I've Hurt Myself By Hurting You

 

POV Justin

 

Estava esparramado na poltrona sentindo meu corpo pesar e a testa suada embaixo do boné. Ainda estava em transe e puto por Chaz ter conseguido me enganar tão perfeitamente. Ryan e eu tínhamos acabado de chegar no hotel que estávamos hospedados depois daquele dia exaustivo. Meus olhos estavam em qualquer direção e meus pensamentos voavam atrás de pistas que talvez tivessem passado despercebidas. Minha mente e meu corpo estavam cansados mas certamente eu não conseguiria pregar o olho. Merda! Eu achei que estava tão próximo de acabar com tudo isso. Achei que voltaria para a casa com todo esse assunto resolvido. Estava bastante desapontado por ter sido enganado e enrolado todos esses dias em que eu estava no Canadá. Isso estava maior e levando mais tempo do que eu realmente achei que levaria. Peguei o celular e disquei o numero da Lorena. Pus o telefone sem vontade alguma na orelha e esperei que ela atendesse. Eu não queria ir embora sem ter a certeza que ele não estava mais aqui, mas sabia que essa seria a primeira pergunta que ela faria, como de costume. Porém deixei o celular chamar até cair na caixa postal e imaginei que ela pudesse estar ocupada com as crianças.

- O que vamos fazer? - perguntou Ryan voltando do banheiro apenas de bermuda enquanto esfregava uma toalha branca no cabelo.

- Não sei. - suspirei cansado apoiando as costas no encosto da poltrona e relaxando o corpo. - Tenho quase certeza que ele não está sozinho, preciso saber quem está com ele.

- E quem estaria com ele? Todas as opções estão mortas, Justin. - disse achando minha hipótese um pouco absurda.

- Ele não tem experiência nisso, ele mal sabe pegar numa arma ou traçar rotas e pistas falsas. Isso não está com a cara dele. - falei analisando.

- Não sei, não. Depois de tudo que eu já vi, nada mais me surpreende. - disse despreocupado sentando na cadeira a minha frente.

- Não consigo imaginar quem possa estar com ele. - falei irritado.

- Talvez seja alguém novo, alguém que ele esteja pagando. – deu de ombros.

- Não sei, não sei... – pensei mirando um ponto fixo.

- Você acha que o Lúcio tinha algum comparsa que você não conheça?

- Mesmo se tivesse, esse comparsa estaria preocupado com a Kimberly, não comigo. Ela que está com a porra toda agora. – falei confuso e com pouca certeza fazendo Ryan suspirar derrotado em seus pensamentos.

- Isso é louco. Não temos mais o que fazer. Vamos ficar aqui ou voltar pra Atlanta? - perguntou mudando o tom de voz.

- Eu ainda não sei, mas se quiser voltar, pode voltar. - dei de ombros.

- Não queria te deixar na mão, mas estamos aqui há bastante tempo, também tenho minha vida e hoje a Fernanda encheu minha caixa de mensagem. Estou preocupado com essa porra. - disse mexendo no celular e eu me ajeitei no sofá soltando um riso fraco.

- Vão se acertar?

- Não sei, mas olha essa. "Ryan, quando você volta? – começou a ler. - Temos que conversar e tem que ser logo. Fernanda." - acabou de ler e me olhou. - Por que ela me procuraria agora? - perguntou confuso.

- Saudades. - dei de ombros me levantando e pegando meu celular pra ligar para a Kimberly.

- Que mané saudades. – falou emburrado e eu ri fraco indo em direção ao banheiro enquanto teclava os números do celular da Kimberly.

- Kimberly de novo? - Ryan riu.

- Não consigo falar com ela desde a hora que falei com a Lorena. Eu pedi pra ela não sair de la de casa, mas ela é foda. - reclamei e Ryan riu pelo nariz enquanto eu caminhava para o banheiro colocando o celular no ouvido.

– Alô. – ouvi sua voz cansada me dando um pouco de alívio por ter atendido.

– Estou tentando falar com você o dia todo. Por que não atende essa merda ?

– Eu estava ocupada.

– Eu mandei você não arredar o pé da minha casa. Qual o seu problema? - esbravejei puto fechando a porta do banheiro.

