Like The Old Times

– Não me mate, Justin! Pelo amor que você tem aos seus filhos, não me mate! – Sônia implorava pela incontável vez com suas mãos em forma de prece e sua voz modificada pelo choro.

 

Meu rosto estava franzido apenas observando seu corpo quase curvado diante ao meu como quem implora por perdão. Essa era uma típica atitude suspeita. Ela esteve o tempo todo ao lado do pai da Lorena contra mim e isso já era nítido. Seu choro alto irritava ecoando no ambiente pequeno e seus joelhos fraquejaram se rendendo ao solo. Mesmo que eu desse todos os motivos para que seus pais se preocupassem com o fato dela estar comigo, eu ainda não concordava com toda a covardia que ambos haviam feito. Antes mesmo de tudo de ruim acontecer, Jorge já me julgava por eu ser filho do Jeremy e, como ele havia dito, meu pai não tinha boa fama pela região. Fitei Ryan sério sem acreditar que ela estivesse tão desesperada e Ryan me fitou de volta.

 

– Você já levou meu marido, já conseguiu tirar minha filha de mim... - soluçou. - Apenas não me mate.

Sua voz invadiu meus ouvidos já me irritando. Peguei-a pelo braço com força a pondo de pé.

– Não tô com muita paciência pra showzinho. - falei sério e ela me olhou com medo. - Eu só quero saber onde está o Chaz. - falei pausadamente mantendo o tom firme.

– Eu não sei. - se desesperou e senti meu sangue correr quente em meus braços formigando minhas mãos e num impulso maior, ergui a mão direita dando uma bofetada forte em seu rosto. No mesmo instante, ela respirou forte prendendo o ar e levou uma mão sobre o a bochecha. Seus olhos estavam arregalados e seu corpo tremia.

– Você ainda acha que esse filho da puta vai aparecer aqui pra resgatar a princesa dele das minhas garras? - gritei cuspindo as palavras. - Você quer colocar a porra da sua filha em risco? Você quer tirar ela de mim? Heim? - gritei sentindo a raiva arranhar a minha voz e ela se encolheu.

– Eu não sei onde ele está. - disse trêmula desviando os olhos dos meus e eu soltei todo o ar que estava no meu pulmão. Minha paciência já era mínima e ela estava simplesmente reduzindo-a a pó.

– Ryan, vai lá fora. - falei despreocupado. - Acho que deve ter algum capanga querendo brincar com essa velha.

 

Ryan voltou seu rosto para ela esperando que ela reagisse e eu a encarei também percebendo que sua respiração saía alta e ela nos olhava mais assustada.

 

– Não, não, não... por favor, não! - gritou se desesperando mais.

– Vai me dizer onde Chaz está ou não? Eu não gosto de perder tempo e já estou perdendo muito com vocè.

– Eu já disse que não sei! - gritou e foi a vez do Ryan perder a paciência.

– Porra, não tá vendo que a gente já sacou que você sempre soube de tudo caralho? Fala logo onde o Chaz está, filha da puta! - gritou se aproximando e eu pus um braço na sua frente para que ele não fosse pra cima dela.

– Você era um menino tão bom, Ryan. Olha o que o Justin te tornou. - disse com voz de pena e Ryan riu sem humor sem acreditar na audácia dela.

– Se alguém tem culpa pelo o que o Justin é o que eu me tornei, é a Lorena que deixou três idiotas influenciarem ela para que vocês fugissem! – gritou mostrando todo o seu ódio guardado durante todo o esse tempo que Lorena esteve longe e eu o observei em silêncio enquanto Sônia mordia o próprio lábio reprimindo o choro.

– Eu só queria o bem da minha filha, eu não pensei que...

– Pensou errado! – Ryan a cortou dando um berro que a assustou.

 

Revirei os olhos com impaciência. Aquilo estava tomando mais tempo do que achei que tomaria. Passei a mão no cano da arma engatada da minha cintura e a peguei mirando-a para Sônia que olhou para o objeto completamente desnorteada.

 

– Pega o seu celular. - ordenei sem abaixar a arma.

– E-está na minha b-bolsa. - disse com os olhos perdidos e assustados na arma.

– Ryan, pega a bolsa dela. - falei sem mover seu rosto, mas percebi Ryan se movimentando até a bolsa e depois voltou para entregar o objeto na minha mão desocupada. Meus olhos ainda estavam frios e irados nela e os olhos dela estavam em minha arma. Estiquei meu braço para que ela pegasse o celular.

– Toma essa merda, liga pra ele. - mandei com a voz firme e ela hesitou um pouco. - Anda! - gritei dando-lhe um susto fazendo-a pegar de imediato.

Suas mãos tremiam segurando o objeto e eu apenas a observava até que finalmente ela pôs no ouvido.

