Fale Agora Ou Cala-se Para Sempre

 

POV Lorena

Rodava em meu dedo a aliança que Justin havia me dado no dia do nosso noivado. Sempre que eu ia dormir, eu a colocava para Chaz não ver. Não consegui dar um fim naquilo, não conseguia jogar fora o pouco dele que restou comigo. As vezes me pegava bagunçando os tapetes do banheiro para poder sentir sua presença, pois ele sempre deixava os tapetes bagunçados quando saía do banho. Era meio doentio, mas eram umas das poucas coisas que me arrancava o sorriso. Justin, eu sempre serei sua, não importa o quão ruim você seja para mim.

 

 

O dia estava lindo, meus olhos notavam atenciosamente aquele tom de azul que aos poucos ia dando lugar ao alaranjado do pôr do sol. O sol se escondia atrás dos morros levando a claridade consigo e me deixando em plena escuridão outra vez. Meus pensamentos vagavam enquanto eu assistia aquela cena pela janela do quarto. Meu coração ainda doía a cada respiração que eu dava, eu nunca me acostumaria com a sua ausência, não importa quanto tempo passasse, parecia que aquele sentimento nunca teria fim. Sentir sua falta já era parte de mim, era algo que eu tive que me acostumar para conseguir sobreviver. Nos primeiros meses entrei em uma depressão profunda, mas, óbvio, ninguém percebeu. Ninguém se preocupava em reparar que minha fraqueza não acontecia só pelo fato de eu estar longe do amor da minha vida. Eu estava mal, muito mal. Pensava em morte, não queria me levantar, não queria viver uma vida onde ele não estivesse perto de mim. Não era justo meu coração ser dele, mas nossas vidas não darem certo juntos. Eu sabia que eu sofreria estando perto ou longe dele, mas pelo não estando perto eu ainda podia acreditar que um dia o sentimento acabasse. Repousei minhas mãos no vestido sentindo a maciez do tecido e as pequenas pedrinhas de cristal bordadas no mesmo. Hoje era o dia do meu casamento com o Chaz e eu não poderia estar mais infeliz. Aproximei-me mais do parapeito da janela vendo que todos se apressavam para dar os últimos retoques ao casamento. Todos pareciam tão felizes, menos eu. Acreditei que no dia que eu me vestiria assim, seria para juntar o meu nome ao dele. Eu devia estar fabulosa como todas que me ajudaram a me vestir disseram, mas me neguei a me olhar no espelho. Eu não me sentia feliz, não queria fazer aquilo. Não queria assistir minha tristeza disfarçada num sorriso fraco que ninguém notava que não era de felicidade.

Um ano e meio depois e ainda me pego lembrando-me de sua boca perfeitamente desenhada e de todas as mentiras que ela proferiu. Meu peito aperta e sinto minhas mãos suarem como se tudo tivesse acontecido agora a pouco. Como se eu pudesse mudar ou apagar tudo que ele fez. Como seu pudesse negar o pedido para que eu fosse com ele para sua casa. Não queria que nada tivesse acontecido, não queria que nós dois tivéssemos existido. Fugir foi a única solução que eu vi para acabar com aquilo, para dar um fim no que não deveria ter começado, sem correr o risco de fraquejar e voltar pros seus braços. Nós nunca terminaríamos bem, não era certo, não era para ser. Eu havia me metido em sua vida de uma forma tão brutal que nem ao menos pude perceber que eu o destruí. Tudo que ele havia se tornado de ruim era graças a mim. Talvez Kimberly e sua filha pudessem dar uma família a ele, talvez elas preenchessem todo o espaço que eu deixei. Aqueles olhos, aquelas palavras... custei para acreditar que tudo aquilo era apenas ilusão. Eu quis tanto acreditar que tudo era verdade, que perdi o termômetro da mentira. Perdi a noção de que eu não vivia em um livro onde tudo de ruim aconteceria, mas que no final eu viveria feliz para sempre ao lado do meu príncipe. Mas o único vilão a qual meu príncipe tinha que brigar para me proteger, no final das contas era ele mesmo.

Meus olhos ardiam por eu não piscar, mas eu encarava o Sol se por e me distraí. Olhar o Sol partindo me deixava um pouco melhor. Era tão seguro ver o fim de alguma coisa tendo a certeza de que amanhã tudo aconteceria novamente. E assim era com o Sol. O Sol que ele me prometeu que ele seria. Sol que vai embora, mas volta. O Sol que me dá a esperança de que o frio terá fim, porém eu já estava cansada de esperar. Uma lágrima escorreu e a ardência fez com que eu piscasse meus olhos fazendo com que mais lágrimas caíssem. Todos lá embaixo estavam felizes e prontos para celebrar a minha felicidade, mas se eu não estava feliz, por que eles insistiam em celebrá-la?