– Justin! Eu também tenho as minhas coisas para fazer. Além do mais, eu estou voltando pra sua casa agora e encontrarei tudo em ordem como sempre acontece quando eu saio.

– Não confio nisso. Quantas pessoas estão vigiando a casa?

– Justin isso não vem...

– Quantas pessoas estão vigiando a casa?

– Cinco!

– Você quer morrer, Kimberly? Cinco pessoas vigiando aquilo tudo? Meus filhos estão naquela casa! Lorena está naquela casa! - gritei.

– Quer saber? Nada aconteceu até agora. Você está no Canadá atrás do Chaz, logo ele não está aqui.

– Não, ele não está aqui! Eu o perdi. Perdemos o paradeiro dele. O celular que estávamos rastreando era dele, mas o filho da puta jogou num caminhão de lixo. Estávamos atrás de um caminhão de lixo. – disse irritado.

– Isso é tão a sua cara. – riu debochada.

– Vai se foder. Ele disse que iria atrás da Lorena, ele não está disposto a deixar tudo fácil. Eu tenho certeza disso. Você não pode deixar a casa sem proteção!

– Espera um pouco... – sussurrou e eu bufei entediado encarando o espelho do banheiro ate que ouvi sua voz outra vez. – Não acredito... – falou com a voz falha.

– O que foi? – perguntei preocupado, mas não obtive resposta. - Kimberly? O que aconteceu? Está me ouvindo? Kimberly? - gritei sentindo a tensão tomar conta. Alguma coisa estava errada.

Desliguei a chamada ainda irritado e preocupado e apertei o numero de Lorena. Ela tinha que atender, ela tinha que estar bem. Coloquei o celular na orelha fechando os olhos enquanto sentia o coração acelerar. Nada! Tentei ligar para o telefone da casa e o resto de esperança se foi, ninguém atendia. Alguma coisa estava muito errada. Senti minha garganta fechar e meu sangue circular rápido em minhas veias sustendo a adrenalina. Não dava pra ficar calmo e fingir que nada estava acontecendo, não dava para me enganar. Empurrei a porta do banheiro com força um pouco atordoado e Ryan virou o corpo pra trás com a expressão confusa enquanto me fitava.

- Aconteceu alguma merda. - falei apressado começando a procurar as minhas coisas pela suíte do hotel. Meus pensamentos rodavam, eu estava simplesmente juntando minhas coisas no automático enquanto Ryan me cercava.

- O que aconteceu?

- Eu não sei, mas a Kimberly parou de falar de repente e eu não consigo falar com a Lorena nem pelo celular, nem pelo numero da casa. - falei um pouco alterado.

- Calma, às vezes é apenas uma maldita coincidência.

- Não existe coincidência se eu nao tenho ideia de onde o Chaz esta. - gritei com o sangue fervendo. – Eu ouvi a voz da Kimberly, alguma merda aconteceu! Arruma suas coisas, nós vamos embora! - conclui extremamente estressado enquanto saia do quarto e batia porta.

Peguei o celular outra vez discando o numero de Kimberly, mas ela não atendia. Caminhei pelo corredor do hotel e fui batendo nas portas que meus capangas estavam pra avisar que iriamos embora. Desci pelo elevador e paguei todas as diárias completamente fora de mim, completamente destruído e afoito só de pensar que alguma coisa pudesse estar acontecendo e eu em outro país de mãos atadas.

- Senhor? - senti que a recepcionista me chamava pela segunda vez e voltei meu olhar perdido a ela.

- O hotel agradece a sua preferência e aguardamos sua volta. - disse com um sorriso mecânico enquanto me entregava uma nota.

Assenti sem humor pegando o papel e percebi Ryan descendo com a mochila nas costas junto com o resto dos capangas que traziam as minhas coisas e as malas com os armamentos.

- Vamos. - falei sério saindo do hotel e Ryan me seguiu em silencio.

