Girl On Fire

 

Duas semanas depois

 

Eu queria não contar os dias, mas era algo impossível. As horas passavam se arrastando e parecia que toda vez que eu olhava para o relógio, os ponteiros permaneciam no mesmo lugar. Toda vez que eu ia dormir, eu agradecia a Deus por ser menos um dia longe dele que havia eu conseguido suportar. Apenas esperava ele voltar, abrir a porta de casa e me dar um sorriso reconfortante para me mostrar que estava bem. Assim que ele disse que voltaria ao Canadá, eu sabia que não iria adiantar pedir para ele ficar, então apenas pedir para ir junto já sabendo também qual seria sua resposta. Não queria brigar, não queria chorar, não queria mais problemas em nossas vidas, mas deixa-lo ir sem ao menos pestanejar por isso foi uma das decisões mais difíceis que já tomei. Tive que prometer centenas vezes a ele que não iria atrás, que não colocaria nossos filhos em risco e que eu ficaria em casa todo esse tempo sem tomar decisões drásticas. Meu coração apertava a todo segundo do dia que eu pensava nele e eu já não sabia o que responder quando as crianças perguntavam quando o pai iria voltar. Para piorar todo o meu humor, Justin havia deixado Kimberly supervisionando cada passo meu e das crianças e quando ela não estava por perto, algum capanga assumia o seu lugar e ficava atrás de mim feito sombra. Tentei reclamar algumas vezes pela falta de privacidade, mas eles apenas davam de ombros alegando que estavam obedecendo as ordens do Justin. Eu não conseguia olhar para Kimberly ou trata-la bem. Isso já era demais para mim. Cindy era uma criança adorável e me tratava como uma tia, mas nem de longe eu conseguia ter alguma simpatia por sua mãe. Justin e eu tivemos uma briga feia até ele conseguir me convencer de que ele apenas queria minha proteção, mesmo assim ainda me incomodava ter Kimberly quase todos os dias na minha casa.

As ligações do Justin não eram frequentes, o que me tiravam do sério, e quando ele finalmente ligava, era apenas pra dizer que estava bem, mesmo com sua voz cansada e muitas outras vezes em um tom irritado por certamente não estar encontrando Chaz. Fernanda era a única que estava por perto, já que Ryan havia ido com o Justin, e as vezes passava o dia todo comigo. Pattie vinha um dia sim e um dia não para levar as crianças para sua casa.

Era mais um dia em que o tempo não passava, mais um dia eu que eu abria os olhos e desejava que bastante tempo já tivesse passado. Naquele dia, abri os olhos e verifiquei o celular rapidamente torcendo para que tivesse alguma chamada perdida do Justin ou alguma mensagem, mas não havia nada, o que deixava meu humor pior logo de manhã. Tombei os ombros um pouco chateada e me levantei ouvindo a gritaria das crianças no corredor. Tomei um breve banho após a higiene matinal e vesti uma roupa. Abri a porta e dei de cara com a Maria, já que ela e a Elisa haviam voltado a ser babás das crianças, e um segurança que sempre ficava em pé no corredor.

 

– Bom dia, dona Lorena. As crianças acordaram com a corda toda! – disse rindo e eu ri de volta.

– Já posso ouvir os gritos. – falei caminhando até e escada e comecei a descer enquanto ela voltava para o quarto.

– Mamãe! – Alice me notou e gritou fazendo Cindy e Kimberly me olharem também.

– Oi, meu amor! – falei chegando ao pé da escada e recebendo um abraço dela. – Cadê o seu irmão?

– Na piscina com a Lisa! – gritou espevitada se referindo à Elisa e eu notei que ela estava com a parte de cima do biquíni e de short.

– E você? Não vai pra piscina? – perguntei.

– Eu vô, mas eu quilia que a Cindy ficasse aqui cumigu, mas a tia Kimbily vai levar ela embola. – disse tristinha e eu levantei o olhar vendo que Kimberly me olhava.

– Ué, - falei voltando a atenção a Alice. – depois ela volta. – conclui tentando reconforta-la. Não queria dirigir a palavra a Kimberly e pedir para que ela deixasse a garota por mais um tempo.

– Mas mamãe, eu quelo agora! – reclamou fazendo birra.

– Ela tem um monte de trabalhos da escola pra fazer, Alice. Mas depois eu trago ela, tudo bem? – disse Kimberly com um sorriso doce e evitei olhá-la por muito tempo.

