cada movimento meu. Não queria cruzar meus olhos com os dele, não queria que começássemos uma discussão, mas não tinha a menor ideia de quanto tempo ele estava disposto a ficar na mesma posição me olhando como se controlasse sua raiva. Deitei na cama tentando ignorar ele, mas ainda podia sentir toda a tensão no quarto, então preferi me deitar de costas e ignorar sua presença ali. Fechei os olhos com forças e torci para que o sono viesse e me levasse da realidade. Estava intacta, esperando que sua voz invadisse seus ouvidos, mas a única coisa que senti foi a cama se mexendo atrás de mim e em instantes seus braços me rodearam me levando para próximo dele e me aninhando em seu corpo. Abri os olhos assustada e sua respiração estava em meu ouvido me arrepiando e me livrando da tensão.

– Você poderia ter morrido. – sussurrou como se refletisse e eu me calei sentindo uma lágrima escorrer no canto do meu olho e molhar o travesseiro. - Você simplesmente poderia ter morrido. – repetiu com a voz um pouco mais nítida.

– Desculpa. – sussurrei com dificuldade.

– Por que você sempre faz isso? Por que você foge de mim? E se um dia eu não chegar a tempo de te salvar? Você já parou pra imaginar como eu ficaria?

– Justin, eu... – comecei a dizer e desisti com um suspiro.

– Eu quero apenas dormir. Eu tive medo de não poder dormir essa noite com você, eu tive medo de nunca mais poder dormir com você.

Me virei saindo dos contornos dos seus braços e me ajeitei no travesseiro de modo que pudesse olhar para ele e só assim percebi seus olhos marejados.

– Você me ama? – perguntei fraco encarando-o de perto com o coração apertado.

– Que pergunta é essa? – franziu a testa.

– Apenas me responde se você me ama. – insisti enquanto outras lágrimas caiam.

– É óbvio que eu te amo. – respondeu estressado e eu respirei fundo sem desviar meus olhos do dele.

– Então me tira daqui. – falei e o choro chegou modificando minha voz. – Me tira dessa loucura, me tira dessa vida. Me leva embora daqui, mas me leva embora com você.

Terminei a frase com um soluço e fechei os olhos fazendo as lágrimas caírem mais ainda. Justin se calou e me puxou para próximo dele fazendo meu rosto ficar próximo a seu pescoço e seu cheiro invadiu minhas narinas. Ele nada disse. O silencio dominou o quarto e eu não sabia se ele pensava a respeito ou se apenas não queria me negar aquilo naquele momento. Suas mãos acarinharam meus cabelos e finalmente ouvi sua voz depois do silencio.

– O problema não é onde você está, o problema é com quem você está. Em qualquer lugar você correrá perigo se estiver com a pessoa errada.

– Eu não quero ficar sem você. – me desesperei levantando meu rosto. – Não comece com esse assunto de que você não é bom pra mim.

– Mas eu não sou. – sorriu fraco.

– Eu não me importo. Eu não quero que você seja bom pra mim, eu quero apenas que você seja quem você é pra mim. Eu te amo, Justin.

– Eu não aguento mais te ver em perigo, eu não aguento mais te ver a centímetros da morte.

– Justin, eu não quero ficar de longe, eu não posso. – falei chorando segurando seu rosto. – Eu quero você comigo em qualquer lugar. Eu passei 18 anos da minha vida me sentindo deslocada numa família porque o meu lugar sempre foi ao seu lado. Eu encontrei a vida quando eu me apaixonei por você e ninguém pode me tirar isso. Ninguém!

– Irônico você encontrar a vida comigo, mas estar sempre quase perdendo-a por causa de mim.

– Você fala como se você não corresse perigo.

– Mas eu corro perigo por causa de mim mesmo, por causa das más decisões que tomei. Você apenas se machuca com as consequências disso. – falou e eu me levantei me pondo sentada na cama de costas pra ele.

– O que foi? – perguntou tocando o meu ombro.