– Viva-voz! - ordenei com o tom ainda sério e ela tirou a mão trêmula do ouvido colocando o aparelho no viva-voz.

 

Ainda chamada e todos nós estávamos em silêncio. Ryan fitava o aparelho aflito assim como eu esperando que aquela voz soasse do celular.

 

– Alô. - meu corpo esquentou como se eu pudesse senti-lo na minha frente. Me segurei para não apertar o gatilho porque vontade não me faltou.

Sônia me olhou assustada e perdida e eu movi os lábios proferindo pouco som.

– Fala. – ordenei baixo.

– C-chaz? É a Sônia. - disse disfarçando mal o nervosismo.

– Como está Lorena? Eu consegui fugir, eu consegui despistar eles! - disse eufórico como se esperasse aquela ligação. Minha raiva subia só de ouvir sua voz. - Onde está a Lorena? Eu sei que ela voltou forçada, mas eu vou pegá-la de volta. Ela não o ama mais... - disse feito um louco e Sônia movimentava os lábios mais não conseguia dizer nada.

– Pergunta onde ele está! - sussurrei com os dentes trincados erguendo mais a arma.

– O-onde você está? - disse meio desafinada.

– Eu não tenho destino! Eu não posso falar, eles devem grampear o seu celular. Justin não é idiota! - disse estressado. - Mas antes que vocês possam imaginar eu vou chegar aí e vou trazer Lorena de volta pra mim. Fica despreocupada, nas mãos desse doente ela não fica mais.

 

Meu corpo transbordava ódio. Não dava mais para ouvir tanta merda sem explodir. Guardei a arma levantando um pouco a blusa e tomei o celular da mão dela tirando do viva-voz.

 

– Vem, otário! Eu tô te esperando! Aparece aqui que tu vai chegar no inferno sem cabeça, seu filho da puta! - gritei no telefone e por alguns segundos apenas ouvi sua respiração.

– Eu não tenho medo de você.

– Então vem! Aparece! Vamos resolver que nem homem! Fez a merda toda e agora vai ficar fugindo? – gritei mais ainda e Ryan se aproximou para tentar ouvir.

– Vou aparecer no momento certo. - disse tentando manter a voz séria, mas dava pra sentir o medo que ele estava sentindo.

– O momento certo é agora que eu estou pagando pra por meu cano na sua testa, filho da puta!

– Dessa vez você não vai me pegar! - debochou.

– Conte com a sua sorte, porque comigo você só terá azar.

– Assume, Justin! Você ia morrer sem saber onde Lorena estava. Ia ficar velho viciado sem achar a mulher da sua vida. – ironizou. – Se eu não tivesse mandado aquele convite você nem ver a sombra dela outra vez.

– Parece que você não contava que eu fosse atrás, não é? – ri sem humor. – Gosto dos jogos mais difíceis. Achou mesmo que você juntaria seu nome ao dela e eu iria ficar de fora vendo essa história tosca acontecer? Você não é metade do homem que tem que ser pra tirar a Lorena de mim.

– Já tirei uma vez, posso tirar outra. – falou com um peso da voz e num tom debochado. – A propósito, eu tinha esquecido como ela geme fácil na cama.

 

A quentura do meu corpo me fazia suar. Meu coração acelerava e todos os meus músculos estavam rígidos. Eu queria que ele estivesse na minha frente agora pra eu poder acabar com ele com minhas próprias mãos.

 

– Ficou mudinho, Bieber? É tão difícil encarar a realidade, eu sei. – debochou.

– A minha realidade agora é a Lorena na minha cama e meus filhos juntos comigo, e a sua?

– Não me preocupo, ela vai voltar pra mim. – disse despreocupado.

– Ela não vai voltar pra quem ela não ama, otário. Você perdeu mais uma vez para mim, Chaz. Como sempre! – falei irônico tentando disfarçar o nervosismo.

– Não duvido que você desconte toda a raiva do mundo em cima dela outra vez e então... nós dois sabemos pra quem ela corre.

 

Apertei o aparelho fortemente em minhas mãos sentindo toda a raiva do mundo se descontrolar dentro de mim. Taquei com toda a força que pude o celular na parede ouvindo o ruído de susto de Sônia quando o celular tocou a parede e se espatifou caindo no chão.

 

– Eu vou te matar, Somers! – gritei com ódio fechando o punho.

– Calma. – Ryan disse colocando a mão em meu ombro enquanto minha respiração saía descompassada.

– Eu não posso perder tempo, Ryan! Eu não confio mais na Lorena como antes, ela vai colocar tudo a perder sem pensar duas vezes se algo acontecer. – gritei.

– Se você perder a cabeça, tudo vai piorar! – alertou.