– Só mais um poquinho, tia. – Alice pediu manhosa e Kimberly riu pelo nariz vendo que Cindy esperava uma resposta com a carinha um pouco triste.

– Tá, mas é muito rápido! – disse por fim e as duas saíram correndo.

 

Fiquei vendo Alice e Cindy saindo pela porta da frente e em seguida Maria passou por mim indo atrás dela. Percebi que apenas eu e Kimberly permanecíamos ali na sala e ela me olhava como se me analisasse. Comecei a me retirar indo pra cozinha, até que sua voz invadiu o ambiente.

 

– Até quando você vai agir assim? – perguntou e eu me virei vendo-a cruzar os braços.

– Desculpa? – perguntei com deboche. Como ela ousa falar comigo daquele jeito?

– Nossas filhas se adoram, seu querido Justin me deixou de guarda e eu tenho que aturar você me tratando como se eu não estivesse aqui?

– Pra mim você não está. – dei de ombros retribuindo o tom de voz e ela revirou os olhos.

– Acho que você deveria deixar o passado onde ele tem que ficar! – bufou.

– E eu acho que você deveria ir pra sua casa. – rebati.

– Estou tentando conversar direito, já está na hora de resolvermos isso! – disse um pouco alterada.

– Você nunca vai superar o Justin e vai viver pra sempre atrás dele. Não temos o que resolver, você que tem que se resolver!

– Dá pra você parar de me atacar e me ouvir? – pediu com o pouco de paciência que eu percebi que havia restado

– Não tenho para ouvir que venha de você. – falei séria saindo da sala e segundos depois senti um puxão em meu braço e me virei assustada vendo-a bufar.

– Eu esqueci meu kit-paciência em casa, garota. – disse debochada segurando firme o meu braço.

– Me solta! – puxei meu braço vendo-a ficar mais nervosa. – O que você quer dizer? Que você sente um amor incontrolável pelo Justin e não consegui deixa-lo em paz? – cuspi as palavras fazendo-a rir.

– Eu não quero te tratar como uma idiota, mas você me faz rir. – disse como se se desculpasse.

– Você se acha muito madura, né? – indaguei debochada cruzando os braços.

– Lorena querendo falar de maturidade. Essa eu não vou perder. – disse debochada arqueando uma sobrancelha.

– Não fui eu que escondi um filho! – falei provocando e seus olhos me olharam freneticamente.

– Não julgue o que você não sabe! Eu tinha os meus motivos e fui embora para não morrer e você? Fugiu por qual motivo deixando todo mundo preocupado? – gritou.

– Eu também tinha os meus motivos. – respondi sentindo a garganta fechar em choro e raiva. – Você não é ninguém para me julgar. Tudo começou a dar errado quando você apareceu! – gritei.

– Eu te salvei lá no Brasil, garota! Se não fosse por mim você estaria morta agora e seus filhos também!

– E como recompensa você seduziu o Justin para que ele me traísse? – sorri nervosa cruzando os braços. – Vou ter que abaixar minha cabeça pra sempre por causa de um favor que você me fez? Você me salvou pelos meus filhos e não por mim. Tudo mundo sabe que você queria que eu não existisse pra que finalmente você, Cindy e Justin fossem uma família!

– Cindy precisou do Justin, minha filha teve câncer, apenas isso. Eu não queria roubar ele de ninguém, mas minha filha precisava dele! – disse nervosa.

– Você sempre estava aqui quando percebia que eu e Justin havíamos brigado. Você estava sempre pronta para tirar ele de mim.

– Não julgue as atitudes de uma mãe que está com um filho a beira da morte! – gritou. – Eu jamais pensei que o Justin fosse aceitar uma filha minha! Eu estava desesperada.

 

Engoli a seco enquanto suas palavras e sua fisionomia começavam a me afetar, mas não queria dar o braço a torcer.

– Me esquece! Não é porque o Justin te deixou vigiando a casa junto com o seu bando que você tem que agir como se mandasse em mim.

– Eu só quero pedir desculpas, será que te custa muito me ouvir? – disse ainda sem abandonar sua

– Você e pedido de desculpas não combinam na mesma frase. – cruzei os braços um pouco desconfiada.

– Você definitivamente não me conhece e insiste em me julgar.

– Eu passo noites em claro por não te conhecer, isso é realmente muito triste. – ironizei.

