Bem-vindo ao desconhecido

Aquela noite parecia mais escura do que todas as outras. Nem a lua seria testemunha da minha fuga. Olhei mais uma vez o quarto e flashes cruéis passaram em minha cabeça. Eu não queria me remoer de dor, de saudade, de incerteza agora. Antes de fracassar totalmente, pulei a janela e corri o gramado até abrir o portão com calma e correr até o fim da esquina, onde Ryan me esperava em um táxi. 
A porta traseira se abriu para mim e pude ver, com a pouca claridade, os braços de Ryan esticados em minha direção.

– Vem, Lorena! - a voz suave me chamava.

Joguei as malas no chão do carro e deitei em seu ombro sem poder segurar as lágrimas que rolavam ardendo em minha bochecha ainda quente.

– Tudo vai ficar bem, Lorena! Eu vou cuidar de você!

Enfiei mais meu rosto em seu peito e não quis pensar em nada até chegarmos em seu apartamento onde agora, encarar Justin, seria mero obstáculo. Ou não.
Mesmo brigando com meus próprios pensamentos, a incerteza e o medo tomaram conta de mim. O silêncio do carro e as mãos de Ryan afagando meus cabelos me faziam refletir. O que iria acontecer? O que eu estava fazendo? Era estranho não saber o fim de alguma coisa, não saber o que estava por vir. É como caminhar numa selva com os olhos vendados. Eu teria que seguir meus instintos. Ao mesmo tempo, como se fossem dois lobos dentro de mim, a força e a coragem se formavam. A batalha estava insistente. Medo e incerteza versus força e coragem.

– Lorena! - Ryan me cutucou – Chegamos. 

Meus olhos embaçados só enxergavam o escuro. Que tenebrosa rua deserta era aquela que Ryan morava? Levantei-me e o vi dando uma nota de R$ 50,00 para o motorista e recebendo o troco em moedas. Me senti extremamente mal.

– Desculpa, Ryan! Eu não deveri... - seus dedos tocaram meus lábios me silenciando.
– Vamos subir! Está tarde. 

Como um cavaleiro, amigo, irmão, Ryan pegou minha mala e me guiou subindo alguns andares de escada. Ele apontou com a cabeça a porta esverdeada e pediu para eu abri-la. Um cheiro forte de... homem, talvez, veio deencontro com o meu nariz e eu o retorci prendendo a respiração, não queria ser indelicada com quem estava me acolhendo tanto. A bagunça era visível. Latas vazias, restos de comida, cuecas sujas e limpas pelo chão, a TV ligada e Justin, sem camisa, roncando no imundo sofá coberto com uma manta encardida.

– Desculpe, por isso. - Ryan se lamentou. - mas é que eu não esperava e...
– Que eu mudasse de ideia? - eu sorri o acalmando
– Não. Isso eu sabia. - ele falou entre um riso – Mas não sabia que seria tão rápido. Estou feliz por isso.

Ryan colocou minha mala perto da mesa de madeira e foi até o sofá acordar Justin.

– Bieber, acorde!
– O que é, merda?! - resmungou ele.
– Vá se deitar no quarto. 

Os olhos de Justin logo vieram até a mim, em seguida para as malas jogadas ao pé da mesa e depois para Ryan.

– O que ela está fazendo aqui? - quis saber ele.
– Ela agora mora aqui. - respondeu Ryan num tom grosso.

Justin mordeu o lábio talvez por querer reclamar, mas não ter tanta liberdade, agora que também estava ali de favor, digamos assim. Lembrei que Ryan havia me contado que ele perdera o emprego e não estava ajudando em nada.

– Bom... - começou ele com um olhar fuzilante – pelo menos uma mulher para limpar essa sujeira. - debochou.

De repente a dor que meu pai causara tinha dado espaço para a raiva que Justin estava me fazendo sentir. Ele me teria aqui como sua empregada? Me concentrei para não parecer abatida.

– Eu só limparia seu caixão, grata por você estar morto.

Justin ficou sem expressão e de repente seus olhos mostravam fúria.

– Parem! Biebervá para o quarto. 

Justin me olhou fundo mais uma vez e se levantou indo em direção ao minúsculo quarto sem porta.

– Lorena, o que quer fazer agora? - Ryan perguntou preocupado.
– Dormir. - respondi sem pensar. Essa seria a única forma de me desligar daquela situação. 
– Só temos dois colchões – ele parecia um pouco envergonhado – nem cama temos. - deixou escapar um sorriso. - Prefere dormir no sofá?

Fuzilei aquele imundo sofá antes de responder.

– Tudo bem, não me importo de dormir com você.

Ryan abriu aquele meu sorriso preferido e esticou seus braços para que ele pudesse me acompanhar. O quarto não tinha nada além de dois colchões no chão e roupas espalhadas. Justin já estava roncando de novo. Deitei no colchão macio que exalava o cheiro de Ryan. A dor começou a vir de novo e as lágrimas a representavam com vigor. Ryan veio a minha direção. Deitou na cama e se enroscou em mim. Acariciava meus cabelos de uma forma excitante e prometia sussurrando mais uma vez ao pé do ouvido.

– Tudo vai ficar bem, Lorena. Eu estou aqui com você e tudo ficará bem amanhã de manhã.

 
Não percebi quando dormi, mas acordei assustada por ter conseguido. Talvez eu estivesse cansada demais para me martirizar com as últimas lembranças. Os braços de Ryan ainda estavam ao meu redor e sua respiração bem lenta ao meu ouvido. Não quis acordá-lo, então não me movi. 