 

Soltei todo o ar do pulmão tentando achar a calma e olhei para Sônia no canto olhando tudo assustada.

 

– Eu só não te mato porque eu amo a minha mulher e não quero ela completamente órfã, mas a minha vontade é te ver sem vida – falei entredentes e ela estremeceu.

– E agora? - Ryan perguntou preocupado chamando minha atenção.

– A rede está no rastreador. - falei dando um sorriso vitorioso enquanto Sônia nos fitava ainda assustada. - Tá no papo. A casa caiu! Eu vou atrás dele até o fim do mundo!

– E eu to contigo, parceiro. - disse empolgado. - E essa aí? - perguntou apontando com a cabeça para Sônia e voltei minha atenção a ela.

– Você vai pra sua casa, mas desiste de fazer qualquer coisa contra mim. Sua linha telefônica está cortada, seus únicos vizinhos serão os capangas que vão ficar de olho na casa 24 horas por dia e agradeça a Lorena porque por mim você poderia virar presunto! – gritei fazendo Ryan rir alto , aumentando o medo da mulher que ainda estava aos prantos.

 

Saí do quarto e Ryan me seguiu. Do lado de fora do cativeiro, dispensei alguns homens para levassem ela até a antiga casa da Lorena e dei todas as instruções a eles. Assim que toda a movimentação acabou e vi o carro com ela dentro arrancando pra ir embora, me aproximei junto com Ryan do capanga que estava com o notebook ligado em cima da parte de trás do carro.

 

– Quais são as informações? - perguntei sério.

– Ele está no sul do Canadá, chefe.

– Quero um dossiê com todas as informações que você achar o mais breve possível. - falei e ele assentiu.

Virei indo em direção ao meu carro.

– Otário. - zombou Ryan negando com a cabeça.

– Eu vou encontrar ele mais rápido do que ele pensa. - falei tentando remover aquela tensão.

– Vamos comemorar porque daqui pra frente vai ser trabalho duro! Boa sorte com a Lorena. - debochou.

– Já tô vendo o drama! – rolei os olhos. - Mas não posso perder essa chance, não mesmo! Isso só tende a ficar maior.

– Tô contigo parceiro, mas vocês mal se resolveram e tal.

– Fazer o que? Mas ela vai ficar protegida aqui mais que rapunzel na torre! - falei sorrindo sacana.

– Tá pensando em fazer isso como?

– Kimberly. - sorri.

– Tô pagando pra ver de área vip Kimberly fazendo a segurança da Lorena. - riu debochado.

– É a única que eu confio pra fazer o meu trabalho. - dei de ombros. - Eu vou ter que ficar esse tempo fora até pegar o Chaz e nem fodendo ela vai comigo com as crianças.

– Te entendo, bro. O problema é explicar pra ela! - disse coçando a cabeça.

– Tudo na sua hora. Bora que vou passar lá nada velha pra vê se tá tudo em ordem. Não matei essa velha, mas agora também ela não vai dar nem um espirro sem a minha permissão. - falei entrando no carro e o Ryan entrou no dele.

 

Ligamos o motor junto e saímos daquele beco para voltar a estrada. Estava um Sol da porra e a estrada estava vazia. Ryan corria do meu lado e o encarei tendo uma ideia e sorri fazendo ele gesticular a cabeça sem entender. Acelerei o motor passando a sua frente e ele entendeu o recado e logo seu Ranger pegou velocidade tentando me passar. As imagens passavam rápidas pelas minhas janelas. Pelo retrovisor, percebi que nós dois estávamos rindo enquanto trocávamos as marcha e afundávamos o pé no acelerador. Aquilo me excitada, velocidade era algo que me colocava em frenesi! O carro do Ryan vinha se aproximando e logo ele estava na minha direita rindo pra mim!

 

– Isso é tudo que você consegue? - gritou debochando e rindo e eu dei de ombros colocando minha cabeça pra frente e troquei a marcha acelerando mais.

 

O asfalto estava liso e a estrada vazia. Eu não podia perder a oportunidade de brincar um pouquinho. A poeira levantava e não enxergava mais o seu carro pelo retrovisor.

 

– Otário. - sorri satisfeito.

 

Apertei as mãos no volante e acelerei mais. Aquilo era viciante, não conseguia parar. Meu rádio apitou e logo em seguida a voz do Ryan soou.

 

– Ô, viado! Eu tenho que assumir que perdi pra você parar de acelerar essa merda? - perguntou com o humor.

 

Ri pelo nariz pegando o rádio da minha cintura e diminuindo a velocidade.

 

– Fecha a boca, Ryan senão vai comer poeira. - debochei chegando a uma velocidade boa e já ouvia o barulho do motor do carro dele se aproximando.

– Na próxima te venço! Vamos ver se você consegue ser bom duas vezes. - gritou da janela já com o carro do lado do meu e eu estendi a mão mostrando o dedo do meio.