– Será que você abaixa a armadura alguma vez, garota? – se irritou. – Eu sei que eu errei, eu sei que eu não deveria ter ficado com o Justin mesmo te odiando, eu deveria ter contado para ele que Cindy era sua filha assim que ela nasceu, mas a Alana me ameaçou e eu tive que fugir.

– Alana te ameaçou? – franzi o cenho. Sua fisionomia acusava que ela falava a verdade, mas mesmo assim Kimberly sempre me deixava com um pé atrás, e soltar minha armadura em frente a ela não é uma das melhores hipóteses

– Ela descobriu que eu estava grávida e me obrigou a fugir senão ela me mataria. Na época ela era namorada do Justin.

 

Fiquei em silêncio simplesmente sem ter o que dizer. Eu queria acreditar que ela era inocente, mas eu sentia raiva por ela ter ficado com o Justin e isso jamais mudaria.

 

– Escuta... mesmo achando você uma criatura completamente irritante u não deveria ter voltado e tornado a vida de vocês um pouco mais complicada, eu tenho consciência dos meus erros, mas eu precisava do Justin e agi da pior maneira para ter ele perto de mim. Acho que já se passou bastante tempo e você ainda continua fechando a merda da cara toda vez que me encontra.

– E desde quando você se importa com isso, Kimberly? Você sempre me subestimou, sempre me humilhou e ironizou as minhas atitudes. Pra você eu não passo de uma garota mimada. Desde quando você se importa com o que eu penso?

– Desde quando eu vi o Justin quase desmaiado em cima de uma mesa cheia de pó. – rebateu com firmeza. - Alguma coisa boa você deve ter, porque você não o deixaria assim a toa.

– Ah sim, já entendi. Estamos tendo essa conversa apenas para você jogar as coisas que você presenciou na minha cara. Eu não preciso que você me dê lição de moral. – falei com ódio olhando os seus olhos e ele retribuiu.

– Você fez com que a conversa perdesse o rumo, eu apenas queria me desculpar.

– Já se desculpou, agora pode ir embora. – disse mordendo os lábios.

– Por que você tem que tornar tudo difícil? A pessoa decide tomar uma atitude humana com você, mas não vale a pena. O seu orgulho irá te consumir, Lorena.

– Antes o meu orgulho do que a sua falsidade.

– Eu sou tudo, menos falsa e o seu problema comigo é que sou a única que falo as verdades que você não quer enxergar, mas tudo bem, não tem jeito de conversar com você mesmo.

– Tudo bem, Kimberly. – gritei. – Obrigada por ter salvado a vida do Justin um milhão de vezes, obrigada por ter salvado a minha vida e dos meus filhos, muito obrigada. – conclui irônica e ela revirou os olhos abrindo um sorriso.

– Tá vendo, as vezes é bom abandonar o orgulho. – disse cruzando os braços com um sorriso simpático e eu bufei tediosa, mas não com o ódio que estava antes e comecei a me virar para sair da sala.

 

– Escuta, eu ainda não acabei. – disse mais uma vez me puxando e eu a olhei sem acreditar enquanto ela ria da minha cara. – Eu vou fazer um descarregamento e preciso levar meus capangas comigo. Vou pegar Cindy e só volto mais tarde. É pedir demais pra você não causar uma 3° guerra mundial e deixar tudo em paz nessas míseras horas? – perguntou com deboche.

– Não vou te responder. – revirei os olhos e ela riu.

– Vou deixar cinco homens aqui na casa. Não vou demorar. – disse me soltando e se virando pra ir embora

– Vá com Deus. – gritei implicante e ela bateu a porta.

 

Estranhamente eu não estava conseguindo sentir raiva, ela sempre me tratava assim como se eu fosse uma irmã caçula que ela gosta de implicar. Eu poderia até esquecer tudo que aconteceu, mas a minha insegurança referente a ela seria eterna. Ela era exatamente tudo que eu deveria ser para o Justin. Eu deveria salvá-lo, eu deveria cuidar dele e tirá-lo dos perigos. Não ela. Meu ciúme me consumia e era algo fora de questão ter um bom relacionamento com ela. Porém, eu não podia negar que entendia todos os seus argumentos. Eu poderia não perdoá-la por ter ficado com o Justin, mas não poderia julgar por ela tentar salvar sua filha, pois eu faria o mesmo pelos os meus. Me sentiria perdida e desesperada da mesma forma. Tentar tirar o Justin de mim não justificava, mas explicava e pelo menos ela estava arrependida.