 

- Não, não, não, Lorena! Não borre sua maquiagem, você está divina. – ouvi a voz de minha mãe entrando no quarto me tirando dos devaneios. Passei os dedos em minha bochecha dando um sorriso forçado. – Normal estar emocionada, mas não estrague todo o trabalho que as maquiadoras fizeram com você. – sorriu pegando a caixinha de maquiagem e começou a passar o pincel no pó de arroz e em seguida começou a pintar meu rosto.

- Já está na hora? – perguntei com os olhos fechados enquanto sentia a textura do pincel em meu rosto.

- Sim, mas a noiva sempre atrasa. – disse em um tom feliz. – Está nervosa?

- Um pouco. – falei finalmente abrindo os olhos e notando que ela guardava a maquiagem.

- Seu pai estaria orgulhoso de você. – sorriu voltando para perto de mim. – Mas Deus sabe o que faz. – deu de ombros fingindo não se importar.

- Suspenderam as buscas? – forcei o cenho um pouco preocupada.

- Não é hora de pensar sobre isso.

- Me responda. – falei séria e ela me olhou mudando a fisionomia também e soltando o ar de forma pesada.

- Me ligaram mais cedo hoje de Atlanta avisando que o caso foi encerrado. O arquivo está morto assim como ele. Vão dar apenas como desaparecimento. – disse um pouco rude.

 -Isso é ridículo, como não acharam o corpo, não acharam nada? – perguntei me exaltando e levantando a barra do vestido para poder andar.

- Lorena, se concentre em seu casamento. Você tem um motivo para estar feliz, não o desperdice. – disse colocando a mão em meu cabelo e sorrindo forçado.

- Chega! Por que você me trata como se não me conhecesse? Por que você fala comigo fingindo não saber quem eu sou, o que eu sinto. Você é minha mãe, você mais do que ninguém sabe que eu não quero esse casamento. – falei chorando, mas tentando limpar a garganta para que a voz saísse.

- Quando a felicidade foge das nossas mãos, nós temos que ir onde ela está. – disse séria.

- Eu não sou feliz. – gritei e mordi o lábio reprimindo o soluço do choro. – Eu não sou feliz. Você fez de tudo pra eu casar com o Chaz, você não quer minha felicidade. – conclui nervosa e as lágrimas ameaçavam cair outra vez.

- Seus filhos precisam que você esteja bem e feliz, então você tem que estar. – gritou séria se aproximando mais de mim. – Pare de se iludir, o tempo passou e você já deveria ter esquecido o Justin. – concluiu fazendo meu coração apertar.

- Não fale o nome dele. – falei fraca sentindo meu corpo ficar fraco.

 

Aquela ferida ainda estava exposta e ela sempre fazia questão de cutucar para que doesse mais. Virei-me encarando mais uma vez a janela e o Sol já tinha ido embora completamente. A noite já havia caído e eu sabia que aquela escuridão que existia em mim nunca mais seria iluminada pelo meu Sol.

 

- Minha filha. - disse acalmando a voz e se aproximando tocando meus ombros com as mãos gélidas. - Eu já perdi o seu pai, agora você é tudo que eu tenho. Se eu não fui feliz, quero que você seja.

 

Calei-me tentando fazer com que as lágrimas não descessem. Eu não podia mais acreditar que eu seria feliz com o Justin, não nascemos para dar certo. Isso já era tão nítido, por que eu não conseguia enxergar e me convencer? Por que meu coração insistia em chorar por ele todo dia, mesmo com os quilômetros de distancia que estávamos?

 

- Você tomou a decisão certa, não se esqueça disso. – disse calmamente e meu coração apertou. - Vou deixar você um pouco sozinha. – disse tirando suas mãos devagar de mim e apenas ouvi seus passos indo em direção a porta que em seguida foi fechada.

 

Um soluço alto cantou da minha boca. Enxuguei cada lágrima que caía outra vez. Uma hora aquela dor iria passar, eu sabia disso. Aceitei me casar com o Chaz para dar uma chance a minha felicidade. Se eu insistisse bastante, talvez um dia acontecesse, talvez um dia eu fosse feliz com o Chaz. Ouvi a porta ser aberta devagar e virei meu rosto encarando minha princesa entrando devagarzinho no quarto com a fisionomia um pouco triste. Sorri fraco na mesma hora fazendo com que mais lágrimas descessem. Estava linda com seu vestidinho branco, meia calça branca e seu sapatinho branco. Seu cabelinho ralinho e dourado estava preso em um coque, mas ela não sorria.

 

- Mamãe, você está tliste? – perguntou cabisbaixa andando para se aproximar de mim.

- Não, meu amor. – falei me abaixando para me aproximar de seu rosto e levantei o seu rostinho. Seus olhinhos brilhando encararam os meus por alguns segundos e ela parecia pensativa.

- Vem cá. – disse segurando minha mão com suas pequenas mãozinhas e me puxou até próximo à janela e eu caminhei sem entender. – Olha, mamãe. - disse olhando pra cima e eu a acompanhei notando que o céu estava estrelado. – Você disse que o papai é uma estlela, ele chamô todo mundo pra vê você feliz. – disse e eu arregalei os olhos, fiquei estática com aquela cena. – Você não pode chorar porque o papai fica tliste. – disse manhosa se agarrando as minhas pernas.