– Para de choramingar! - falei rindo alto.

– Não fui tão mal assim! Cheguei em segundo lugar. - disse com o vento cortando um pouco a sua voz e deu de ombros com humor me fazendo rir alto.

– Segundo lugar é mal quando só estamos nos dois correndo, idiota. – ri fazendo que não com a cabeça.

– Você não entendeu minha ironia, sua mulherzinha.

– Ironia de perdedor é dor de cotovelo! – gritei debochando e ele riu de canto voltando a fitar a estrada.

 

Continuamos seguindo a estrada até chegar à antiga casa da Lorena. O carro preto que havia trazido Sônia para cá e mais dois estavam parados em frente a casa. Estacionei saindo do veículo e batendo a porta e eu seguida Ryan estacionou também. Caminhei me aproximando da casa e Ryan vinha atrás. A porta estava aberta, apenas empurrei e quando entrei me deparei com um dos capangas em pé em frente a ela que estava sentada no sofá com a mão amarrada.

 

– Segura meu pau, vadia! Brinca um pouco, vai! - disse com voz de mando segurando a cabeça de Sônia que parecia implorar para não fazer aquilo enquanto os outros riam.

 

Passei a mão na arma enojado por aquela cena e apontei pra direção dos capangas.

 

– Que merda está acontecendo aqui? - perguntei firme e alto fazendo todos olharem para mim assustados enquanto o outro fechava a calça e tentava se recompor.

– Filho da puta... - Ryan sibilou atrás de mim sem acreditar.

– Nada, senhor! - disse sem graça sem me fitar nos olhos.

– Eu mandei não fazer nada com ela. - falei cuspindo fogo. - Vocês estão achando que eu sou otário, porra?! - gritei me aproximando e todos olhavam para o chão se cagando de medo enquanto a mãe de Lorena continuava chorando com as mãos amarradas sentada no sofá.

– Isso não irá se repetir, senhor! - disse o que estava com a calça aberta ainda sem me fitar nos olhos.

– Não vai mesmo, não! - falei sentindo meu corpo quente e ele levantou os olhos sem entender e eu atirei em seu peito fazendo-o levar a mão até o coração e em seguida cair no chão estrebuchando.

 

O grito de Sônia ecoou, mas rapidamente Ryan correu até ela tampando sua boca. Os outros ainda não me fitavam com medo e pareciam impressionados.

 

– Vocês aí! - gritei fazendo eles me olharem. - Coloquem o corpo no carro e vão carbonizar o amiguinho de vocês! E que isso sirva de lição. Eu não trabalho com amadores nem com capanga que acha que manda mais que eu! - ordenei e todos começaram a levantar o corpo já sem vida e eu os acompanhei com o olhar até eles saírem da minha frente.

Ryan ainda tampava a boca de Sônia que me olhava assustada e trêmula com seu rosto molhado de lágrimas.

– Solta ela. - falei guardando a arma na cintura e Ryan a soltou desamarrando suas mãos.

– Você... você... você matou aquele homem. - disse ofegante e fraca.

– Ele ia te arrombar! - gritei e ela se calou. - Bem que te arrombar poderia ser uma boa ideia pra você nunca mais tentar tirar Lorena de mim, mas eu não fiz isso por você, fiz por ela, já disse isso. Infelizmente a gente não escolhe os filhos da puta que vamos chamar de pais. - esbravejei e ela chorou alto abaixando a cabeça. - Ryan, passa um rádio pra um dos capangas e manda o resto vir pra cá. - falei e voltei minha atenção a Sônia. - Você vai ficar na sua casa, mas não vai mover um fio do seu cabelo sem ser observada. Seu marido queria tanto me prender e você foi na onda dele, só que um acabou morto e quem acabou ficando presa foi você. - falei cínico e Ryan soltou uma risada pelo nariz debochadamente.

– Você não é uma pessoa boa! - disse chorosa.

– A Sr. Allison quer falar de bondade? – cruzei os braços rindo cínico. – Minha mulher ficou meses trancada no quarto e estava grávida e me diz se você fez alguma coisa por ela! Não! A única coisa que vocês faziam era se preocupar comigo e fazer de tudo para que eu não chegasse perto dela e você como boa filha da puta se fazendo de amiga da minha mãe.

– Nenhuma mãe quer a filha namorando um criminoso, um assassino, um sangue-frio que nem você! – gritou desesperada.

– Você não manda mais na vida dela desde quando ela fugiu daqui!

– Lorena é apenas uma criança, Justin! – disse chorando e Ryan rolava os olhos e soltava o ar do pulmão como se achasse aquilo tudo um tédio. Eu já estava cansado de ouvir essas mesmas baboseiras.

