Falling Down

 

Os olhares ainda estavam a espera de uma reação dele e eu podia sentir meu coração se agitar em meu peito. O nervosismo possuía todos os meus tendões e eu nao sabia exatamente como reagir. Em questão de segundos mil pensamentos rodearam meu raciocínio e mesmo assim eu nao pude entender o que havia acabado de acontecer ali diante os meus olhos. Nolan agiu estranhamente arrancando um sentimento que nunca havia visto nos olhos de Justin: a vergonha. Justin estava sério e expressava confusão. Notei sua respiração se agitar em ódio quando Nolan atravessou a multidão - que se distraia aos poucos da cena - e se aproximou de nossa mesa. Todos sentados conosco nos olhavam sem ter o que dizer enquanto Justin parecia ter petrificado. Ryan levantou seus olhos devagar esperando qualquer movimento drastico de Justin enquanto os olhos dele pareciam queimar analisando Nolan cada vez mais próximo.

- O que é uma festa sem uma surpresa amigável? - esboçou irônico Nolan fingindo um sorriso simpático.

Justin se movimentou rápido se colocando de pé no intuito de enfrenta-lo, mas Ryan se pos ereto na mesmo velocidade o vetando de qualquer aproximação. Analisei estática, com o coração acelerado e com medo enquanto os olhares de todos em nossa mesa continuavam confusos. Apenas Kimberly e Ryan agiam conscientes de que aquela brincadeira nao havia sido apenas uma brincadeira qualquer.

- O que voce quer? - Justin perguntou com os dentes trincados enquanto fechava o punho com raiva.

- Calma. - Nolan disse em tom debochado. - Eu apenas quis tirar sarro de você. Ele nao é o cara que namorava a sua garota? Eu so quis trazer um pouco de animaçao pra essa festa. Não é isso que os amigos fazem? - sorriu de canto.

- Eu nao te convidei. - Justin rebateu nervoso. - E eu nao sou seu amigo.

- Bom, agora eu estou ofendido. - disse pondo uma mao sobre o peito enquanto seu tom saia debochado fazendo Justin respirar fundo, mas sabia que ele nao iria se controlar por muito tempo.

- Justin. - me levantei me colocando na sua frente. - Esquece isso, vamos la pra dentro. - falei tentando trazer sua atenção pra mim, mas seus olhos continuaram fitando os olhos de Nolan.

- É, Justin, escuta sua mulher, deixa isso pra lá. Nao foi a minha intenção causar isso tudo. - disse ainda debochado e Justin empurrou meu corpo ameaçando ir pra cima de Nolan quando Ryan o segurou.

Nolan sorria ainda ironico com as duas mãos levantadas pra cima como se se rendasse, como se nao tivesse a intenção de causar aquilo.

- Nao vale a pena, bro. - Ryan disse baixo com dificuldade enquanto segurava o Justin.

Me afastei sentindo meu corpo gelar quando senti Fernanda abraçar meus ombros com a cara preocupada. Todos em nossa mesa ja estavam de pe analisando aquela cena.

- Vai pra casa, cara. Brincadeira tem limite. - Alfredo alertou fazendo Nolan olhar pra ele.

- Limite? - Nolan perguntou soltando uma risada. - Acho que limite nao é o forte do Justin. - disse voltando a fitar Justin que tentava se soltar dos braços de Ryan.

- Eu vou eu arrebentar a sua cara! - grunhiu tomando força fazendo Alfredo se aproximar rapidamente e segura-lo junto com Ryan.

- Vai embora, caralho! - Ryan gritou com dificuldade enquanto segurava Justin.

- Ja vi que nao sou bem vindo aqui. - deu de ombros. - Quis fazer uma brincadeira, mas parece que fui mal entendido.

- Me solta. - ouvi Justin praticamente rosnar enquanto Nolan parecia rir da situação.

- Nolan, vai embora. Voce ja fez o que voce queria fazer, agora vai! - falei alterada e seu sorriso murchou enquanto ele me ouvia.

Seus olhos voltaram brevemente para Justin e um silencio perturbador reinou por alguns segundos ate ele virar as costas e caminhar ate seu carro para ir embora. So quando ele ja estava dentro do veículo, Ryan e Alfredo soltaram os braços de Justin que parecia carregar todo o ódio do mundo em seu peito. Seus olhos vermelhos analisavam o carro indo embora e suas mãos fechadas nao relaxavam.

- Filho! - Pattie disse preocupada se aproximando fazendo com que ele desviasse a atenção a ela ainda mantendo a expressão seria. - Vamos cortar o bolo. - ela sorriu fraca tentando ajeitar o clima.