- Alice, filha... – falei fraco passando a mão em seu cabelo e ela começou a chorar. – Lara Alice, olha pra mamãe. – falei soltando seus bracinhos de minha perna e me agachando. – A mamãe está feliz, está bom? – mentí sorrindo e ela passou a mão nos olhos com força limpando as lágrimas. – Mas se você chorar, eu vou chorar também. Você vai continuar chorando? – ela negou com a cabeça coçando um dos olhinhos. – Então me dá um abraço. – abri os braços e ela me abraçou deitando a cabeça em meu ombro.

– Queria que o papai estivesse aqui. – falou manhosa e eu me calei. Era sempre torturante pra mim quando Alice começava a falar do Justin.

 

Eu não precisei contar para ela que Chaz não era seu pai, parecia que a ligação dela com o Justin estava além das coisas naturais do mundo.

 

Flashback moden-on

 

Ouvi a risada estalada de Chuck assim que adentrei no quintal da casa segurando as sacolas pesadas do mercado. Naquele dia fazia muito frio e a neve impossibilitava que as crianças brincassem na parte de fora da casa. Tirei o gorro assim que cheguei em casa vendo Chaz encher Chuck de cosquinha enquanto ele se debatia para se livrar das grandes mãos do Chaz.

 

- Mamãe! – Chuck gritou por entre a risada, mas logo Chaz o pegou jogando-o no sofá e continuando com as cosquinhas. Sorri vendo aquela cena e fui até a cozinha deixando as sacolas em cima do balcão.

 

Tirei as luvas dedo a dedo e suspirei alto pelo cansaço. Nenhum dia era um dia completamente feliz e não era fácil me acostumar. Via dois pedaços de Justin na minha vida, Chuck e Alice, mas ele não estava aqui, ele não existia mais para mim. Não era fácil fingir que Justin nunca havia existido se eu tinha duas provas que me mostravam o contrário. Por sinal, duas provas que eram minha vida, eram tudo que eu tinha para ser feliz.

 Deixei as luvas em cima do balcão e levantei o rosto vendo que Alice se escorava na parede se escondendo enquanto assistia Chaz brincando com o Chuck. Franzi o cenho sem entender e me aproximei calmamente tocando o seu ombro. Minha princesinha levantou o rostinho pra mim e seus olhos brilhavam com lágrimas.

 

- O que foi, Alice? – perguntei vendo sua carinha triste e me agachei preocupada passando a mão em sua testa.

- Quero o papai. – ela disse chorosa e uma lágrima escorreu em sua pequena bochecha.

 

A olhei por alguns segundos sem reação. Minha boca ficou seca, eu não estava esperando aquilo, meu corpo não soube reagir a tamanha informação. Nós nunca havíamos conversado sobre o Justin. Eu não ensinei a eles a chamarem Chaz de pai, mas o assunto nunca havia chegado tão à tona. Chuck e Alice nunca haviam mencionado a palavra pai para mim, nunca haviam perguntado nada. Mas parecia que Alice sentia falta do Justin desde o dia que viemos para o Canadá. Sempre a pegava triste e cabisbaixa brincando com as suas bonecas, mas até então eles nunca haviam me perguntado exatamente nada. Meu coração se aquietou e eu engoli limpando a garganta, eu tinha que lhe dizer algo.

 

- Vem cá, princesa. – abri meus braços e ela me abraçou.

 

Suspendi-a no alto pegando-a no colo e chamei Chuck para me acompanhar até o quarto mentindo que daria banho neles. Chaz ficou na sala vendo TV e eu subi as escadas de mãos dadas com o Chuck e Alice fungando em meu pescoço. Tentei pensar em algo para dizer, mas não conseguia pensar em nada, eu estava encurralada.  Entrei no quarto e deixei os dois na cama. Chuck começou a pular em cima do colchão completamente inquieto e Alice havia ficado sentadinha encarando as próprias mãozinhas. Andava de um lado pro outro enquando Chuck gritava em cima da cama alguma coisa. Minha cabeça explodia. Mirei Alice chorosa e meu coração apertou mais ainda.

 

- Chuck, senta. – falei baixo, mas ele continuou pulando. – Charles, senta. – aumentei o tom e ele me ignorou pulando e sorrindo na minha direção. O mesmo jeitinho do Justin de sorrir quando estava fazendo merda. Revirei os olhos e o chamei pela última vez. – Charles Bieber, senta agora! – gritei e ele me olhou com os olhos esbugalhados e sentou na cama ao lado de Alice.

 

- Quero falar uma coisa com vocês. – falei me aproximando da cama e sentando perto deles.

- Vai me dá um pe-ente? – perguntou Chuck espevitado.

- Não, não vou te dar presente. – falei séria e ele cruzou os braços desapontado. - Quero contar uma história pra vocês. – forcei um sorriso.

- Já está na hora de turmi? – perguntou Chuck.