– Eu sou uma má decisão sua. – falei com um sorriso sem humor.

– Eu não disse isso. – me corrigiu.

– Eu estou dizendo. – me virei olhando para ele. – Eu coloquei sua vida...

– De cabeça pra baixo. – me cortou concluindo a minha frase como se achasse aquilo um tédio. – Já sei disso, mas você está errada. Você colocou minha vida no lugar certo. – sorriu e eu abaxei minha cabeça sem conseguir fita-lo até sentir seus dedos em meu queixo.

– Lorena, quando eu percebi que você havia sumido, eu fui atrás de você e todos os seguranças me olharam assustados porque eles achavam que eu estava dentro daquele carro. – falou com um homem e eu fechei um olho já esperando a bronca. – Eu quase matei eles, eu juro.

– Justin! – o recriminei ainda rindo.

– Mas eu não fiz isso. – concluiu. – Você fez os caras de idiota pela segunda vez e pior... quem sai no meio da sua própria festa achando que não será pega? – falou e eu ri. – Mandei rastrear o carro e fui correndo atrás. Eu já estava imaginando o pior, se eu te encontrasse morta... eu não consigo nem pensar nisso. Por que? Por que você fez isso?

– O Chaz me ligou dizendo que tinha que falar comigo. Justin, ele disse que tem alguém planejando algo contra você.

– Eu sei disso. – respondeu óbvio. – Você precisou mesmo se arriscar pra ouvir isso?

– Mas Justin, ele disse que meus filhos corriam perigo e eu não quis pensar, eu apenas fui.

– Mas é óbvio que eles correm perigo, todos correm perigo. Você acha que esses idiotas são pagos pra olhar a casa por que?

– Justin, você não está entendendo! Ele disse que esse cara quer prejudicar a mim e meus filhos e deixar você vivo pra você sofrer com isso. O Chaz disse que eu precisava fugir... – falei insegura e desviei meus olhos.

– O Chaz estava com uma porra de uma bomba no corpo pronto pra te explodir. – falou estressado.

– Justin, não. Você não está entendendo, ele não faria isso. Ele não sabia que aquilo estava ali. Ele estava surrado, você não viu?

– E dai? – perguntou levantando uma sobrancelha.

Estalei a língua no céu da boca e me deitei de volta na cama. Não valia a pena conversar com o Justin nada que tinha a ver com o Chaz. Ele nunca acreditaria na inocência dele, mas eu vi aqueles olhos e eu percebi a verdade em sua voz.

– Você tem um coração bom demais, pra você todo mundo é bonzinho. – reclamou voltando a deitar na cama também de barriga pra cima.

– Justin, quer saber? Eu não vou mais me meter em nada, eu já vi coisas suficiente e hoje me bastou. Mas se um fio do cabelo da Alice ou do Chuck for arrancado, eu sumo com eles de novo e você nunca mais vai ver eles. – falei estressada e ele rapidamente subiu em cima de mim prendendo os meus braços com um sorriso idiota.

– Eu sei que você não conseguiria fazer isso de novo.

– Posso tentar. – dei de ombros.

– Ninguém vai tocar neles e eu peço a sua colaboração para que isso não aconteça. – falou ainda em cima de mim.

– Pode me soltar?

– Só se você me prometer que nunca mais sai sem mim.

– Eu não vou prometer nada. – falei emburrada.

– Entao não vou te soltar. – riu sapeca e eu tentei prender o riso.

– Tá, Justin. Eu prometo que nunca mais vou sair sem você. – falei revirando os olhos e ele sorriu satisfeito.

– Agora diz que eu sou gostoso e que você quer foder comigo.

– O que? Eu não vou dizer isso.

– Lorena... – falou chamando minha atenção como se estivesse puto e eu ri.

– Justin, eu não vou transar com você, fala sério. – falei irritada.

– O Chaz esta morto, eu tenho que comemorar isso.

– Idiota! – falei com raiva empurrando seu corpo com toda força para que ele saísse de cima de mim e então me levantei.

