Watch Me Burn

POV Kimberly

Coloquei a mão desocupada na nuca enquanto a outra permanecia no volante. Estalei o pescoço numa forma de me livrar do cansaço. O trânsito estava parcialmente lento dando espaço a minha sonolência. Havia sido um dia cansativo. Não consigo ficar a toa em casa sabendo que os capangas estão fazendo algo sério em meu nome. Simplesmente meu modo controlador me faz ir até o local e ver de perto se estão agindo conforme mandei sem se corromper. Cinco anos trabalhando em esquemas sujos e sei muito bem como é difícil não perder o foco quando os fodões passam a grana rente ao seu rosto em troca de informações. Não é fácil aguentar a pressão, por isso fiz um treinamento em grupo com todos e de trezentos homens, apenas a metade conseguiu chegar até o final. Porém, mesmo assim eu tinha sempre que ir e me certificar de que tudo estava correndo bem, logo, passava o dia todo fora e quando a noite caída, lá estava eu morta de cansaço.

Já passava das onze da noite. Cindy cochilava no colo de Susan, sua babá, no banco de trás do carro e tudo que eu mais desejava naquele momento era chegar logo na casa do Justin e deitar na cama do quarto de hóspedes que estava sendo o meu quarto desde quando ele me deixou vigiando a casa. Dirigia com cansaço até que ouvi o meu celular tocar e o peguei vendo “Justin” no visor.

– Alô. – falei desanimada deixando uma mão no volante.

– Estou tentando falar com você o dia todo. Por que não atende essa merda? – esbravejou do outro lado.

– Eu estava ocupada. – disse quase bocejando mantendo a calma.

– Eu mandei você não arredar o pé da minha casa. Qual o seu problema?

– Justin! – me irritei. – Eu também tenho as minhas coisas para fazer. Além do mais, eu estou voltando pra sua casa agora e encontrarei tudo em ordem como sempre acontece quando eu saio. – falei óbvia.

– Não confio nisso. – reclamou. – Quantas pessoas estão vigiando a casa?

– Justin isso não vem...

– Quantas pessoas estão vigiando a casa? – perguntou mais uma vez irritado me interrompendo.

– Cinco! – falei alterada já sabendo que ouviria.

– Você quer morrer, Kimberly? Cinco pessoas vigiando aquilo tudo? Meus filhos estão naquela casa! Lorena está naquela casa!

– Quer saber? Nada aconteceu até agora. Você está no Canadá atrás do Chaz, logo ele não está aqui. – falei óbvia faltando pouco para chegar a casa dele.

– Não, ele não está aqui! Eu o perdi. Perdemos o paradeiro dele. O celular que estávamos rastreando era dele, mas o filho da puta jogou num caminhão de lixo. Estávamos atrás de um caminhão de lixo. – disse irritado com as próprias palavras.

– Isso é tão a sua cara. – ri debochada.

– Vai se foder. Ele disse que iria atrás da Lorena, ele não está disposto a deixar tudo fácil. Eu tenho certeza disso. Você não pode deixar a casa sem proteção! – reclamou e comecei a notar uma fumaça negra se misturando as nuvens da noite nublada.

– Espera um pouco... – sussurrei tentando entender o que acontecia e chegando no portão da mansão que estava completamente aberto. – Não acredito... – sussurrei tirando o celular da orelha ao notar aquela cena.

– O que foi? – a voz do Justin soou de longe e senti minha boca seca.

A casa estava em chamas. A fumaça negra vinha da casa. Meus pensamentos se confundiram e senti minhas pernas trêmulas ainda dentro do carro. De todas as janelas da parte superior saiam fumaça. Joguei o aparelho no banco do carona e tirei o cinto às pressas sentindo meu sangue correr rápido nas veias e a tensão arrepiar a minha espinha.

– Susan, liga lá pra casa e pede reforço. Manda Charlie mandar reforço! – falei completamente fora da calma. - Não saiam daqui! – ordenei batendo a porta do carro vendo que Cindy despertava lentamente um pouco assustada e Susan permanecia boquiaberta.

– Mamãe! – ouvi o grito de Cindy partir meu coração, mas não me virei para olhar seu rosto em lágrimas. Eu tinha que ter forças, eu tinha que ter coragem de invadir aquela casa e salvar a todos.

Corri pelo o gramado sentindo a temperatura aumentar a cada passo. Dois homens estavam no chão perto da plantação de rosas e me desesperei me aproximando e notando a poça de sangue. Levei uma mão à boca sem acreditar. A culpa começava a me possuir e a torturar minha mente. Tirei meus olhos dos homens com dificuldade e corri mais ainda chegando à porta da mansão. Forcei a maçaneta, mas a porta não abria. Tomei distancia e chutei a porta no meio fazendo a madeira se espatifar no chão.