Os olhos dele vieram ate aos meus passando por todos que estavam ali. Uma respiração pesada foi soltada e sua voz séria preencheu o ambiente antes que ele saísse para a direção da entrada da nossa casa.

- Essa festa acabou.

Fiquei sem reação enquanto via Pattie abaixar a cabeça com os olhos lacrimejados. So a gente sabia o quanto errado havia sido aquilo. Seus olhos tristes cruzaram com os meus quando percebi que Kimberly havia se afastado e falava algo com o DJ que na mesma hora chamou todos os convidados para a pista de dança e pos uma musica agitada. Alfredo e Maiara pareciam perdidos diante aos turbilhoes de informações e eu apenas sentia meu peito esmagado. Justin nao merecia aquilo.

- Eu vou la dentro falar com ele. - avisei sentindo a voz sair fraca e segui o mesmo caminho que ele.

Entrei em casa pensando em todas as coisas que eu podia lhe dizer pra faze-lo se sentir melhor, mas nada podia curar uma humilhação no dia do seu aniversario, principalmente quando esta impossibilitado de fazer alguma coisa porque todos seus familiares estao ali e nao sabe da metade da confusão que é a sua vida. Toda a culpa voltava a afundar o meu peito. Todo o problema que Chaz causou em nossa vida era por minha causa e nada no mundo podia me tirar aquele sentimento.

Me aproximei da porta do escritório ja imaginando que ele estivesse ali. Segurei a maçaneta forçando-a para baixo e percebi que a porta estava trancada.

- Justin! - chamei seu nome preocupada espalmando uma mao na porta, mas nao obtive resposta.

- Ele precisa ficar sozinho. - a voz de Jeremy me assustou me fazendo virar pra trás e encontrar seu semblante serio.

- Eu tenho que falar com ele.

- Dê esse momento a ele. Nada melhor do que analisar as peças do jogo para saber como se pode ganhar. - disse indiferente.

- Que jogo? Nao ha mais nada em jogo aqui, Jeremy. Nolan nao tinha o direito de brincar assim.

- Ele descobriu qual é o ponto fraco do Justin. - disse como se falasse algo que eu ainda nao havia entendido.

- Nolan nao tem motivos para querer ofende-lo. - rebati e vi sua boca se abrir, mas antes que ele falasse algo, Ryan invadiu a sala me respondendo.

- Voce é a garota que ele nao conseguiu ter, nao é? Ele viu naquele dia da festa como o Justin ficou puto quando tocaram no nome de Chaz. Ele quis sacanear, mas nao tem noção que a historia é muito mais longa do que ele podesse imaginar. Ele sempre foi esse bobão, já era de se esperar uma brincadeira sem graça. - deu de ombros e eu o olhei buscando as palavras quando ouvi a porta do escritório ser aberta e Justin me olhou ainda com raiva franzindo a testa.

- Da pra voces pararem de falar da minha vida como se eu nao estivesse ouvindo? - perguntou grosso e em seguida voltou para dentro do escritório deixando a porta aberta.

- Justin! - empurrei a porta entrando no local enquanto Ryan vinha atras de mim e Jeremy se retirava.

- Eu quero ficar sozinho. - disse estúpido sem me fitar.

- Ha uma festa pra voce la fora. É o seu dia e voce planejou isso por horas. Por favor... - pedi, mas ele nao me olhou.

- Nolan é um otario, cara. E dai que ele colocou aquela porra la, tenho certeza ninguem pensou que Chaz esta morto ou coisa do tipo. Ele nem deve saber disso. Ele quis deixar voce puto e conseguiu. - Ryan disse despreocupado e Justin apoiou os cotovelos na mesa e olhou para ele como se nao acreditasse.

- Voce acha mesmo que ele fez aquilo tudo por que ele nao sabe de nada?

- Como ele saberia, Justin? - perguntou estalando a língua no céu da boca.

- Nao sei... - Justin respondeu por entra um suspiro cansado.

- Voce esta cismado! Teu passado ta no passado agora e só as pessoas que estiveram nele é que sabem dele. Nolan é um qualquer que nao sabe nem que em Atlanta exisitia um mafioso. - Ryan respondeu em tom óbvio.

Olhei para Justin esperando sua resposta enquanto seus olhos miravam o nada. Me aproximei dele e mesmo assim seus olhos nao se desviaram.

- Bom, voce deixar voces sozinhos. - disse Ryan saindo do escritório e eu me aproximei mais de Justin tocando seu queixo para que ele olhasse pra mim.

- Eu nao queria que isso tivesse acontecido. - falei com a voz engasgada enquanto seus olhos ainda olhavam nos meus.