- Não, não está na hora de dormir. – revirei os olhos. – Só quero contar uma história. – dei de ombros e Alice colocou a cabeça no travesseiro e deitou na cama. Chuck continuou sentado em perna de chinês e olhando pra mim esperando pela história.

 

Respirei fundo encarando os dois. Alice estava quietinha com um semblante triste, encolhidinha na cama. Me deu dó. Respirei outra vez e fechei os olhos. Tinha que haver algum jeito, eu não era boa nisso, definitivamente.

 

- Uma vez a mamãe conheceu um príncipe... – comecei a dizer sentindo meu coração se agitar. Os dois prestavam bastante atenção, eles amavam ouvir histórias e mal sabiam que aquela não tinha um final feliz. – Ele era muito bonito, especial e me fazia muito feliz. Ele me deu as coisas mais preciosas que existem no mundo... – sorri sentindo as lágrimas molharem meus olhos.

- O que mamãe? – Alice perguntou fraquinho se colocando sentada ao lado do irmão.

- Vocês dois. – falei reprimindo o choro.

- O plíncipe deu a gente pa você? – perguntou Chuck abrindo bem os olhos.

- Deu. – sorri. – Só que ele vivia em um palácio onde existiam muitos dragões e bruxas feias, então a mamãe teve que ir embora com vocês dois e deixar o príncipe lá.

- Puquê, mamãe? Puquê dotê não ficou com o plíncipe? – perguntou Chuck ansioso pela história.

- Porque eu tinha que proteger vocês dois. – me inquietei.

- Mas mamãe, ele ia ploteger você, eu e meu rimão. Ele é plíncipe! – disse Alice em um tom óbvio.

 

Fiquei sem ação, Alice sempre me colocava contra a parede. Nunca havia conhecido uma criança de dois anos tão esperta como ela. Os dois me fitavam esperando uma resposta.

 

- Ele não ia poder proteger a gente porque ele virou uma estrela. – falei a primeira coisa que veio em minha cabeça.

- Uma estlela? – perguntou Chuck sem entender fazendo uma careta enquanto Alice se levantava calmamente e ia até a janela do quarto.

- É. – sorri fraco enquanto olhava Alice olhando para o céu.

- Ele é o nosso papai? – perguntou ela sem olhar para nós dois, parecia procurar alguma coisa no céu.

 

Me levantei querendo chorar, aquilo era muito doloroso, era muito ruim mentir para eles. Me aproximei da janela e Chuck se juntou a nós duas olhando para o céu também.

 

- Sim, ele é o papai de vocês. – falei tentando limpar a garganta do choro para que a voz saísse.

- Legal. – disse Chuck sem dar muito importância para aquela história, mas parecia que aquilo tinha feito todo o sentido para Alice. Ela sempre sentiu falta de alguma coisa, sempre foi uma criança calada.

 

Analisei os dois enquanto tentava calar o choro. Chuck se virou depois de alguns segundos acompanhando o olhar da Alice.

 

- Já posso blincar? – perguntou.

- Pode. – falei forçando um sorriso e abrindo a porta para ele. – Filha! – a chamei vendo que ela continuava a olhar para o céu e ela me olhou. – Vamos descer. – falei calmamente. Ela voltou o seu olhar para o céu e sussurrou de um jeito que eu consegui ouvir.

 

- Papai, eu te amo. – e depois correu até a mim.

 

Flashback moden-off

 

Peguei-a em meu colo, não estava me importando se meu vestido iria amarrotar. Acarinhei seus cabelos ralos, não tinha muito que dizer. Também queria que o Justin estivesse aqui, de preferencia lá embaixo me esperando para que nós pudéssemos nos casar, mas nosso relacionamento foi feito para dar errado e eu não podia mais voltar atrás. Ninei Alice em meu colo enquanto meu peito ardia em chama. A porta foi aperta e eu continuei na mesma posição sem me virar.

 

- Vamos, Alicinha, mamãe já vai descer. – ouvi a voz da minha mãe num tom de reprovação.

- Não. – falei séria. – Deixa ela aqui. Eu vou descer com ela.

 

Minha mãe me encarou pensativa, mas mantendo um tom de superioridade e logo fechou a porta. Tirei Alice do meu colo arrumando seu cabelo e passando mão em meu vestido em seguida. Estava na hora, eu precisava descer. Precisava colocar um sorriso no rosto e fingir que não havia nenhuma rachadura em meu coração, fingir que eu estava bem. Peguei a mãozinha de Alice e seus olhinhos me fitaram. Ela ainda não sorria e talvez nem fosse sorrir.

 

- Vamos? – forcei um sorriso falho e ela assentiu de um jeito fraco.