– Lorena? – gritei seu nome entrando na casa e senti a fumaça me sufocar.

Era difícil manter os olhos abertos por causa da ardência que toda aquela fumaça causava aos meus olhos. Tampei a boca e o nariz com a blusa branca que vestia e comecei a tentar enxergar a casa. Ninguém me respondia. A sala não estava completamente em chamas, mas me aproximando da escada, percebi que não tinha como subir por ali. O fogo já se alastrava para perto da cozinha e minha respiração ficava cada vez mais sufocada. Voltei até a porta e saí da casa tomando ar puro e corri contornando a mansão para poder chegar rápido até a escada externa que dava acesso ao segundo andar. Meu coração pulsava forte. Pensar em Charles e Alice me apertava o coração. Passei rente a piscina da casa notando três corpos boiando sem vida na piscina. Gritei tomando um susto. Estavam todos mortos. Os cinco homens que deixei vigiando a casa estavam mortos. Senti as lágrimas marejaram meus olhos abertos e o medo arrepiou meu corpo. Senti meu coração palpitar e rasguei um pedaço da minha blusa enquanto o suor escorria em meu rosto. Agachei-me perto da piscina molhando o pedaço da blusa solto em minhas mãos e me pus de pé tampando minha boca com o tecido agora molhado. Corri até a escada e subi correndo. Aquilo era muito grande pra ter sido feito por apenas uma pessoa. Puxei a manga para que minha mão não fosse machucada pela quentura que certamente a maçaneta estaria e abri a porta com dificuldade e a fumaça fugiu preenchendo minha visão. A temperatura era insuportável de aguentar. Corri até o corredor dos quartos e enxerguei uma sombra no chão e me desesperei tentando desviar dos lugares com fogo. Agachei-me próximo ao corpo e o virei para cima tendo a visão turva daqueles longos cabelos negros.

– Lorena. – chamei por seu nome dando leves tapas em seu rosto, mas suas pálpebras permaneceram fechadas.

Ela estava desacordada, senti um aperto no meu coração por vê-la naquele estado. Por sorte, por ela estar no chão, suas narinas não estavam aspirando tanta fumaça. Olhei ao redor procurando algum indício de onde estivessem Chuck e Alice, gritei seus nomes com todas as minhas forças enquanto tentava colocar Lorena em meu colo. Eu ouvia as vozes de outras pessoas pedindo socorro, mas eu estava fraca e a fumaça fazia com que eu me sentisse cansada mesmo com poucos movimentos. O corpo desmaiado de Lorena em meus braços ficava mais pesado. Trinquei os dentes sentindo minha cabeça doer e andei rápido com ela para parte de fora e desci as escadas deixando seu corpo no chão e voltei em seguida correndo de degrau em degrau para pegar as crianças.

– Socorro! – a voz desesperada de duas mulheres invadiu o ambiente vindo do final do corredor e o choro alto das crianças também chamava minha atenção me deixando completamente desnorteada.

Corri até lá chutando a porta já imaginando que estaria trancada como as outras e mais uma vez a madeira se rompeu me dando a visão do quarto e as duas babás correram para fora em prantos.

– Vão, corram! – gritei indicando a porta aberta por onde eu havia entrado.

– As crianças! – Uma delas gritou.

– Vai ficar tudo bem. Agora, vão! – ordenei mais uma vez e as duas correram agachadas e tossindo.

Fui até a porta das crianças sentindo minha garganta fechar. O fogo estava cada vez mais forte e consumia mais os armários do corredor. Eu tinha que agi rápido, mas minhas pernas já estavam tremulas e cansadas por causa dos chutes nas portas. O suor molhava meu corpo todo. Observei as frestas da porta das crianças e saía muita fumaça. Ainda podia ouvir suas vozes e seus choros o que me aliviava por eles estarem vivos. Mas suas tosses altas me preocupavam. Respirar já doía em meu pulmão, mas eu tinha que arrebentar essa porta. Apenas mais essa. Chutei a porta com o resquício de força que me restavam nas pernas e meus olhos foram em neles em cima de suas camas chorando e gritando. Não dava para entrar no quarto sem ser tocada pelo fogo, não tinha jeito. Meu coração acelerou mais ainda, eu não conseguia tomar uma atitude. Simplesmente não dava para passar. Respirava forte sentindo a fumaça invadir minhas narinas. Eu estava esgotada, não tinha mais forças. Fechei os olhos com força sentindo algumas lágrimas escorrerem e me preparei para a dor. Contei até três mentalmente e invadi o quarto as pressas sentindo o fogo pegar no couro da minha calça. Dei um grito forte de dor enquanto me aproximava da cama pegando Alice e em seguida ia ate a cama de Chuck. Meus braços tremiam, eu não tinha força para segura-los. Era pior do que a morte, eu estava sendo torturada lentamente enquanto minha perna pegava fogo. Fechei os olhos outra vez sentindo o fogo tomar minhas pernas. Trinquei os dentes com ódio passando pelo fogo mais uma vez e assim que saí do quarto com os dois no colo, me dirigi a porta aberta sentindo o fogo queimar e arder em minha pele. Corria com os dois em meus braços tentando manter seus pés longe do fogo que consumia a minha calça. Era uma ardência insuportável, meu grito corria pela minha garganta livremente numa tentativa de aliviar a dor, mas eu nunca tinha sentido uma dor tão forte. Desci as escadas sentindo meus braços fraquejarem e observei os olhos assustados das babás agachadas no chão tentando reanimar a Lorena. As duas se levantaram espantadas com a cena. Tudo passava como flashes em minha cabeça. Meu corpo estava morto, parecia que só minha mente estava ativa.