– Volta aqui. – falou jogado na cama.

– Você é muito insensível. Eu estou mal porque ele... – não consegui dizer aquilo. – porque aconteceu isso e você transar pra comemorar? – falei furiosa indo em direção a porta.

– Onde você vai? – perguntou levantando da cama e eu corri para o meu antigo quarto na casa da Pattie e tranquei a porta.

Ouvir aquilo me fez mal. Ouvia as batidas dele e toda sua irritação mandando abrir a porta, mas não voltei atrás. Precisava de um momento para mim. Precisava me acostumar com aquilo e não ficar ouvindo piadas.

– Lorena, abre a porta. – sua voz ficava cada vez mais alta, mas o ignorei indo para cama.

Deitei na cama e tentei tampar os ouvidos com o travesseiro, mas parecia que o Justin não estava disposto a parar com aquilo até que de repente houve o silencio e eu sorrio vitoriosa fechando os olhos e me preparando pra dormir. Respirei fundo e me ajeitei mais nos travesseiros. Alguns segundos se passavam e eu me esforçava para não pensar no Chaz e conseguir dormir quando senti a presença de alguém e abrir meus olhos levando um susto. Gritei o mais alto que pude até perceber que era Justin parado do lado da cama enquanto a cortina balançava freneticamente com a janela aberta.

– Você quase me matou. – falei ofegante com uma mao sobre o peito e ele riu debochado e em seguida deu a volta na cama deitando ao meu lado.

Acho que eu havia pego no sono e nem tinha reparado, pois ele tinha tomado banho e sua pele gelada em contato com a minha me deu arrepios. Não importa o quão tenso fosse o meu dia, todas as complicações sumiam quando eu podia ter o privilegio de dormir ouvindo sua respiração ao meu ouvido me certificando de um pequeno grande detalhe que me mantinha viva: ele existia.

Comentários

Capítulo

.@intensedrew | 28/12/2012

Oh meu Deus, que capitulo foi esse?!! Foi muitooooooooo bom, está cada vez melhor!
Tadinho do Chaz, fiquei com pena :'(
Ficou muito perfeito, bjs. Continua

Capitulo

@lightupjustin | 28/12/2012

Apenas chocada.

que que isso

Dryellen | 28/12/2012

CLAAAAAAAAAAAAARA de Deus ? o que foi isso menina ? você colocou uma bomba no Chaz tadinho ? :O
kkkkkkkkkkkkkk
Lorena sempre tão ingenua ..... ;-;

destino oculto ha

anyway bieber | 28/12/2012

deixei recomendação clarenhaa

destino oculto ha

anyway bieber | 28/12/2012

claraaaaaaaaa mds que cap foi esse? perfeito olha n sei se chegou o comentario ai mas eu ja comentei uma vez :/ n sei se foi,praticamente fiz um texto dsjghadsghasdg,serio eu me imagino na sena por isso que eu choro e fico tão feliz com os caps, eh tud tão perfeito..posta logo o prox. bjooooos

Apaix

Paloma | 28/12/2012

Cada vez melhor , pfvr !!! Nao demora para postar o outro pfvr !! Hahahah <33

cap.

joyce. | 28/12/2012

Mais um capitulo incrível clara!!!! Confesso que senti pena do chaz, e a parte que o justin vê a bomba e sai dali com a Lorena foi FODA, parecia cena de filme de ação.. Aghhh eles nem brigaram tanto assim :( kkkkkkk quero mais clara, não demora pra postar :(

Clara, as mina te ama.

@rihannamine | 28/12/2012

palmas pra escritora do ano
*kplskplskplskplskplskplskplskplskplskplskplskplskplskplskplskpls*
Que capítulo mais lindo de grande, muito perfeito, parabéns.
Finalmente Chaz morreu mas e agora, quem é o outro?

P

Vitoria | 28/12/2012

Que triste , tadinho do Chaz :( ficou perfeito amr ! Continuaaaaaa

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