– Eu sei fazer um crime parecer um acidente. Eu esfolo sua testa e depois de morta amarro o seu pescoço numa corda e convenço a Lorena que foi você que se matou. Prefere assim? – perguntei sério.

– Não. – abaixou os olhos.

– Então cala essa merda de boca.

 

Ela conseguia me deixar cada vez mais sem um pingo de paciência, só não estourava seus miolos aqui e agora por causa de Lorena, apesar de tudo sei o quando ela ama a mãe. Saímos da casa assim que os capangas que mandei chamar chegaram. Revisei todas as instruções e deixei claro num tom ameaçador de que nada seria feito com ela. Ryan e eu entramos no carro e já estava escurecendo. Seguimos a estrada e sem muitas demoras já estávamos perto da minha casa.

 

POV Lorena

 

Fernanda e eu ficamos o dia todo tagarelando sobre o que havia acontecido em nossas vidas. Fizemos o almoço, almoçamos e mesmo assim o assunto não terminava. Contei tudo que havia acontecido durante todo esse tempo com o Chaz, óbvio que ela não entendia porque eu havia fugido com ele, mas o jeito como Chaz me tratava era único e eu sentia que o conhecia e entendia de uma forma que mais ninguém poderia entender. Não conseguia acha-lo ruim, não conseguia olhar para ele e ver uma pessoa completamente ruim. Durante todo o tempo que estive com ele (mesmo amando o Justin) ele foi um bom companheiro e sempre tratou Chuck e Alice com muito amor. Tudo isso mexia comigo e mesmo que meu coração pertencesse a Justin, eu não poderia simplesmente virar as costas para o Chaz. Quando você vive uma vida cheias de confusões, você acaba se perdendo em seus próprios sentimentos. Sinto que devo odiá-lo do mesmo jeito que Justin, mas não consigo. Fora isso, Fernanda me contou como tudo havia ficado com a minha ausência. Segundo seus relatos, Justin simplesmente saía de si e tinha sérias recaídas com seus problemas com a droga. Ryan havia mudado drasticamente e Fernanda disse que seu lado mais humano havia praticamente sumido, o que ajudou muito para que eles não se acertassem mais. Os dois viviam sedentos de sangue e vingança e passavam noite trancafiados no escritório do Justin fazendo sabe se lá o que já que nem ela soube responder. Pattie havia ficado bastante deprimida e durante alguns meses teve uma séria de convulsões nervosas. Meu coração apertou no momento que ela me contava isso. Me sentia muito culpado por todo o mal que causei, mas eles também não tinha a menor idéia de tudo que passei. Expliquei para ela que nos primeiros meses eu mal conseguia tocar em Chuck e Alice, eles se tornaram indesejáveis para mim. Minha mãe e Chaz que cuidavam deles porque eu na verdade só pensava em morte.

 

Flashback on.

 

Encarava mais corpo magro no espelho. Embaixo dos meus olhos haviam apenas duas olheiras profundas e as lágrimas. Dentro de mim havia um vazio tão grande que chegava a doer. Eu queria gritar, eu queria apenas tirar a voz do Justin da minha cabeça, mas eu não conseguia. Queria me desgarrar de cada detalhe que eu lembrava de sua boca, se seu rosto, de cada pinta, cada palavra... queria apenas essas lembranças mortas. Eu não tinha forças para segurar meus filhos e olhar para eles nos olhos. Isso apenas faria com que eu me recordasse que o amor da minha vida simplesmente esmagou meu coração de todas as forças e jeitos que ele podia. O barulho da banheira enchendo era o único som que ecoava no banheiro, mas dentro de mim cada frase do Justin martelava me dando fortes dores de cabeça. Me despi entrando na banheira com os pensamentos completamente longe dali. Sentei na banheiro e apertei os olhos com força ao me lembrar que nesse exato momento Justin poderia estar com a Kimberly. Parecia que tudo havia começado a dar errado desde quando Justin entrou mais uma vez na minha vida, mas ao mesmo tempo as coisas ruins se triplicavam quando ele não estava comigo. Deslizei meu corpo pra dentro da água afundando minha cabeça e mantive meus olhos abertos fitando a água embaçar o teto do banheiro. Prendi a respiração desejando a morte. Eu já não cuidava dos meus filhos, já sentia toda a minha vida não estar de acordo com que eu realmente queria. Eu não tinha mais motivos para querer me sentir assim. Só um louco gosta da dor e eu já estava viciada na dor que sentia por gostar do Justin, não podia mais me conformar com a merda de vida que estava levando. Estava sufocada, mas estava determinada a insanamente tirar a minha vida, mas quando se prende a respiração, seu corpo reage sozinho puxando o ar e como estava dentro da água, meu corpo se movimentou bruscamente me fazendo respirar a engolir água, mas eu não conseguia voltar a superfície até sentir os braços do Chaz me suspenderem.