Minha mente doía, eu me sentia um fracassado. Dias longe da minha família com a promessa de que voltaria para vivermos em paz e nada fiz, nada consegui fazer. Chaz não estava em minhas mãos, eu e Lorena não tivemos tempos para nos reconciliar e toda a falta que eu sentia dos meus filhos ainda ardia em meu peito, fora a falta de atenção que eu estava dando a Cindy. O peso do mundo estava nas minhas costas, parecia que estava prestes a machucar a todos simplesmente por estar fazendo de tudo para ninguém sair machucado. Eu não estava aproveitando os momentos bons principalmente porque queria arrumar tudo antes. Fui egoísta e agora corro o risco de ter feito a maior merda da minha vida: deixar meus filhos e Lorena em risco. Já estávamos no jatinho, alugamos apenas um para nos levar de volta a Atlanta e o silencio imperava. Ninguém ameaçava falar comigo, pois meus nervos e meu humor estavam à flor da pele. Eu não sabia quantos minutos já haviam se passado, mas seria uma viagem de aproximadamente 4 horas. 4 horas sem desgrudar do celular tentando falar com alguém. Ate que o aparelho tremeu em minha mão suada e senti um choque percorrer em minhas veias. Eu senti que a partir daquele momento eu ia saber se alguma coisa havia acontecido ou não. Mirei o visor sem me preocupar com o numero desconhecido e aceitei a ligação.

- Alô. - falei me levantando da poltrona e todos me olharam apreensivos.

- Justin? É a Charlie. Você tem que voltar pra Atlanta. Aconteceu... aconteceu... - disse completamente nervosa.

- O que aconteceu?

- Sua casa pegou fogo, Lorena esta inconsciente e a Kimberly se machucou. - disse começando a chorar e minha voz ficou presa enquanto sentia o chao faltar. - Ela entrou na casa pra salvar as crianças, as babas e a Lorena e se queimou. Eu estou sozinha aqui no hospital, eu não sei o que fazer, o que dizer pros médicos. - disse se desesperando.

- Como pegou fogo? – gritei nervoso.

- Ela disse que o Chaz está aqui, eu não sei se ela viu ele, eu não sei o que aconteceu, ela apenas disse pra te ligar e avisar que ele estava aqui e depois ficou inconsciente. – disse chorando.

- Onde estão meus filhos?

- Estão com a Susan na casa da Kimberly. - disse com a voz embargada.

- Há seguranças lá?

- Sim.

Respirei fundo tentando compassar a respiração e normalizar os batimentos cardíacos.

- Diga aos médicos que foi um acidente doméstico. Eu estou chegando e resolvo o resto. - falei sentindo a garganta fechar entrando em transe.

- Tudo bem. - disse e eu desliguei me sentando no sofá e escondendo o rosto com as mãos completamente perdido.

- O que houve? - Ryan quis saber tocando o meu ombro e eu levantei o rosto ainda com a mão na boca e encarei o nada.

- Chaz está lá. – falei sem força na voz.

- O que? – falou subindo algumas oitavas. – Cara, como assim. – se levantou atordoado. – O que ele fez?

- Parece que pôs fogo na minha casa, a Charlie não tem muita informação porque a Kimberly tá no hospital.

- Quer merda... – disse sem acreditar. - E você esta calmo assim? - disse se levantando alterado e irritado.

- Não estou calmo! - gritei puto me levantando. - Eu estou dentro de uma merda de um jatinho indo pra lá o mais rápido que eu posso! - gritei sentindo a garganta arranhar.

- Eu disse que era cedo pra virmos atrás dele, eu disse que uma hora ele iria atrás, mas como sempre ninguém pode falar em cima de uma ordem sua, nem mesmo o seu melhor amigo. - gritou com uma autoridade que raramente ele usava fazendo com que eu o encarasse.

- O que você queria que eu fizesse? Que deixasse ele acreditando que esta tudo bem? Que agora que eu tenho minha vida de volta eu vou esquecer tudo que ele fez? Não! Eu não quero que ele durma sossegado uma noite se quer com medo de mim! Eu quero que ele se esconda e fuja que nem um rato.

- Sabe qual o seu grande problema? - disse ainda serio cruzando os braços. - Você decide voltar pro Canada dias depois de ter pisado em Atlanta, deixando tua mulher e seus filhos na mão dos outros e eu sou otário o suficiente pra vir junto porque quando você coloca uma porra de uma ideia na sua cabeça, ninguém consegue tirar. – gritou.