 

– Kimberly! – ouvi um grito e virei meu rosto enquanto entregava as crianças às babas e vi Charlie próximo à piscina.

 

Eu tinha que aguentar, eu tinha que correr. A quentura me fazia mal, meu corpo inteiro parecia em chamas. Só mais alguns passos, só mais um pouco de dor. Corri até a piscina e me joguei com força apagando o fogo, mas a dor não cessou. A água cobria todo o meu corpo e parecia que em contato com a pele queimada, tudo que fazia era doer mais. Sentia a fraqueza se aproximar. Eu estava ali sem ter forças para voltar à superfície. Os corpos mortos ainda boiavam na piscina, mas não conseguia me importar com isso. Nada era mais forte do que aquela dor e aquele cansaço em meu corpo. A dor era infinita e o pensamento de morte passava pela minha cabeça. Eu estava esgotada, não conseguia me mover e pela primeira vez me entreguei ao fim. De repente ouvi um barulho ao longe e alguns segundos após senti o corpo de alguém se chocar com o meu e me puxar para a superfície da piscina. Abri meus olhos devagar tentando lutar contra o apagão. Encarei o rosto de Charlie ensopado e sua fisionomia preocupada enquanto me puxava para fora da piscina.

 

– Você vai ficar bem, aguente firme. – disse Charlie um pouco ofegante.

– Liga... pro Justin...e diz....que o Chaz está aqui. - foi tudo que consegui dizer antes de apagar.

Comentários

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karol Drew | 12/08/2014

KIMBERLY ! <3 <3 <3 <3

kimberly

@shiianna | 08/07/2014

cara kimberly foi uma eroina emocionada aki,chorando devido a tanta força de vontade e coragem n gostava mt dela mais agora devido a isso estou a adimirando ..

Capítulo

Flavia | 17/12/2012

Puta q merda.
Ai vou te dizer, Kimberley fodona, se atear ao fogo p salvar a esposa e filhos do cara que ela amou (ama) é assim único. Amei esse capítulo gente, Olha fiquei sem palavras, muito bom. Parabéns mesmo.

Capítulo

Inês | 25/11/2012

aaaaaah Claraaaaaaaa, por favor posta logo, não me faça sofrer :(((

Watch me burn

Manuh | 23/11/2012

Kimberly arrasou velho , amei esse capitulo , Chaz seu FDP -.-
Continua ta perfeito bjs

Capítulo

Luana @babydobiieber | 22/11/2012

Coitada da Kimberly =(
E mais um vez você arrasou!

Capitulo

IN | 22/11/2012

MEU DEUSSSSSS, TADINHA DA KIM, MAS CARA TIRO MEU CHAPÉU P ELA. Kimberley a heroína do capítulo. Amei muito. DIVOU.

Capítulo

Ana | 22/11/2012

SOCOOORRR QUE CAPITULO FOI ESSE?! QUE TENSO, e mais uma vez o dia foi salvo graças a kimberly né, espero que agora a lorena para de ser orgulhosa! muito bom, parabéns!

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Caroline | 22/11/2012

Quem diria a Kimberly, aah ela salvou a vida deles..
que tenso esse cap.

Capítulo

Martina | 21/11/2012

Fiquei muito aflita lendo esse capítulo, mds
mas, o justin tem que pega o chaz e taca fogo, pra ele ve como é bom
E MAIS UMA VEZ O DIA FOI SALVO PELA KIMBERLY!!! kkk no
você tá sempre me surpreendendo com esses capítulos super fodões, hein

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