 

– O que você pensa que está fazendo? Está louca? Está querendo se matar? – perguntou desesperando me abraçando.

 

Tentava puxar o máximo de ar que conseguia para compassar a respiração e sentia a dor ainda mais aguda em meu coração. Eu nunca conseguiria me livrar daquele sentimento porque eu nunca conseguiria sumir comigo mesma. Apenas a morte acabaria com tudo, mas parecia que estavam todos prestes a me salvar.

 

Flashback off

 

Já estava escurecendo e eu já estava começando a me preocupar. Afinal, Justin tinha ido ver a minha mãe e eu não conseguir segurar a ansiedade e pedir as contas de quantas vezes eu liguei para ele e desliguei. Não queria estressá-lo, mas não aguentava mais imaginar o que estaria acontecendo. Os piores pensamentos sempre me rondavam, e eu temia por minha mãe apesar de tudo. Estava sentada no sofá agarrada às minhas pernas enquanto Fernanda tinha ido ao banheiro. Meus pensamentos vagavam soltos e meus olhos se focavam em algum lugar perdido.

 

– Que cara é essa? – perguntou Fernanda rindo se sentando ao meu lado e eu sorri disfarçando. – Justin, acertei?

– Ainda é tão óbvio assim que essas saídas dele durante o dia todo me preocupam? – sorri fraco.

– Só ele arranca essa sua cara idiota de paisagem. – riu jogando uma almofada em mim e eu ri também.

– Vou começar a me arrumar antes que ele chegue e dê ataque porque não estou pronta. – falei me levantando

– Bom, e eu vou pra casa então, né? – dei de ombros fazendo um biquinho.

– Qual a próxima piada? - cruzei os braços. – Você vai também!

– Ah, não, Lorena! Não me force a dividir de novo o mesmo metro quadrado que o Ryan. Só aqueles míseros minutos aqui já foram constrangedores, sério. – reclamou.

– Para de graça! Tá com medo de não resistir a ele, é? – impliquei fazendo uma careta e ela rolou os olhos um pouco sem graça. – Ah, por favor, Fê! Há quanto tempo não saímos juntas? Por favor, por favor! – pedi manhosa. – Eu deixo você escolher qualquer roupa do meu closet que você queira usar.

– Isso é chantagem. – disse reprimindo um sorriso.

– Vamos logo! – falei puxando seu braço e fazendo levantar do sofá e a arrastei subindo as escadas para o quarto.

 

Ficamos quase uma hora e meia nos arrumando. Tomamos banho, fizemos o cabelo, maquiagem e óbvio, brigamos pelo espelho. Fernanda não estava muito animada com o fato de Ryan ir, mas estava gostando de sairmos juntas, coisa que não fazíamos há tempos. Ela ainda me fazia varias perguntas enquanto escolhíamos nossas roupas e conversávamos sobre nossas conturbadas relações. Em meio a risadas, fofocas e conversas, decidimos nossas roupas e Justin já havia batido na porta e dito com a voz um pouco impaciente pra avisar que já estava me esperando lá embaixo e mesmo depois disso demoramos mais meia hora pra ficarmos prontas. Estava dando a última olhada no espelho quando meu telefone começou a tocar e o peguei na bolsa vendo “Pattie” no visor.

 

– Alô?

– Lorena, desculpa a demora, mas eu realmente perdi o horário, me distraí com as crianças. Já estou saindo de casa para leva-los pra casa, mas está me dando uma peninha. Eles não querem ir. – disse com a voz triste.

– O Justin não te ligou pra avisar que precisaríamos que você ficasse com eles? – perguntei confusa.

– Não, estou aqui com dó de levar eles embora.

– Nós vamos sair, eles podem passar a noite aí. – sorri.

– Ah, que bom, Lorena! Não podia receber notícia melhor que essa! – festejou

– Eu vou pedir pra um dos homens levarem os pijaminhas e as coisas deles, tudo bem?

– Está ótimo!

– Dêta eu falar cum a mia mamãe? – ouviz a voz de Alice no fundo e sorri abobalhada com aquilo.

– Espera um pouco, Lorena. Lara Alice quer falar. – disse e passou o telefone pra pequena.

– Ô mamãe, pede pro papai tlazer tudo minhas cosas pa cá putê eu vô molar cum a mia vó!

– Ah, é? Vai abandonar a sua mãe, Alice? – falei fingindo estar chateada.

– Não, mamãe. Dotês podi visitar mia vó e eu. – falei de um jeito engraçadinho e eu caí na gargalhada.

– Tá bom, Lara Alice. Vamos ver o que seu pai vai achar disso. Se comporte e não brigue com o seu irmão, tá bom? Respeita a sua vó!