Perdi a fome e fui até a piscina ver as crianças e logo me deparei com a maior bagunça. Elisa gritava preocupada com o Charles enquanto ele pulava na piscina uma boia em cada braço e Maria tentava por Alice para boiar.

 

– Que bagunça! – exclamei sem conter o sorriso assim que parei perto da piscina.

– Olha, mamãe eu sei boiar. – gritou Alice.

– Parabéns, meu amor! – festejei vendo Charles subir pela escada da piscina e pular de volta espirrando água e Elisa o pegou.

– Eu sou um super-herói! – gritou com a água escorrendo em seu rosto e eu ri.

– Cuidado pra não se afogar, super-herói.

– Mamãe, entra na água, putadô! – Alice pediu manhosa e eu senti meu celular vibrando no bolso do meu short.

– Já vou, princesa. Só um segundo. – falei pegando o aparelho e vendo que era o Justin.

 

Meu coração acelerou e um sorriso brotou involuntariamente. Mesmo que eu sempre ficasse irritada por ele ficar muito tempo sem ligar, aquilo sempre sumia quando ele finalmente ligava.

 

– Justin! – exclamei com a felicidade tomando conta enquanto esperava ouvir sua voz.

– Como você está? – disse um pouco seco me fazendo murchar.

– Estou bem. – respondi um pouco magoada. – Quando você volta?

– Não sei. – respondeu após uma respiração pesada.

– Justin, as crianças estão sentindo falta, você não pode ficar tanto tempo fora de casa assim, eles já tem idade pra entender. Você mal voltou pra eles e já está longe outra vez? – reclamei.

– De novo essa história? Um dia eles vão entender que eu estava tentando manter eles vivos. – disse com grosseria.

– Mas agora eles precisam de você aqui! Você não está nem ao menos pensando em mim. – disse com a voz embargada pelo choro enquanto me afastava da piscina para as crianças não notarem.

– Lorena... – disse por entre um suspiro cansado.

– Justin, duas semanas! Duas semanas que você deu um beijo na testa de cada um e disse que não iria demorar. – falei a primeira lágrima escorreu. Eu não estava mais aguentando de saudade.

– Eu estou fazendo o que eu posso pra voltar o mais breve possível, mas o Chaz está sabendo confundir a gente. Tivemos várias pistas, todas falsas. Ele já sabe que estamos aqui. – reclamou alterado.

– Justin, por favor... – falei com o choro modificando a voz. – Eu não aguento mais ficar sem você.

– Você aguentou um ano e meio, duas semanas não é nada pra você. – disse um pouco rude.

– Você não sabe como eu fiquei nesse um ano e meio, você ainda nem sentou pra ouvir o que aconteceu comigo todo esse tempo e tudo que aconteceu com você são as outras pessoas que estão me contando. – gritei ainda chorando. – Você está destruindo o que estamos tentando ter de volta!

– Eu não estou destruindo nada! – gritou. – Eu estou arrumando a merda que você fez! Estou cansado, puto, esgotado, perdido, sem rumo aqui. Não sei qual lado eu pego, não sei onde o Chaz está e eu não volto até descobrir! Eu estou quase lá, eu sinto que falta pouco.

– Você está obcecado. – falei fraco negando com a cabeça.

– Obcecado por ter uma família em paz? Obcecado por conseguir por minha cabeça no travesseiro sem a preocupação de que acordarei e não acharei mais meus filhos ou você comigo? Ok, eu estou obcecado. – disse firme.

– Justin... – sussurrei. – Eu sinto a sua falta. Não é fácil dormir numa cama impregnada com o seu cheiro sem você do lado. – disse manhosa.

– Você acha que eu não? Eu ainda nem superei a falta que eu senti nesse tempo todo que ficamos longe. Mas eu tenho que manter tudo em ordem. Primeiro o trabalho, depois a diversão.

– Então eu e nossos filhos somos apenas uma diversão pra você? – perguntei irritada.

– Vocês são tudo pra mim.

– Então, volta. – pedi.

– Não posso. Eu prometo que logo logo isso vai passar e você nem vai perceber que o tempo passou.

– Você fala como se fosse fica mais um mês aí.

– Não sei quanto tempo isso pode demorar.