Pensei em minha mãe. Será que ela já estaria em casa? Sempre que meu pai e ela discutiam, ela saía para casa de minha vó, mas voltava no outro dia. Aquilo não era motivo de preocupação, mas meu pai sempre se preocupava achando que ela nunca mais iria voltar, e no outro dia lá estava ela como se nada tivesse acontecido. Mas se ela já tivesse percebido que eu não estava mais lá, agora ela estaria fora de si. Eu tinha que ligar para ela e a assegurar que eu estava bem. Mas isso a deixaria mais nervosa? E se ela contasse a meu pai onde eu estava? E se ela ligasse para polícia e desse meu caso como desaparecimento? Ao pensar nessas possibilidades saí com destreza dos braços de Ryan. Olhei para o colchão de Justin e estava vazio. Com Ryan dormindo, ele não hesitaria em me cutucar. Mas não me preocupei com isso, corri para sala para procurar meu celular dentro da mala.
Justin estava de pernas para o ar deitado no sofá, não se moveu quando percebeu minha presença. Num dia, minha presença era insuportável para ele, no outro ele simplesmente me ignorava. Se ele continuasse assim, eu ficaria bastante contente. Seria mais fácil fingir que ele não existia ali no mesmo teto que eu, desta forma.
Achei o celular e fui para a cozinha para ligar para minha mãe. Torci durante os três toques para que meu pai não atendesse. De repente a voz estridente e preocupada de minha mãe automaticamente disse meu nome

– Lorena, onde você está?
– Eu estou bem.
– Não perguntei se está bem, minha filha! Perguntei onde você está? - Ela estava nervosa demais, sabia que não conseguiria acalmá-la.
– Mãe, eu estou bem, não importa onde estou, mas não estou na rua.
– Quero me encontrar com você, minha filha! - Ela mais suplicou do que informou.
– Eu... não vou voltar... para casa. Por favor, não tente!
– Eu só quero te ver. - prometeu-me ela.
– Eu te ligo mais tarde.
– Lorena, por favor... - telefone já desligado.

Eu sabia que apenas dizer a ela que eu estava viva, bem e embaixo de um teto não seria o suficiente, mas eu teria que arrumar minha vida antes de me encontrar com ela.

– Lorena, cadê você? - procurou-me Ryan.

Fui até a sala para que ele pudesse ver que Justin ainda não tinha me jogado da janela.

– Você está bem?
– Estou melhor. Liguei para minha mãe agora.
– E aí?
– Ela quer me ver.
– Você vai voltar para casa? - perguntou ele confuso.
– Claro que não.
– Que pena! - sibilou Justin do sofá.
– Antes eu tenho que falar com o Chaz. Eu o devo um bocado de explicações. - lembrei.
– Chaz? - sorriu ele
– Sim, por quê?
– Vocês ainda... namoram, ficam, tem um caso, sei lá? – ele riu deixando claro que o que eu e Chaz tínhamos nunca foi uma coisa exata. 
– Um pouco... - respondi forçando a testa.

Ele riu.

– Está com fome? 
– Não, muita. Preciso de um banho. Depois eu como alguma coisa.
– Eu tenho que sair agora de manhã, se importa de ficar...
– Com ele sozinha? - aumentei o tom de minha voz apontando com a cabeça para Justin que agora olhava para nós dois.
– É! - Ryan disse um pouco preocupado.
– Claro que não. Fingir que ele não existe é uma coisa fácil. Vá e faça o que tem que fazer.
– Tudo bem. Vou me arrumar.

Ryan me deu um beijo na testa e correu para o banheiro antes de mim. Enquanto isso eu pegava minhas coisas do chão e levava para o quarto. O cheiro daquela casa ainda era insuportável. Eu teria que dar um jeito naquilo, mas saber que parte daquela sujeira também tinha a assinatura de Justin, fez com que eu recuasse a esse desejo de limpeza. Mais cedo ou mais tarde eu teria que engolir esse orgulho. Até dormir com os mendigos da rua seria mais confortável. 
Quando estávamos sozinhos em casa, Justin e eu, sua voz rouca veio em minha direção junto com seu olhar.

– Não tem medo de ficar comigo sozinha?
– Por que teria? - levantei uma das sobrancelhas.
– Eu poderia te bater até a morte, sei lá – sorriu debochado.
– Certamente, não!
– Não duvide disso.
– Dá um tempo, Justin. Não banque o machão para mim. Não sou uma líder de torcida idiota, como havia tantas naquela escola, abismada pelo volume em sua calça que você fazia com alguma meia. - falei de uma vez só, com rapidez.

Suas mãos firmes apertaram meu braço. Olhei seus olhos e sua raiva quase pulava de suas íris.

– Você é uma idiota.
– Não me inveje. Você é bem mais que eu! - eu disse acompanhando sua seriedade. - Agora me solte.

Seus braços largaram os meus bem devagar e ele então se virou ofegando. Eu teria que viver cada instante sem saber se no próximo minuto eu estaria morta. Pela cara de Justin, eu não deveria eliminar essa possibilidade.

 

Tópico: Bem-vindo ao desconhecido

sua fic

Raquel | 18/05/2015

PUTA MERDA Q COISA LINDA ESSA FANFIC

Destino Oculto

Belieber_Pq_Sim | 05/01/2015

#QueroASurubaLogo #3Bjs

Destino oculto

@poxajeliebers | 18/09/2013

Noussaaaa esses dois ainda vão dar o que falar hahaha

Destino Oculto

@JbieberPaulinha | 15/01/2013

amandooooooooooo

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