– Tá bom, mamãe. Te amu.

– Também te amo, minha princesinha. – falei e logo em seguida a Pattie respondeu.

– Perguntei pro Charles se ele queria falar contigo, mas ele está muito concentrado no bolo de chocolate que está comendo, sabe? – disse rindo e eu ri também.

– Tá bom, dá um beijo neles e qualquer malcriação pode chamar a atenção. – dei as ordens.

– Pode deixar! Beijos.

 

Coloquei o celular de volta na bolsa e Fernanda terminava de se maquiar.

 

– Vamos? – sorri esperando-a.

– O Ryan está lá embaixo e eu odeio admitir que estou nervosa. – rolou os olhos.

– Aja naturalmente. Nenhum homem resiste quando uma mulher mostra que está bem sem ele. – falei dando uma piscadinha e ela sorriu.

 

Abri a porta e nós duas saímos do quarto em direção a sala.

 

POV Justin

 

Lorena devia estar se arrumando havia umas três horas. E se tem uma coisa que mais detesto e me tira do sério facilmente é esperar. Estava sentado naquele sofá completamente sem saco fazia muito tempo e Ryan parecia traçar tudo que estava na geladeira até que veio pra sala com a boca cheia segurando um sanduíche mal feito nas mãos.

 

– Já sabe pra onde quer ir hoje? – perguntou de boca cheia se sentando ao meu lado.

– Estava pensando em ir ao Holy Club. Lá tem um ambiente legal e é outro nível, né? Não tem aquelas putas baratas se esfregando em você a qualquer custo. – ele me ouvia mordendo o sanduíche e assentindo com a cabeça.

– O Nolan me ligou. – disse mais uma vez de boca cheia.

– Quem é Nolan?

– Que estudou com a gente. – deu de ombros.

– Porra... – disse surpreso pelo tempo que não tinha notícias dele. – O que ele queria?

– Dizer que hoje vai ter uma festa na casa dele com o antigo pessoal do ensino médio. Tá afim?

– Geral vai?

– Acho que sim. – deu de ombros.

– Vamos ver o que a madame vai dizer. – falei debochado vendo-a descer pela escada junto com Fernanda e as duas estavam gostosas pra caralho.

– Sobre o que? – perguntou já no pé da escada vindo pra minha direção e Ryan não tirava os olhos de Fernanda.

– Vai ter uma festa hoje com o antigo pessoal do colégio. – falei me levantando e me aproximando dela.

– Ah, claro. Eu me arrumei toda pra ver meus lindos amigos do colégio que não vejo a anos e sou muito feliz por isso. – ironizou me fazendo sorrir de canto.

– Vai ser bom, Lorena. Assim todo mundo vai ver que no final das contas você acabou comigo. – dei de ombros sabendo que iria irritar ela e ela revirou os olhos.

 

Abracei sua cintura dando-lhe um selinho rápido.

 

– Vamos logo, antes que eu mude de idéia. – reclamou.

– Bom, vou indo pegar meu carro. Vou seguir vocês já que não sei chegar lá. – disse Fernanda saindo de casa e Ryan acompanhou sua bunda sem disfarçar.

 

Entrei no meu carro e Lorena sentou no banco do carona. Ryan entrou no carro dele e seguimos com os três carros até o casa do Nolan que ficava meia hora dali.

 

– O que você fez hoje o dia todo? – Lorena perguntou.

– Eu disse que ia ver sua mãe, não disse?

– E aí? – perguntou um pouco receosa.

– Ela já está na casa dela, não precisa se preocupar. – respondi sem tirar os olhos da estrada.

 

Depois de um tempo, Ryan estacionou em frente a uma casa e já dava para ouvir a música e o falatório. Havia pessoas até no quintal bebendo, fumando, ouvindo música, dançando, conversando e eu já lembrava de alguns rostos.

 

– Que pesadelo! – Lorena disse de forma engraçada e eu tirei o cinto saindo do carro enquanto ela fazia o mesmo.

 

Ryan e Fernanda já vinham na nossa direção, mas não se falavam entre eles. Começamos a caminhar para entrar na casa e perto da piscina estava um grupo de garotas de biquínis segurando cada uma um copo de bebida. Entrelacei meus dedos com os dedos de Lorena e ela olhava tudo de um jeito superior. Era óbvio que ela sabia que eu já havia levado pra cama metade da festa, principalmente a morena que estava se aproximando para falar com a gente.

 

– Quem diria. – disse Tainá cruzando os braços parando bem na nossa frente.

– Justin e Lorena, juntos? Deus, milagres acontecem! – Lilly se aproximou abismada.