– Justin... – reclamei.

– Kimberly está aí com você? – perguntou mudando de assunto.

– Não.

– Filha da puta...

– Não aconteceu nada esse tempo todo, ela está aqui a toa só enchendo o meu saco.

– Mas eu mandei ela não sair daí!

– Justin, dá pra você parar de falar nisso e perguntar como estão as coisas aqui?

– Como estão as coisas ai? – disse debochado.

– Péssimas.

– Você é tão previsível com suas respostas. – riu. – E as crianças? Deixa eu falar com eles.

– Tá. – bufei tirando o celular da orelha e me virando pra piscina. – Alice, Charles, o pai de vocês está no telefone. – avisei e os dois vieram correndo. Coloquei o celular na orelha mais uma vez. – Eu vou por no viva-voz, senão eles vão afogar o meu aparelho. – falei e ele riu.

– Papai, já comprou o meu plesente? – Alice gritou enquanto eu colocava o aparelho perto deles.

– Já. – sua voz soou do aparelho e ela me olhou com os olhos brilhando. – Mas só vai ganhar se estiver respeitando a sua mãe. Você está respeitando a sua mãe.

–Eu to papai, mas o Chuck fica mexendo cumigu e faz mamãe ficar blava. – disse ficando triste.

– Mentila, papai. Alice é uma chata.

– Eu num sô chata! – Alice gritou.

–Ei, parem agora! – briguei enquanto Justin ria.

– Eu amo vocês, prometo que volto logo.

– Tá bom, papai! – os dois disseram em coro e correram de volta pra piscina.

 

Tirei o celular do viva-voz e coloquei-o na orelha outra vez.

 

– Pronto, eles se foram.

– Agora tenho que ir, Ryan está me esperando.

– Quando você liga de novo?

– Quando eu tiver tempo, prometo que será a primeira coisa que eu farei.

– Tudo bem.

– Eu te amo.

– Também te amo.

– Tenho que ir. – disse e desligou e meu coração voltou a ficar apertado.

 

O dia passou insuportavelmente devagar. Fernanda estava ocupada e não pôde vir ficar comigo. Tentava me distrair observando Pattie brincar com as crianças na sala enquanto escurecia, mas meus pensamentos estavam em Justin. As crianças já estavam de pijamas prontas para dormir e Pattie já tinha dito que iria embora umas mil vezes, mas eles simplesmente não deixavam. Kimberly ainda não havia voltado e eu permanecia sentada no sofá com as pernas dobradas e a cabeça apoiada na mão sobre o braço do sofá.

 

– Agora eu tenho que ir. – disse Pattie se levantando.

– Ah, vovó. – Chuck reclamou.

 

Ela se alegrava pela insistência das crianças para que ela ficasse, e eu apenas acompanhava seus atos com o olhar.

 

– Amanhã eu prometo que volto, mas a vovó precisa ir.

– Mas vovó... – Alice abaixou a cabeça fazendo bico.

– Vocês querem que eu coloque vocês pra dormir? – perguntou animada e eles se levantaram pulando.

– Sim! – gritaram.

 

Ri observando aquela agitação, não pareciam crianças que estavam prestes a irem dormir.

 

– Se importa? – Pattie se virou para mim.

– De forma alguma, eles são todos seus. – falei rindo.

 

Os três subiram pelas escadas enquanto as vozes de Chuck e Alice falando algo com a avó começavam a ficar baixa em minha cabeça. Mirei um ponto qualquer e meu olhar ficou perdido. O que o Justin estaria fazendo agora? Deitei minha cabeça sobre o braço do sofá e uma lágrima escorreu enquanto meu peito apertava. Eu não aguentava mais pensar nele e não ter ele por perto. Isso era tão injusto. Não sei por quanto tempo fiquei com os pensamentos rodando, mas acabei pegando no sono ali mesmo no sofá.

O sufocamento me fez acordar num pulo. Tossi sentindo meus olhos arderem. Aquele cheiro era forte e minha cabeça doía. Não conseguia enxergar muita coisa, minha visão estava embaçada e demorei em me situar. Eu não estava sonhando. A quentura fazia meu corpo transpirar e num pulo levantei do sofá vendo metade da sala pegar fogo. Minha mente girava, eu não conseguia entender o que estava acontecendo. O caminho até a escada estava parcialmente coberto por chamas. Minhas pernas tremiam e sentia o desespero tomar conta de cada centímetro do meu corpo me deixando em êxtase. Minha respiração estava ofegante, meu peito subia e descia numa velocidade descomunal. Corri até a escada derrubando tudo que estava na minha frente. O suor grudava meu cabelo na pele e parei de frente a escada observando o segundo andar em chamas também.