 

Caminhei abrindo a porta do quarto e andando em passos lentos enquanto minhas mãos suavam. Um frio percorreu minha espinha. Sentia-me apenas representando um papel. Minha vida estava infeliz e eu apenas iria comprovar e assinar embaixo disso com esse casamento, mas tudo bem. Quem se importaria? Desci as escadas com a pequena mão de Alice escondida sobre a minha. Caminhei até a parte de trás da casa onde seria o casamento. Alice segurava minha mão com força como se tivesse medo de que eu pudesse soltá-la, mas assim que eu chegamos a porta de vidro que me separava do que eu estava prestes a fazer, Alice soltou minha mão e correu para junto de Chuck que estava com a minha mãe sentada em uma das cadeiras decoradas. Todos olharam para trás e eu dei um passo pra frente pisando no grande tapete branco que haviam estendido no chão do gramado. Todos os olhares e sorrisos estavam para a minha direção. Minhas pernas tremiam. A brisa bateu em minha pele me dando frio e percebi que minha mãe se aproximava de mim para me dar o buquê de rosas vermelhas que eu havia esquecido. Peguei-as com cuidado e continuei a caminhando. Aqueles sorrisos virados para mim pareciam zombar da minha situação. Era pra eu estar feliz, era pra eu estar bem, mas eu não estava. Eu não conseguia estar. Caminho até ele com a certeza de que nunca mais serei feliz. Nunca mais serei eu mesma. Levantei meu rosto e encarei Chaz me esperando com um sorriso largo. Eu queria dar um sorriso forçado para que todos se certificassem que eu estava bem, mas se eu sorrisse, certamente aquela lágrima insistente cairia. Meu peito apertava cada segundo mais, fazia uma força tremenda para conseguir andar sobre o salto sem fraquejar com as pernas trêmulas. Meus olhos estavam em Chaz, pela distancia que ainda estávamos, podia imaginar o rosto do Justin sorrindo de volta pra mim. Podia sonhar que aquele casamento era meu e dele e que eu estava prestes e me tornar dele para sempre. Mas a cada passo, eu me aproximava mais do Chaz e a imagem de Justin ia se desfazendo em minha cabeça. Havia um buraco profundo em meu peito que nunca mais seria cicatrizado. Chaz nunca poderia preencher. Nunca! Me aproximei mais do altar chegando finalmente onde eu deveria ficar. Chaz deu um passo a frente segurando minha mão e sorriu olhando em meus olhos, mas eu não consegui fazer o mesmo. Minhas pernas queriam correr e fugir dali, mas para onde eu iria? Quem poderia me salvar do mar de tristeza onde eu estava metendo os meus pés? Encarei Alice um pouco afastada segurando as alianças. Seu rostinho estava abaixado e ela parecia pensativa. Olhei para todos e eles agiam como se aquele dia fosse o dia mais especial da minha vida.

 

- Você está linda. – Chaz sussurrou me fazendo voltar a atenção a ele e eu sorri sentindo dor.

- Estamos aqui para unir a vida dessas duas pessoas. – começou o padre a dizer em um tom alto, me trazendo a realidade. - O amor de Deus preencheu o coração desses Seus filhos e nesse momento estamos aqui para eternizar esse laço.

 

Um frio percorreu minha espinha e eu me sentia mal. Não podia fazer aquilo. “Fuja, Lorena. Fuja!”, minha mente gritava. Não conseguir prestar atenção em mais nada que o padre falava. Apenas retribuía o olhar do Chaz que sorria apaixonadamente enquanto eu me distraída em meus pensamentos. Uma lágrima quente escorreu do canto do meu olho sem eu ao menos piscar. Eu podia chorar, pelo menos todos achariam que era de emoção, mas aquela lágrima não transparecia um terço da minha dor. Não sei quantos minutos se passaram, não conseguia me focar na voz do padre. Meus pensamentos vagavam em qualquer lugar, menos aqui.

 

 

– Será que um dia você vai se apaixonar por outra pessoa e me esquecer? – perguntou com uma carinha de cachorro sem dono me fazendo rir.

– Óbvio que não, seu bobo! Tem duas crianças dentro de mim que pertencem a você, esqueceu? – falei fazendo careta enquanto tirava a toalha do cabelo e pegava o secador.

– Se um dia você casar com outra pessoa, eu juro que encho a cara e apareço no seu casamento destruindo tudo. – disse de uma forma engraçada me fazendo rir alto.

 

Liguei o secador sem responder encarando meu rosto no espelho e rindo pra mim mesma. Sequei só um pouco e assim que desliguei Justin me fitava confuso.

 

– Não vai dizer nada? – perguntou.

– Deixa de ser besta, eu não vou me casar com ninguém que não seja você.

 

Um soluço queria gritar em minha garganta. Eu não tinha para aonde correr, eu não tinha para onde ir. Estar aqui me fazia infeliz, mas estar com ele e perceber que nunca seríamos felizes me fazer mil vezes mais infeliz. Como isso doía, como é ruim encarar a verdade e não poder muda-la. Percebi que Alice olhava alguma coisa atenta e virei o rosto para a mesma direção que ela olhava. Forcei o cenho um pouco confusa querendo encontrar a mesma coisa que Alice fitava.

 

- Lorena. – Chaz balançou minhas mãos que ele segurava me chamando a atenção. Voltei meus olhos a ele sentindo que todos esperavam uma resposta minha, mas eu mal ouvia o que o padre dizia.