- Voce concorda com o Ryan? Voce acha mesmo que o Nolan nao sabe de nada? - perguntou desacreditado.

- E-eu nao sei, Justin. Eu...Eu nao entendi... eu nao entendi porque ele fez aquilo, mas... por que ele saberia? Voce nao pode achar que tudo que fazem com voce agora é por causa do que aconteceu. - falei tentando raciocinar. - Acho que concordo com o Ryan. Ele quis apenas te tirar do serio. - conclui e seus olhos desviaram.

- Nao sei, nao. - disse se levantando.

- É serio que sua festa vai acabar assim? Sua familia la fora esperando voce. É isso? Uma festa sem o dono dela?

- Eles so querem comer e beber de graça, Lorena. Estao pouco se fodendo pra minha presença. Pra mim essa merda de festa ja deu! - gritou saindo do escritório e fui atras vendo ele ir em direção a escada.

- Pra onde voce vai? - gritei para que ele me escutasse, mas apenas ouvi a porta do nosso quarto sendo batida.

Respirei fundo e voltei pra festa encontrando Pattie no meio do caminho.

- E aí? - ela perguntou um pouco receosa.

- Ele nao vai vir mais. Corta o bolo, manda entregar nas mesas e... - falei olhando em volta. - pode acabar com tudo depois. - falei desanimada voltando a fitá-la.

***

Ja havia levantado e tomado banho. Na noite anterior, preferir dormir no quarto das crianças junto com elas enquanto Justin ficava sozinho. Ele nao foi me procurar, o que provavelmente me deixou pensando que era exatamente o que ele queria, ter um momento pra ele. Arrumei as crianças pra escola e, por causa da dor de cabeça por ter dormido mal, pedi para que o motorista levasse eles a escola. Preparei o café e coloquei algumas torradas para fazer. Justin ainda nao havia saído do quarto. Sentei a mesa passando a manteiga na torrada quando ouvi o telefone da casa chamando. Levante indo em direção a sala e peguei o telefone sem fio em minhas mãos.

- Alô. - respondi.

- Lorena? Como estao as coisas? - perguntou Pattie com a voz um pouco preocupada.

- Ele nao saiu do quarto. - respondi soltando uma respiração pesada. - Nao sei se ele ja acordou, mas nao quero atrapalhar. Eu nem sei como reagir a tudo que aconteceu. Acho que o melhor é deixa-lo sozinho mesmo.

- Entendo. Eu estou arrasada. Tudo que ele menos precisava era lembrar dos problemas. Mas eu liguei pra te lembrar que hoje as crianças vao viajar comigo, eu passo pra busca-las depois do almoço e entao voces terão tempo de sobra pra conversar. - falou mudando o humor enquanto eu voltava pra cozinha.

- A Emma arrumou as malas ontem e ja esta tudo pronto. Eu so temos pela sua sanidade. - falei rindo. - Quer mesmo passar esses dias com eles?

- Claro! Vou buscar a Cindy e depois vou aí. Preciso desse tempo com eles e sei que voces precisam desse tempo tambem.

- Muito obrigada por isso, Pattie. Voce tem sido um amor todo esse tempo e eu nem sei se ja agradeci o tanto que acho que devo que agradecer.

- Nao seja boba. Cada sorriso que voce coloca no rosto do meu filho ja significa muito pra mim. - falou e pude perceber sua voz emocional me fazendo rir. - Bom, vou la. Mais tarde nos vemos.

- Ok, tchau. - desliguei repousando o aparelho em cima da mesa e voltei a tomar o café.

Ouvi passos e em seguida Justin passou por mim sem camisa e com cara de sono indo ate a geladeira virando a garrafa de agua na boca.

- Bons modos mandou lembrança. - impliquei de bom humor tentando fazer com que ele virasse pra mim.

- Cadê as crianças? - perguntou serio se sentando a mesa ignorando minha brincadeira.

- Estao na escola e sua mae depois vai passar aqui pra levar elas pra tal viajem.

- Hum, tinha esquecido disso. - falou pegando uma das minhas torradas.

- Eu... - falei e em seguida mordida o lábio. Nao estava um clima bom para aquilo, mas nao podia mais adiar aquela conversa. - Eu vou na minha mae hoje a noite e queria que voce fosse comigo.

- Pra? - perguntou mordendo uma torrada.

- Acho que voces tem que conversar. Eu quero que voce deixe ela viver uma vida normal e...

- De novo essa historia? Vou começar a tirar um dia da semana pra deixar voce falar merda, porque todo dia nao da. - disse de mau humor.

- Isso é jeito de falar comigo? - perguntei irritada.