 

– Meus filhos! – suspirei nervosa e comecei a subir degrau por degrau sentindo a temperatura ficar mais alta.

 

Desesperei-me sentindo a fumaça invadir minhas narinas. Subia os degraus com dificuldade, minhas pernas não me obedeciam e a tosse saltava do meu pulmão involuntariamente. As chamas já deixavam a madeira fraca e pisei em um degrau e meu pé afundou fazendo um barulho alto. Me segurei no corrimão para não cair e o ferro quente automaticamente feriu minha mão. Gritei sentindo dor, mas continuei subindo mesmo fraca. Meu peito subia e levantava sem eu ao menos entender o que se passava. Apenas o medo me consumia e a preocupação com os meus filhos me matava por dentro. O suor transpirava freneticamente em meu corpo e senti minha garganta fechar por conta do nervosismo. Eu apenas tinha que salvar meus filhos, apenas isso. O fogo já pegava parte da casa e eu me perguntava em meio aos turbilhões de pensamentos aonde os capangas do Justin estariam que estavam aqui tentando salvar os meus filhos. O que havia acontecido? Meus olhos ardiam, a fumaça negra bloqueada minha visão, mas eu tinha que acha-los.

 

– Mamãe! – a voz desesperada de Alice gritou vindo do quarto.

 

Eu estava perto, eu só tinha que ter mais força para andar e alcançá-los. O choro alto dos dóis ecoava em minha mente e sentia meu corpo quente. Minha visão já estava ficando turva, mas seus gritos me deram forças O fogo já pegava boa parte do corredor consumindo todas as portas de madeira. Apenas mais força, apenas isso. Mexam-se pernas. Tossir já fazia o meu pulmão arder, mas eles estavam em perigo e por mais que eu me sentisse zonza, eu tinha apenas que pegá-los. Só isso que minha mente apitava. Eu tinha que pega-los.

 

– Socorro! – gritei sentindo a garganta arranhar.

 

Eu estava completamente intoxicada, sem chão, sem vida, sem ar. Tentei dar mais alguns passos, mas apenas caí no chão sentindo a realidade se esvair. Meus filhos me perdoem. Eu falhei.

Comentários

Capitulo

ElieneSilva | 12/11/2012

Caralho clara, como assim ?? veeey to morrendo .. de ansiedade de curiosidade de tudo veey , continuaa aee vaai Pleaseeeeee !!

-

Mariana | 12/11/2012

CACEEEEEETE CLARAAAAA, COMO ASSSSSIMMMMM!?!?!?! CONTINUUAAAA

Capítulo

Dryellen | 12/11/2012

iiiiiiiiiiiiiiih gente ! como isso ?
que absurdo ?
cadê o povo dessa casa ?
continuuuuuuuuuuua

posta logo

Luiza | 12/11/2012

kraa, como assim incêndio? to xocada, de onde veio isso?? quem sera que vai salvar lorena agora?? mds posta logo to mt ansiosa, sua fanfic é perfeita sem + nao demora pra postar nao ok? beijoss

capítulo

inês | 12/11/2012

Não, não pode acontecer nada com eles ! Porque vc parou aqui ?? Não demora a postar o próximo :(( pfvo

-

Ju | 12/11/2012

Crendios, que horror, eles nunca vão ter sossego?
Que bom que vc voltou a postar (:
beijos

OMG!

Taina | 11/11/2012

OMGGGGGGGGG :(((((((((((

Capitulo

@iSweetSwaggie | 11/11/2012

Meu Deus, que dó da Lorena, parece que a saudade dela do Justin se reflete em mim, é uma coisa que eu não consigo explicar. E pqp, de onde surgiu esse incêndio? Mas eu sei que você não deixaria nada fazer mal a eles, então eu sei que alguém vai surgir no final e salvar os três. Poste o mais rápido possível!

-

Caroline | 11/11/2012

aaaaaai meu deus :(

.

Vitória | 11/11/2012

Perfeito demais , uma das melhores fics do mundo

<< 1 | 2

Novo comentário