- Senhora Lorena, você aceita Charles Graver Thomas Lee Somers como seu esposo para amá-lo e respeitá-lo acima de todas as coisas, na saúde, na doença, na alegria, na tristeza? – perguntou e senti as lágrimas molhando meus olhos.

 

Chaz fitou meus olhos um pouco apreensivo e eu senti minha garganta secar. A voz não queria sair. Meu coração batia alto, seguia meu sangue ferver em minhas veias. Ouvi cochichos por causa da minha demora em responder, mas aquilo seria mais difícil do que imaginei. As pessoas se inquietavam cada vez mais, mas minha voz não saía. Tentei me concentrar e lembrar dos motivos que me fizeram fugir. Tentei pensar em Justin com a Kimberly e a filha deles. Tentei lembrar de tudo que eu me negava pensar. Meu peito ardeu com cada pensamento, mas eu consegui sibilar um sim um pouco fraco enquanto algumas lágrimas escorriam e todos celebravam aquele momento enquanto meu peito ardia em tristeza.

 

 

POV Justin

 

- Caralho, você quer matar todo mundo? – perguntou Ryan num tom alto enquanto eu pisava com tudo no acelerador. Aquelas ruas me confundiam, eu não lembrava de mais nada daqui. Fui embora do Canadá quando era pequeno e a única coisa que eu conseguia me recordar é que fazia um frio da porra.

- Estamos chegando, eu acho. – falei sério sem dar atenção.

 

Dez carros seguiam atrás de mim e eu estava rodando a alguns minutos enquanto tentava chegar na maldita rua. Por que não passou pela minha cabeça que Chaz voltaria para a cidade que crescemos? Que maldito. Aquilo me dava mais ódio, mas eu tinha que me concentrar. Talvez desse tempo de chegar e acabar com aquela farsa. Estaria apenas pegando de volta o que de fato é meu. Não via a hora de ver meus filhos, abraçar cada um e me certificar de que jamais deixaria eles partirem outra vez. Lorena iria finalmente me ouvir. Eu estava com ódio, inquieto e um pouco nervoso, mas nada disso era páreo para a minha felicidade. Eu os encontrei, parecia um sonho. Eu finalmente estava saindo para uma busca, mas dessa vez tinha certeza que os encontraria. Quando peguei o convite em minhas mãos, senti meu mundo cair. Aquilo só podia ser uma palhaçada. Chaz e Lorena passaram de todos os limites. Pior ainda foi imaginar que tiveram a audácia de mandar o convite para mim. Mas aquilo estava me cheirando a coisa do Chaz. Lorena não iria querer que eu soubesse onde eles estavam, mas Chaz com certeza iria contar vantagem. Pena que ele esqueceu que eu não sou de desistir fácil, se ele estava achando que eu já estava em outra, estava enganado. Se ele estava achando que eu pegaria o convite em minhas mãos e correria para algum canto para chorar, ele estava enganado. Eu estava aqui e estava pronto para comê-lo vivo. Entrei em uma rua e mirei a placa no alto. Eu estava na rua certa. Sorri vitorioso e Ryan passou a mão no cabelo um pouco apreensivo. Ele sabia que eu não estava ali para brincar.

 

- E se já estiver na hora do casamento? – perguntou vendo que eu estava dirigindo mais devagar olhando as casas para me certificar dos números delas.

- E daí? – falei sem dar muita atenção.

- Vai meter bala em todo mundo, porra? – gritou

- Se for preciso...

- Tá maluco, porra? Você não está no seu país, aqui não tem os policiais que você vai conseguir subornar. – gritou nervoso.

- Por que você tem sempre que pirar, porra? Você esquece com quem você tá falando... – falei irritado negando com a cabeça e desligando o carro. Foda-se, eu iria procurar pela casa a pé. Não queria mais ficar dentro daquele carro.

 

Assim que desci do carro, Ryan me acompanhou e todos os outros carros pararam também. A rua estava vazia, já havia escurecido. Olhava tudo em volta sentindo que estava cada segundo mais próximo. Os carros haviam fechado a rua, em instantes aquilo daria merda, mas tudo bem, eu não estava ali para demorar.

 

- Quero que vocês cerquem essa rua. – gritei para todos os capangas que se aproximavam e Ryan me encarava de longe encostado no capo do carro. – Ninguém se mexe sem o meu comando. Estão com os pontos conectados? – perguntei pros três capangas principais e eles assentiram. – Ótimo! Ryan, você fica aqui fora dando cobertura. Esses idiotas não funcionam sem alguém no comando. – cuspi as palavras.

- Não vou deixar você entrar sozinho. – deu de ombros.

- Ryan, isso foi uma ordem. – acentuei as palavras. Não queria perder a cabeça, mas meu nervosismo perante aquilo tudo já estava aparente.

- Que eu não vou respeitar. – gritou se aproximando. – Você vai fazer merda, eu sei disso.