 

Joyce, Alanis, Inês, Michelle, Ana, Gabriela, Carol, Caams, Jeise... Era estranho como eu lembrava o nome de todas e uma a uma iam se aproximando enquanto Lorena tentava manter um sorriso no rosto que não estava convencendo.

 

– Justin, você não está mais tão magrelo! – brincou Jeise e sorri sem graça vendo que Ryan já falava com o Nolan um pouco afastados de nós.

– Então quer dizer que todo o ódio da Lorena se transformou em amor? Que bonitinho. – disse Alanis tentando fazer graça e todas riram em coro, mas Lorena não sorriu de volta.

– Bieber? – um cara me chamou num tom surpreso e virei minha cabeça vendo o Alfredo com um copo na mão e o outro braço rodeava a cintura de Maiara, eles namoravam desde o colegial. – Caralho, cara! Quanto tempo! – disse com seus olhos em Lorena.

– Fala aí! – me aproximei fazendo um aperto de mão a segurei pela cintura, mostrando com quem realmente Lorena estava.

– Vocês estão... – fez cara de confuso. – Juntos?

– Juntos e com filhos. – sorri apertando mais sua cintura e Lorena sorriu.

– Filhos? – perguntou surpreso.

– Sim.

– Ah, não! Para essa festa agora. – gritou e Maiara ria da palhaçada dele!

– Isso realmente nunca passaria pela a minha cabeça. – disse Maiara surpresa.

– É, pois é, nem na minha. – disse Lorena um pouco sem jeito.

– Quer beber alguma coisa? Vamos dar um volta, ninguém merece papo de homem. – Maiara rolou os olhos e começou a puxar a mão de Lorena que puxou Fernanda.

 

Soltei sua cintura um pouco inseguro, afinal ela estava muito gata pra ficar zanzando pela festa sem minha supervisão, mas Alfredo começou a falar chamando minha atenção e perdi o foco da Lorena.

 

CONTINUA...

Comentários

Cap.

Maay' | 02/05/2013

Ó goood o meu nome é Mayara e do minha irmã é Alanis...parece que vc sabia Clarinha!.....Espero que o Just não tenha recaídas....hu

destino oculto

anywaybieber | 12/11/2012

perfeito ou perfeito claraaaaaa ?

Cap

Jessica | 02/11/2012

PERFEITOOOOO ! hahaha

Capítulo

Flavia | 02/11/2012

Nossa ,fiquei assim muito feliz por Fernanda e Lorena terem reatado a amizade. Muito lindo rs. E essa mãe da Lorena merece uma surra isso sim p ela deixar de ser safada.
Quando que eu vou dar o tiro na cara do Chaz ? Pq já passou da hora do Justin fazer isso, se ele n quer fazer me avisa q eu faço kkkk brinkis!

Like The Old Timess

michelle | 31/10/2012

Perfeitooo..ai gente me achando por estar no capitulo lol o q essas meninas vao aprontar?? Continuaa

Capítulo

Dryellen | 31/10/2012

OMG *O*
acho que vai rolar um ciúme nessa festa eim kkkkkkk
só acho u.u

capítulo

in | 31/10/2012

Q lindinho as amigas juntas. E é sempre uma merdinha festa de reunião com o povo do ensino médio kkk. Estava com saudades dessa.

capítulo

Inês | 31/10/2012

Acredite em mim quando eu digo que fiquei 5 minutos gritando quando recebi a noticia de que eu ia aparecer em DO, eu tenho acompanhado essa fic e posso dizer que é DAS MELHORES que alguma vez lí, sério, está melhor que ótima. Vc tem imenso jeito e cada vez nos consegue surpreender mais, mesmo parecendo que já vimos tudo. Parabéns, vc é a melhor.

capítulo

Inês | 31/10/2012

AAAAAAH EU.NA.MESMA.FESTA.QUE.O.JUSTIN.E.LORENA ...... SOCORRO GENTEE ! Continua postando sua linda, adorei *--*

Capítulo

@idrewsupra [ Alanis ] | 29/10/2012

C-A-R-A-L-H-O! kra, quando eu vi meu nome, meu coração foi a mil. tipo, wow! eu to em DO pessoas.
ah, é simplesmente perfeito. tipo, eu ainda to meia paralisada, e e olha que vai ter continuação,mas eu não tenho certeza se eu apareço no próximo, mas mesmo assim. ta perfeito! eu apareci em DO porra!
Clara, sério, muito obrigada! tipo, você foi uma das melhores pessoas que eu conheci na internet e mesmo eu já tendo te falado isso 27387236425718 milhões de vezes, SUA FIC É E SEMPRE SERÁ A MELHOR DE TODAS! Estou sem criatividade no momento, mas nenhuma palavra será suficiente p descrever o que eu estou sentindo em >> fazer parte de DO <<.

1 | 2 | 3 >>

Novo comentário