- Entao nao coloque sua mae no meio da nossa conversa as 9 horas da manha.

- Justin, voce precisa ouvir o que ela tem pra te dizer! - insisti.

- Voce nao sabe o quanto isso me interessa. - disse sinico.

- Tudo bem. - falei me levantando. - Entao eu vou la, dispenso aqueles homens e digo a ela que ela esta livre. - falei me virando e ouvi o barulho alto da cadeira sendo arrastada e em seguida a mao firme dele em meu braço.

- Nao me estressa hoje que eu ja to esgotado. - falou entredentes.

- Nao posso fazer nada por voce. - falei me soltando e indo pra sala.

- Qual é o seu problema? Quando voce nao fode minha vida de um jeito, fode de outro? Quer que ela ligue pra policia e diga que matei seu pai? - gritou.

- Eu so quero que voce escute o que ela tem pra dizer. - falei no mesmo tom que ele. - Eu so quero que voce vá ate a casa dela e por alguns minutos deixa de ser esse idiota. Apenas escute. É importante pra mim.

- Seu lado bonzinho ainda vai me foder.

- Ela é a minha mae, Justin! Nao posso adia-la pra sempre.

- Falou muito bem! Sua mae, nao minha. Quero que ela se foda.

- Quer saber? É impossível conversar com voce! - falei e vire as costas saindo de casa, mas seus braços mais uma vez me alcançaram me agarrando com força me levando ate seu escritório.

- Me solta! - gritei enquanto ele. fechava a porta com força e me jogava no sofá.

- Deixa eu recapitular algumas coisas com voce, Lorena! - gritou. - Nessa casa, eu mando e voce obdece. Eu decido e voce assina embaixo. Voce nao vai sair de casa pra desmandar uma regra minha. Sua mae e liberdade nao funcionam mais na mesma frase.

- Voce precisa saber o que eu descobri! - gritei me colocando de pe.

- E o que voce descobriu? Por que eu descobri que a minha vida vai ser uma merda ate meu ultimo suspiro. Primeiro foi a investigação da morte do Jaden. Eu tive que fingir que nao sabia de nada. Eu tive que ver seus pais em prantos na minha frente e jurar de pe junto que nao sabia no que ele estava metido. E hoje? Chaz esta morto Lorena! - gritou me segurando com forca entre suas mãos. - As pessoas falam, perguntam e ele esta morto! - gritou desesperado me causando medo. - Nolan chega na minha festa, coloca uma porra de um video pra me zoar e eu tenho o cu apertado, nao é mesmo? Pode ate ter sido sem intenções, mas o meu consciente sabe que o filho da puta do Chaz esta morto. - gritou com ódio me apertando mais ainda. - O meu consciente sabe que se ele nao tivesse explodido, eu mesmo teria que matado! O meu consciente joga na minha memoria todas as vidas que eu tirei por sua causa! O monstro, o matador, a pior pessoa que eu me tornei... tudo isso sou eu e eu fujo disso. Eu digo que nao sou mal, mas ha mais sangue derramado por mim do que em meu próprio corpo. Mesmo que eu tenha consciência que eu mereça a cadeia, eu nao vou deixar sua mae livre pra me denunciar. Voce entendeu?

- Ela nao vai fazer isso! - gritei.

- E quem disse? Ela? Ela te garantiu que nao vai fazer isso? Realmente agora estou muito convencido.

- Justin, ela agiu por impulso, com medo. Voce precisa ouvi-la pra entender a historia toda. Nao é nada disso que voce acha.

- Esse assunto ja acabou, Lorena! Se voce for ate a casa dela pra dizer que agora ela pode viver uma vida normal, entao aproveita e fica por la. So nao esquece de aparecer na minha sentença pra garantir pros juizes que eu nao sou um filho da puta por completo. - debochado.

- Voce esta me expulsando da minha própria casa? - perguntei cruzando os braços.

- Essa casa é minha, nao sua.

- Otimo. Fique com ela. - falei abrindo a porta do escritório e andando para subir ate o segundo andar percebendo que ele vinha atras de mim.

- Lorena, peraí, caralho! - ouvia sua voz arrependida.

- Chega! Eu nao quero mais ouvir nada. Eu vou pra casa da minha mae. - falei ja no quarto me virando pra ele.

- Olha, eu to puto pra caralho com o que aconteceu! Eu so queria um tempo pra minha cabeça e nao mais problemas. Voce mesmo sabe que sua mae solta vai foder tudo. Por que voce quer isso? Por que?

- Entao vá e apenas converse com ela. Escuta o que ela quer falar. Depois voce decide por voce mesmo se quer deixar ela presa ou solta.