- Já fizeram a merda, eu só estou aqui para desfazê-la.

- Tudo bem, mas eu vou com você. – disse superior muito próximo de mim e eu revirei os olhos. Aquilo não seria meu maior problema da noite.

 

Virei as costas seguindo as casas e ouvi os movimentos atrás de mim. Os capangas haviam começado a se espalhar. Ryan caminhava ao meu lado enquanto eu fitava casa por casa. No final da rua havia uma casa com duas árvores grandes no jardim que já estavam enfeitadas para o Natal. As luzes piscavam forte e na porta da casa havia uma mulher aparentemente nova vestida formalmente. Eu lembrava daquela casa, era a mesma casa que o Chaz morava com a família antes de todo mundo se mudar pra Atlanta. Me matei em pensamentos por não ter imagino que ele estaria aqui. Olhei pro Ryan e ele assentiu sério. Andamos até lá e eu fechei o punho com ódio, meu coração acelerou. Apesar de toda raiva que eu sentia da Lorena, eu só queria vê-la e me certificar que ela estava bem e meus filhos também. Cheguei perto da casa e Ryan desacelerou o passo ficando atrás de mim. A mulher se aproximou com um sorriso no rosto um pouco forçado.

 

- Posso ver o seu convite?

- O meu convite? – sorri de canto debochado. Eu estava no lugar certo e sim, eu tinha um convite para isso.

 

Coloquei a mão no bolso e puxei o convite segurando-o entre os dedos e entreguei para ela que pegou um pouco sem jeito e se certificou que de fato era o convite.

 

- Pode entrar, só seguir esse corredor e você verá uma porta de vidro que dá acesso a cerimônia. – sorriu forçando simpatia e eu saí entrando apenas a ouvindo concluir a frase enquanto eu já estava de costas.

 

Colocar All Back – Chris Brown

 

“Se eu tivesse um momento eu capturaria esse momento. Você estaria bem aqui perto de mim. Se eu tivesse o segredo, o segredo do seu amor, eu guardaria o tesouro embaixo do meu coração. Trancaria nosso amor e jogaria a chave fora, eu nunca iria desistir porque eu era só um bobo, um bobo por você quando eu te amei tão infantilmente.”

 

Não entrei na casa como ela indicou. Contornei toda a casa pela esquerda ouvindo vozes vindo a minha distância e cada passo que eu dava eu estava mais próximo. Meus olhos fitaram todas aquelas pessoas sentadas e de repente elas se levantaram olhando para trás. Parei atrás de algumas pessoas que estavam em pé achando que elas haviam notado a minha presença, mas elas olhavam outra direção e mantinham sorrisos falsos no rosto. Franzi o cenho seguindo os olhares das pessoas e meus olhos viram o seu rosto de perfil atravessando o gramado enquanto seu olhar triste parecia olhar as pessoas um pouco assustada. 

Minha Lorena. Ela estava ali tão próxima de mim. O mundo parou de girar, tudo ficou preto e branco e apenas ela reluzia em cores para mim. Minha visão embaçou e eu senti que as lágrimas queriam descer, não me preocupei em secá-las. Eu achei que nunca mais veria esse corpo, esse rosto. Pensei que teria que viver todo dia da minha vida como se ela estivesse morta, como se eu não tivesse chance de vê-la outra vez.

 

“E eu quero tudo de volta, eu quero tudo, eu quero tudo. Garota, eu quero tudo de volta, eu quero tudo de volta. Eu quero tudo, eu quero tudo, garota, eu quero tudo. Você nunca sente falta das coisas boas até que elas se vão, eu quero tudo, agora eu quero tudo de volta.”

 

Lorena caminhava lentamente enquanto eu sentia cada pedaço de mim desfalecer.  Agora ela estava de costas com um longo vestido branco, dando passos calmos, indo em direção a um cara que não era eu. Senti a garganta secar. Meus joelhos fraquejaram e senti como se alguém invadisse meu peito e apertasse meu coração. Senti o vento tocar meus lábios entreabertos secando-os. Ela não podia ter coragem de fazer aquilo com nós dois, com tudo que vivemos. Meus olhos seguiram seus passos, e mordi os próprios dentes enrijecendo o maxilar. Por um segundo me senti um idiota por estar ali. O que eu estava fazendo? Assim que recebi a notícia, vim atrás dela sem ao menos pensar no quão insano e pedante isso seria. Mas tudo bem. Chaz tinha um sorrisinho besta nos lábios que em breve teria seu fim.

 

“Se há um sinal verde e ele começar a ficar amarelo. É melhor se apressar, porque eu sei que seu coração está ficando vermelho. Se eu tivesse o minuto, eu o transformaria em horas e faria amor com a sua mente e não com o seu corpo.”