O encarei por segundos e direcionei meu olhar aos capangas que nos assistiam e na mesma hora eles se ajeitaram em suas poltronas como se não prestassem atenção no que acontecia. Em seguida voltei meu olhar a Ryan que ainda me fuzilava com a raiva cravada em sua testa. Respirei fundo tentando comprimir a raiva dentro de mim e não ir pra cima dele e descontar minha raiva porque era exatamente o que eu queria fazer.

- Era pra eu estar casado. - comecei a dizer tentando ficar calmo, mas cada vez que eu acessava as imagens das lembranças em minha mente, eu sentia meu corpo ficar quente e o punho fechar em ódio. - Ele apareceu na festa do meu noivado acabando com tudo. Ninguém vai apagar a porra da humilhação que eu sofri tendo que ver minha mulher no altar com um cara que não era eu! - gritei. - Fiquei mais de um ano sem meus filhos, eu perdi uma busca, eu nunca havia perdido uma busca! - a voz embargava e saia nervosa arranhando a garganta. - Ele destruiu minha vida de uma maneira que nem o Lucio fez sozinho e ninguem nessa merda desse mundo pode julgar qualquer porra que eu faça.

- E a Lorena? Você acha que ela não tem culpa? - gritou. - Você vai ficar pra sempre odiando o Chaz porque você não quer ficar mal com a Lorena? Você tem todo o direito de ficar apaixonado, mas perder o raciocínio é burrice!

- Ela é a mãe dos meus filhos. - sussurrei sem graça desviando os olhos como se aquilo fosse justificativa suficiente.

- E dai? Mas ela também errou! Ela não confiou em você, ela fez com que tudo isso crescesse! Vocês ainda não sentaram pra resolver, você vai ficar com essa sede de vingança te consumindo, mas metade desse assunto você tem que resolver com ela.

- Você esta querendo dizer que eu não deveria ter voltado com ela? - indaguei cínico e ele estalou a língua no céu da boca.

- Você faz o que você quiser da porra da sua vida! – cuspiu as palavras. - Você ficou preso no tempo e ter ela de volta era a única coisa que importava pra você, mas quando a ficha cair e você voltar a realidade você vai ver todos os problemas surgirem, mesmo que você mate o Chaz, porque ha coisas que você tem que resolver com ela. - disse óbvio. – Você não quer ficar perto dela! Você não superou todas as merdas que aconteceram e está se focando no Chaz pra fugir da sua família porque dói na porra do seu consciente toda a humilhação que aconteceu! – gritou fora de si e eu o encarei sério.

A verdade chicoteava todo o suporte no qual eu me apoiava. Ryan sabia que ele estava certo e me conhecia o suficiente pra saber que eu não havia perdoado a Lorena pelo o que ela havia feito, mas o sentimento de que tudo tinha que ficar bem falava mais alto e a única coisa que eu fazia era por todas as questões de lado como se elas não existissem. Como se eu não me sentisse um idiota por estar nessa situação. Estava a ponto de explodir, mas não podia retrucar ao Ryan sem parecer pior do que já estava. Tombei o corpo relaxando e sentei na poltrona sem dizer mais nada. Eu estava completamente perdido em meus pensamentos.

- Espero que esse silêncio seja de reflexão. Eu fui com você onde você foi porque sou seu amigo, sou seu irmão. Você quis ela de volta, você quis seus filhos e te ver se drogando era pior do que te ver matando. Eu fui com você resgatar a sua vida, porque esse tempo todo você não viveu, você sobreviveu. Mas agora esta tudo em seu lugar e você tem que repensar. Lorena e eu somos amigos de infância, mas não vou aliviar a barra dela se ela também esta errada. - disse mais calmo. - Eu apenas precisava te falar isso. - deu de ombros e eu voltei meus olhos à paisagem da janela.

Tópico: I've Hurt Myself By Hurting You

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Vitória | 26/11/2012

Perfeita , continua

..

Mires | 26/11/2012

Nossa concordo com tudo que o Ryan disse. estou amando continua :)

:)

Larissa | 26/11/2012

Capitulo bastante tenso, mas adorei. Curiosissima para saber o que nosso querido Justin irá fazer.
bjss

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Luiza | 26/11/2012

primeira a comentar?? hahaha acho q sim talvez.. posta logo pleasee, oq sera q justin vai fazer? sera q lorena ta bem? e as crianças? tenso.. poste logo !!!!

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