- Por que isso é tao importante pra voce? - perguntou irritado sem entender.

- Isso ela mesma terá que te dizer. - falei tendo seu breve silencio em resposta enquanto seus olhos me fitavam sérios. - Espero nao me arrepender disso, apesar de da estar me arrependendo. - falou indo ate o closet pegar uma camisa e em seguida saiu batendo a porta do quarto.

***

14:37 da tarde. Emma dava banho nas crianças e Pattie ja havia ligado para avisar que estava chegando. Meus pensamentos voavam. Eu apenas queria saber o que Justin estava fazendo, se minha mae ja havia lhe contado tudo, o que estava acontecendo, mas as horas passavam e eu nao sabia se era certo ligar ou nao. Seria muita informacao, seria saber a minha historia de uma forma que ele nunca soube. Ele iria descobrir a verdade entre Lucio e meu pai e tudo aquilo meu peito. Eu contava horas para que ele atravessasse a porta e me demonstrasse alguma reação. Minha curiosidade parecia consumir minha pele, ate que fui distraida.

- Com calma, vai. Degrau por degrau! - ouvi a voz de Emma condunzindo Alice e Chuck escada abaixo.

Sorri vendo-os tao arrumadinhos. Mais alguns minutos se passaram e as malas de roupas deles ja estavam próximo ao sofá enquanto ambos esperavam Pattie chegar enquanto viam televisão. Nao queria que eles fossem sem se despedir do Justin, mas ja resistido e começado a ligar para o seu celular, porem sem sucesso.

- Meus amores! - Pattie atravessou a porta com Cindy me dando um leve susto e fazendo as criancas irem ate ela.

- Nao queria que voces fossem sem falar com o Justin. - falei retorcendo o lábio.

- E cade ela? - ela perguntou pegando Chuck no colo.

- Saiu. - falei sem querer dar detalhes.

- O voo esta marcado pra 15 horas, eu nao posso me atrasar muito. - falou olhando o relógio no pulso, mas meus olhos logo se focaram no vulto atrás dela.

Justin se aproximou da porta de óculos escuros e a cara seria enquanto meu coração se acalmava devagar.

- Olha ele ai. - Pattie sorriu e Justin se abaixou silencioso dando um abraço em Cindy e Alice e em seguida se levantou dando um beijo na testa de Chuck.

Analisei aquilo um pouco receosa. Ele estava sendo frio, mas nao quis falar nada.

- Bom. - Pattie falou sem jeito. - Acho que agora podemos ir. - falou enquanto Justin entrava em seu escritório e batia a porta.

Levei-os ate o carro e me despedida com um abraço apertado em cada um enquanto meus pensamentos continuavam em Justin. Voltei para dentro de casa após o carro cruzar o portão da mansão. Queria saber o que ele tinha para me dizer. Será que ele havia ido mesmo ate a casa da minha mãe saber? Meu peito se agitou, mas sem ter como reagir, deixei ele sozinho. Sentei no sofá ligando a TV. Queria me distrair, mas meus olhos não saíam da porta do seu escritório. Me obriguei a permanecer sentada, mas minutos depois ouvi o barulho de algo se espatifando no chão e me levantei assustada correndo até seu escritório.

- Justin? – chamei, mas não ouvi mais nada. – Justin, vamos começar. – insisti sentindo a voz engasgar no meio da garganta.

Ouvi passos atrás de mim e me virando vendo Jeremy se aproximar preocupado.

- Jeremy? O que você está fazendo aqui? – perguntei atordoada sem entender o que estava acontecendo.

- Se afasta. – ele disse sem me olhar e em seguida tomou distancia dando um chute na porta.

Meu corpo gelou com o barulho estrondoso e em seguida meus olhos foram até o corpo de Justin estirado no chão. Meu coração batia doendo em meu peito, o vento passava livremente pela minha boca entreaberta, as lágrimas embaçaram minha visão e meus pés pareciam que haviam criado raízes no chão. Eu não reagi. Eu não consegui reagir. Eu não pude reagir. Ele estava desmaiado. Tudo começou a ficar lento enquanto eu assistia Jeremy invadir o escritório e erguer o corpo mole de Justin em seus braços. Meus olhos se desviaram até a mesa de seu escritório e lá estavam as provas. Eu não conhecia o nome, não sabia as cores, não podia dizer com esclarecimento o que era cada uma, mas tinha consciência de que havia uma porção grande de drogas ali. Ele havia se drogado. O choro me possuiu e nem pude perceber pra onde Jeremy havia levado ele.

 

OBS: Só mais 5 capítulos até o fim.