 

 

Não conseguia tirar os olhos da Lorena. Não conseguia tirar meus pés do chão. Não me lembrava de quanta bebida eu havia ingerido pelo caminho pra poder aguentar a pressão da minha mente apitando que aquilo seria uma cena ridícula, mas eu estava aqui disposto a fazer a mulher da minha vida me ouvir. Ela tinha que me ouvir! Ela tinha que voltar pra mim. Meu corpo todo estava rígido diante aquela cena, por um instante senti meu coração apertar, mas não podia desistir. Estava tudo errado e eu estava aqui pra consertar essa merda. O padre falava algo que ela parecia não prestar atenção. Ela olhava em outra direção com a cabeça um pouco abaixada e me preocupei em olhar para onde ela estava olhando. Pareciam que meus olhos estavam mentindo para mim.  Alice e Chuck estavam ali, meus pequenos estavam ali. Como haviam crescido! Sorri involuntariamente enquanto minha respiração ficava ofegante. Pela primeira vez em tanto tempo eu estava respirando aliviado.

 

- Ryan. – sibilei sabendo que ele me ouviria pelo ponto.

- Fala. – sua voz saiu em meu ouvido.

- Meus filhos estão aqui, eu estou vendo eles. Eles estão aqui. – falei eufórico tentando manter o tom baixo para que ninguém me ouvisse.

 

Toda a ruptura que havia se formado em meu coração ao ver Lorena vestida de noiva pra casar com Chaz havia sumido, eu estava fitando meus dois filhos e nada mais podia me fazer ficar triste. Aquilo me dominou como uma injeção de ânimo. Ouvi uma risada fraca do Ryan pelo ponto.

 

- Vai buscar o que é teu, parceiro e traz esses molequinhos pra cá. Da um ponto final nessa palhaçada toda aí. – falou brincalhão e eu levei minha mão a boca sem acreditar que eles estavam ali.

 

“Eu era só um bob, um bobo por você que não sabia o que tinha até te perder. Agora, a cada momento que você não está aqui é evidente para mim que tudo parece tão claro.”

 

Olhei para os dois ainda maravilhado, não conseguia pensar. De repente, Alice ergueu o rosto e sem motivos olhou para minha direção. Seus olhinhos me olhavam como se me analisassem. Mesmo que muitas pessoas estivessem na minha frente, ela me enxergava um pouco escondido pela sombra. Parecia me reconhecer, parecia saber que eu era seu pai. Meu peito se aquietou mais. Minha pequena, você não sabe quantas noites eu sonhei com você, nunca imaginei que você estivesse tão bonita. Sorri deixando as lágrimas caírem e Alice abriu um sorriso sem mostrar os dentes olhando para minha direção. Estava como uma princesa naquele vestidinho branco, mas eu hei de ver você vestida assim outra vez, minha princesa. Mas dessa quando eu pegar essa cabeçuda da sua mãe e arrastar ela até o altar. Uns cochichos começaram me tirando a atenção de Alice.

 

- Por que ela não responde? – uma mulher cochichou com o marido na minha frente eu encarei os dois sem entender.

 

Franzi o cenho sem entender e fitei Lorena outra vez vendo que todos pareciam esperar uma resposta dela. Eu mal havia prestado atenção no que estava acontecendo, mas certamente estava na hora dela dizer sim. Chaz encarava ela um pouco irritado e Lorena parecia ter os pensamentos em outro lugar. Minhas mãos tremeram. Nem fudendo aquilo iria acontecer. Alice e Chuck me deram toda a coragem que eu necessitava. Passei a mão na cintura e no mesmo instantes as pessoas falavam algo um pouco mais aliviado. Eu não podia ouvir o que acontecia entre eles, mas pelo sorriso do Chaz ela havia dito sim. Peguei a arma. O sangue corria quente, já estava na hora de acabar com aquela palhaçada. Já estava na hora de colocar cada coisa em seu lugar e colocar Chaz no lugar dele seria um divertimento para mim.

 

- Há alguém aqui que é contra essa união? Fale agora ou cale-se para sempre. – o padre falou para que todos ouvissem e eu engatilhei a arma saindo de onde eu estava e parei no centro do tapete branco que haviam estendido no chão. Era hora de começar o show.

 

- Eu. – falei sério e em alto e bom som fazendo todos virarem o rosto para mim, inclusive Lorena.

 

 

 

 

• Página inicial
• English Version
• Primeira Temporada
• Segunda Temporada
• Terceira Temporada
  • Fale Agora Ou Cala-se Para Sempre
  • What Make Me Feel Good
  • My Hero
  • That's My Promise
  • Eu Ainda Estou Aqui
  • Complicated
  • Family
  • Like The Old Times
  • Isso é Um Pouco do Meu Amor Por Você
  • Girl On Fire
  • Watch Me Burn
  • I've Hurt Myself By Hurting You
  • You Are Perfect To Me
  • He's Not Alone
  • At Last
  • Tudo estaria pior sem você
  • Happy Bday
  • Take Me Away
  • Yes, I Do
  • Love Me Like You Do
  • Preciso Que Ela Não Esteja Aqui
  • Vingança
  • She is...
  • Dangerous Love
  • Exploding
  • Seja você mesma
  • Who Are You?
  • It Kills Me
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